Realizou-se ontem à noite, no plenário da Câmara de Vereadores, reunião, promovida pelo legislativo, para avaliar a escalada da violência em Luís Eduardo. Apesar do Conselho Comunitário de Segurança ter tomado uma série de providências, locando carros, providenciando material, consertando carros e motos já existentes, os recursos humanos nas polícias civil e militar permanecem abaixo da expectativa. Ao ponto do delegado José Resende ter avisado: se permanecer só com um agente de polícia e um escrivão, não poderá acolher presos no final de semana em caso de flagrante delito.
Eder Fior, presidente da Câmara, lamentou que, na hora em que a Comarca mais necessita, o Tribunal de Justiça tenha resolvido sacar dois juízes de Luís Eduardo, retornando-os às suas comarcas de origem. E até fez passar um abaixo assinado, que vai levar ao presidente do Tribunal de Justiça. Lamentou ainda a ausência do Ministério Público na Comarca.
– “A sensação de impunidade dos criminosos paira sobre Luís Eduardo”, diz o vereador. “Precisamos juízes que sentenciem, um juiz com a caneta pesada”.
Eder Fior ressaltou ainda a importância de alugar um prédio para uma nova delegacia, reservando o prédio ora usado exclusivamente para a detenção.
A análise do Capitão Gama, comandante da PM, também não foi otimista: “Podemos dobrar a produtividade, prendendo mais. Mas aí como a Delegacia de Polícia vai abrigar esses presos e instaurar os inquéritos, sem espaço e sem gente”?
José Resende afirmou, por outro lado, que a Bahia tem 4.000 policiais civis, mas que precisa 12 mil. A longa análise de Resende, que chegou a afirmar que os problemas de segurança não estão apenas no aparelho repressor: “Como se investe mais de 1 bilhão de reais para o Bolsa Família, quando se poderia aplicar essa mesma quantia em escola integral, em mais educação, mais alimentação?”
O prefeito Humberto Santa Cruz afirmou que as palavras de José Resende exigem um momento de reflexão e ratificou: “Não quero abrir mão da prerrogativa de servir de elo de ligação da comunidade com o Governo do Estado. Vou continuar meu trabalho de bater na porta para conseguir alguma coisa” E lamentou a constatação que a cidade tem, cada vez mais, um índice crescente de desigualdade social. “ Temos que deixar de ser a cidade do Agronegócio, com cada vez menos empregos e quase sempre temporários, para nos tornar a cidade da Agroindústria, com mais empregos e sustentabilidade social”.
