Histórias gaúchas: Mário Bagual

Na década de 50 o contrabando corria solto, como sempre, na fronteira gaúcha. Pneus e farinha eram as pedras da vez. Comprava-se baratinho do lado de lá, embarcava num forzinho de 6 toneladas e se mandava pelo que hoje é a BR-290, que atravessa o Rio Grande do Sul de lado a lado. Um dos problemas era a passagem da barca do rio Santa Maria, em frente à cidade de Rosário do Sul, onde a polícia civil dava plantão, para não deixar passar nada. Nada que não tivesse uma boa propina, é lógico. Naquela época uma das notas de maior valor era a de 50 cruzeiros, que trazia a efígie de Floriano Peixoto.

Pois o Mário Bagual, policial falquejado nas hostes dos antigos inspetores de quarteirão, estava de plantão naquela noite na balsa do Santa Maria. Alta madrugada, encosta o fordinho de um velho contrabandista, malandro como tal. Mário vai em cima e pede as notas da carga. O contrabandista, não as tinha, mas conhecendo os esquemas da polícia, vai logo alcançando uma nota de 50. Ao que Mário Bagual, solene, com ar circunspecto, examinando a nota, sentencia:

– Muito bem seu Floriano Peixoto, pode seguir viagem!

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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