O líder do Parlamento iraniano, Ali Larijani, disse na manhã de hoje (23) que o acordo sobre a troca de urânio por combustível nuclear patrocinado pelo Brasil e pela Turquia será interrompido se os Estados Unidos praticarem “ação aventureira” no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ou no Senado norte-americano. A informação é da Irna, agência oficial de notícias do Irã.
O porta-voz referia-se à possibilidade de o Conselho aprovar novas sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear. Larijani disse que a movimentação dos Estados Unidos no Conselho “destrói os resultados de todo o esforço feito pelo Brasil e pela Turquia em defesa da troca”.
Referindo-se à resolução apresentada pelos Estados Unidos que propõe novas sanções econômicas contra o Irã, o líder afirmou que o Parlamento poderá reconsiderar a cooperação entre o país e a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), caso elas sejam aprovadas. Segundo Larijani, o país aceitou a intermediação da Turquia e do Brasil em respeito a “dois países amigáveis”.
No dia 17, Brasil, Turquia e Irã firmaram o Tratado de Teerã, no qual o Irã aceita enviar 1,2 mil quilos de urânio enriquecido a 3,5% para serem depositados na Turquia e receber, no prazo de até um ano, 120 quilos de urânio enriquecido a 20%. O produto pode ser usado em pesquisas e procedimentos médicos, mas não oferece condições de uso militar como, por exemplo, a fabricação de uma bomba atômica, processo que necessita de urânio enriquecido a mais de 90%.
Hoje, o governo do Irã deve enviar à Agência Internacional de Energia Atômica e ao Conselho de Segurança da ONU uma carta explicando em detalhes os termos do acordo firmado com o Brasil e a Turquia. A carta é o primeiro documento oficial iraniano tornando públicas as intenções do presidente Mahmoud Ahmadinejad de realizar a troca sem a imposição de qualquer exigência.
Na sexta-feira passada (21), o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que está à disposição do chamado Grupo de Viena – Estados Unidos, Rússia, França e a própria agência atômica – em favor das negociações. “Se eles acharem que podemos ajudar, estamos dispostos [a contribuir]”. Por Luiz Antônio Alves, repórter da Agência Brasil.
