
Um fenômeno apelidado pelos produtores de “soja louca II” está desafiando os pesquisadores. Lavouras do Mato Grosso foram as mais afetadas na última safra. Mas o problema foi registrado em todos os Estados produtores do grão.
Nas fotos tiradas em lavouras do Mato Grosso é possível perceber que as plantas não amadurecem e por isso não fecham o ciclo vegetativo. Também há relatos de alto índice de abortamento de flores e vagens. Por isso os agricultores apelidaram o problema de “soja louca II”.
A “soja louca I” foi identificada como sendo provocada pelo ataque de um percevejo verde em condições climáticas específicas. A “soja louca II” ainda desafia os estudiosos. A Embrapa e outras instituições de pesquisa fizeram um parceria com a Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso. O grupo vai fazer um mapeamento do problema em busca de respostas.
Há casos em que produtores de uma mesma região perderam entre 100 e 200 hectares cada. O desequilíbrio ambiental pode explicar a anomalia, mas um tipo de ácaro também está associado à “soja louca II”. O pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, diz que pode levar anos para se descobrir a causa. Por isso, ele dá um conselho que considera básico: atenção redobrada no manejo, sem abusar dos produtos químicos.
– Como não há controle já conhecido, nós pedimos calma. E também é muito melhor começar manejando adequadamente o solo porque existe um consenso de que provavelmente são várias causas e, mesmo que for o ácaro, é porque existe um desequilíbrio. Então vamos tratar esse desequilíbrio. Provavelmente ele está ligado às condições de manejo do solo, da palha e da planta daninha.
O que está faltando mesmo é rotação de culturas e plantio direto. Nematóides, mofo branco, ferrugem, ácaros. De nada adiantam pousios de dois meses. São soluções paliativas. Só que o binômio soja/milho está extinto no País por falta de preços e de mercado da gramínea. O Governo Federal gosta disso, pois o milho é a fonte de frango barato, alegria das famílias de baixa renda.

Claro que isto é fruto do uso desenfreado de sementes geneticamente modificadas.