
O presidente Lula concede, no apagar das luzes do seu governo, uma gorjeta para os dirigentes reconstruírem a sede da União Nacional dos Estudantes, destruída durante a ditadura. Valor da benesse: R$44,6 milhões. A página de honra e louvor com que a UNE escreveu nos anos 60 é agora rasgada pela caridade do poder. A UNE deveria abrir mão do dinheirinho e construir uma escola na zona norte do Rio. Não se apagaria assim a figura da resistência democrática dos estudantes aos esbirros da ditadura, alguns pagando com sua própria vida a ousadia de protestarem contra a falta de bases democráticas dos governos militares. Não foram poucos os que foram presos, torturados e humilhados pelo Comando de Caça aos Comunistas – CCC, força para-militar que tentou acabar com a resistência dos estudantes até meados dos anos 70.
O maior relevo dessa atitude do Governo, referendada pelo Senado, é que se busca manter a UNE fiel ao regime vigente, sem os perigos oriundos de levantes populares como aquele que derrubou Collor nos anos 90.

