Cavalos não são sacrificados?

Horace McCoy escreveu uma das obras de destaque da literatura norte-americana, “Mas não se mata cavalo?”, onde faz uma referência ao sacrifício de animais impossibilitados de prosseguir sua jornada, comparando-os aos sacrificados nas infindáveis maratonas de dança que se tornaram moda nos anos 30, nos Estados Unidos. Casais dançavam até desmaiar, procurando ganhar uns trocados, no caso de serem os últimos a resistir.

Sidney Pollack fez, com base na obra, seu maravilhoso “A Noite dos Desesperados”, no final dos anos 60.

De tanto ver multiplicarem-se esses espetáculos de realidade virtual (na vida real tudo é muito mais complicado), em que tipos de conduta moral duvidosa expõem seus anseios e suas carnes flácidas, e de tanto ver como o brasileiro, alienado da vida política nacional, se interessa por isso, chega-se a pensar que, sim, cavalos devem ser mortos em circunstâncias em que a piedade sobrepuje qualquer sentimento.

Homens, apenas devem continuar seu martírio até o desenlace final.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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