Um minuto de silêncio para os poderosos da imprensa.

O quê a sociedade baiana tem de se perguntar sobre o episódio da demissão de um jornalista do jornal A Tarde, o principal do Estado? Jornais importantes do País, como a Folha de São Paulo e os portais Terra e G1 não repercutiram em vão a notícia, inclusive com os seus desdobramentos, como a greve relâmpago de ontem à tarde. As conclusões mais lógicas são que na verdade os verdadeiros patrões dos grandes veículos de comunicação são os anunciantes e os detendores do poder instituído. Manda quem pode e obedece quem quer preservar o emprego.

No entanto, a equação desta relação pode não ser tão simples. Ao agirem pela demissão do jornalista, os empresários voltaram contra si os holofotes do problema, além de chamar a atenção de toda a classe, que, por mais desunida que pareça, sempre se une nos momentos críticos.

Samuel Celestino, presidente da Associação Bahiana de Imprensa, afirmou hoje em seu portal, em artigo assinado, que “a entidade entende que nenhuma força – econômica, política ou social – se impõe sobre os valores maiores dos homens livres.”

Disse mais: “ À frente de tais valores, se agiganta a força da liberdade de imprensa, da livre expressão, do livre dizer, do direito de informar e de ser informado. Em uma síntese, é nesse conjunto de valores que se sustenta a democracia, essência que alicerça os homens iguais.”

A diretoria do jornal A Tarde desmentiu que a empresa jornalística esteja em processo de transferência de controle acionário para os empresários do ramo imobiliário que pressionaram pela demissão do jornalista.

Por outro lado, é bom saber, o que posso testemunhar em 43 anos de trabalho na imprensa, que os governos passam, o arbítrio se extingue, os grandes veículos de comunicação e seus patrões pelegos quebram. A par disso, sempre existirá um jornalista determinado, um jovem sonhador, imbuído dos mais lídimos anseios, que faça valer a verdade de que só a imprensa estabelece o consenso e o aperfeiçoamento da sociedade. Nem os grandes – ou pequenos – títeres do poder e do mercado poderão obstar tal verdade. Ainda mais agora, que a imprensa livre serve-se de ferramentas modernas, sem patronagens comprometidas, que a internet lhe proporciona.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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