Madame Almerinda, sempre fazendo perguntas que não podemos responder.

Madame Almerinda, a pitonisa mais requisitada da rua Irecê, no bairro Santa Cruz, aquela mesma que promete o amor perdido de volta em três dias, nos liga, e adivinho ansiedade em sua voz:

Caro periodista, me consiga o telefone daquele teu amigo, o Sebastião Ferro.

Sebastião Ferro? Não conheço ninguém por este nome!

Conhece sim, aquele que é o chefe das patrolas da Prefeitura.

Ah! A senhora quer dizer Sérgio Verri, o Secretário da Infraestrutura.

Isso, isso.

E o que a senhora deseja com o Sérgio Verri?

É só pra dar a notícia pra ele que a nossa rua aqui no Santa Cruz não existe mais. Foi parar lá no rio das Moças.

Não exagere, madame!

Minha esperança agora é a Cleidi Bosa, muito amiga, vai assumir terça-feira na Câmara, vou pedir pra ela mandar consertar nossa rua.

Pois eu se fosse a Senhora não estaria tão otimista assim, tem gente dizendo que ela não pode assumir.

E quem vai assumir então?

Acho que é a Jaqueline…

A Jaqueline aquela que casou com o Presidente e depois com aquele cara dos navios?

Não, Madame, não é a Jaqueline Onassis, de Boston. Essa é a Jaqueline do Novo Paraná.

Ichi, então não vai dar certo! Outra coisa: e aquele menino muito educado, que usa camiseta pólo por dentro das calças, de óculos, que tem um carro preto e só fala no ACM?

Quem, o Sauro Thiele? Pois estava de férias. Era para chegar hoje a Luís Eduardo. Mas ativo como todo baiano é, acabou perdendo o avião.

Diga pra ele que ainda estou esperando a visita dele. Que ele esteve aqui em casa pedindo voto para um deputado gordinho, aquele Sandro Régis. O sujeito se elegeu e nunca mais apareceu!

Boa noite, Madame, hoje a senhora está com o diabo no corpo.

Acabei desligando o telefone. Essa madame Almerinda ainda me compromete com todos os meus amigos.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

2 comentários em “Madame Almerinda, sempre fazendo perguntas que não podemos responder.”

  1. os sulistas não, perdem uma oportunidade para demostrar o seu preconceito com nos baianos.

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