
Com a iminente saída de Antonio Carlos Magalhães Neto, herdeiro do falecido ACM, do partido Democratas e o anúncio do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de que deverá assinar sua ficha de filiação ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) até setembro deste ano, desmorona sobre suas próprias colunas de sustentação uma agremiação partidária. O prefeito já acertou tudo com o presidente e maior liderança do PSB, Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Kassab cumprirá um roteiro imposto pela legislação: primeiro vai se desfiliar ao DEM, em seguida criará um novo partido e depois promoverá sua fusão ao PSB.
O Democratas hoje é um pedaço do que foi o Partido da Frente Liberal (PFL), que por sua vez foi uma facção do PDS – Partido Democrata Social, fundado para abrigar políticos da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido de sustentação da ditadura militar implantada em 1964. É uma longa trilha de reação a qualquer iniciativa com nuances de uma social democracia no País e foco de resistência à ascensão do PDT, o partido liderado por Leonel Brizola. Os analistas da história política do País dizem que os homens da direita criaram o PT justamente para enfrentar a tendência de esquerdização do PDT. Deu nisto que aí está.
Nesta hora em que todos abandonam o DEM, somente os versos de Augusto dos Anjos para servir de epitáfio ao partido:
“Vês?! Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera. Somente a ingratidão – esta pantera – foi tua companheira inseparável!”
