De Bruno Calixto, da Revista Época.
O Brasil está enfrentando o que pode ser o primeiro grande derramamento de petróleo em águas profundas, com o anúncio de que um poço da Chevron, na Bacia de Campos (RJ), está vazando mais de 300 barris de petróleo por dia.
O vazamento é semelhante ao ocorrido na plataforma da BP Golfo do México em 2010, mas em uma dimensão bem menor, e não houve explosões ou mortes. Segundo a Chevron, o problema está em uma fenda, e não na plataforma. A empresa anunciou o fechamento do poço e espera controlar o vazamento nos próximos dias.
Em nota, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) estimou que o vazamento pode chegar a 330 barris por dia, o que significa mais de 50 mil litros de petróleo. Mas organizações ambientalistas como o Greenpeace estão divulgando uma estimativa que indica que o dado pode estar subestimado. O cálculo foi feito pelo blogSkyTruth, mantido pelo geógrafo John Amos, especializado em interpretação de fotos de satélite (como a que esta acima, feita pela da Nasa, a agência espacial americana, e usada por Amos), e indica que o derramamento pode ser até dez vezes maior.
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Amos disse ao jornal The Washington Post que o vazamento levanta novas questões sobre os riscos da exploração de petróleo em águas profundas. O geógrafo foi um dos primeiros a analisar o tamanho do vazamento no Golfo do México em 2010. O seu cálculo não é oficial, e pode não ser preciso, já que foi feito apenas com as fotos da Nasa, mas ele evidencia a falta de transparência de como o caso vem sendo tratado pela ANP. O derramamento aconteceu no dia 8, mas apenas na terça-feira (15) a agência fez um comunicado oficial do caso, responsabilizando a Chevron pelo vazamento. Segundo a ANP, a causa do vazamento ainda é desconhecida.
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A Polícia Federal vai instaurar inquérito para apurar o vazamento. Segundo a delegacia do Meio Ambiente da PF, se for comprovada culpa, os operadores da plataforma poderão ser indiciados por crime de poluição, com pena prevista de até três anos de reclusão e multa.
