Enquanto os produtores de soja do Sul esperam pela chuva, os de Mato Grosso -o principal Estado produtor- querem distância dela.
Os interesses são diversos porque as lavouras do Sul estão em fase de floração, quando as plantas necessitam de água. Já em Mato Grosso os produtores levam as máquinas ao campo para o início da colheita.
Uma chuva por dois a três dias inibiria o ritmo da colheita dos que semearam a soja superprecoce ou precoce. A colheita tem de ser rápida para o plantio de algodão ou de milho safrinha na sequência.
“Por enquanto, não temos um clima adverso na região. Apenas problemas pontuais em algumas áreas de produção”, diz Daniel Noronha, gestor do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). Ele destaca a região do médio-norte do Estado, que concentra 40% da produção de Mato Grosso: “Tudo vai muito bem”.
A partir da segunda quinzena deste mês, a colheita se intensifica nas áreas de plantio de soja precoce. Em fevereiro, a colheita será iniciada nas regiões onde foi semeada a soja tardia.
Os dados mais recentes do Imea indicam que 0,4% da área semeada já foi colhida. O Estado plantou 6,98 milhões de hectares -a produção estimada é de 22,12 milhões de toneladas.
Os produtores de Mato Grosso devem ser beneficiados duas vezes neste ano. Não tiveram grandes problemas com o clima e podem vender a soja por valor maior, já que as quebras no Sul do país e na Argentina estão sustentando os preços na Bolsa de Chicago.
Com a estiagem no Paraná e no Rio Grande do Sul, algumas previsões já indicam que a safra de soja não será recorde neste ano.
Números apurados ontem pela Reuters no Sul apontam 70 milhões de toneladas, ante 75 milhões previstos inicialmente. Alguns analistas dizem, no entanto, que ainda é cedo para estimativas. Se houver chuva nas próximas semanas no Sul, a perda seria menor. Da Folha de São Paulo.

