O carnaval não é coisa de país sério.

Fora de um dinheirinho mal havido por comerciantes exploradores, o que sobra deste tal de carnaval? Mortos, feridos, intoxicados, contaminados por doenças venéreas e AIDS, além das manchetes do tipo “a alegria aqui não tem hora para acabar”, chavões de quinta categoria que depõem contra a imprensa.

Nada justifica o carnaval. Nem o descanso daqueles que beiram a racionalidade e não entram nessas loucuras. Com o prejuízo adicional de se perder uma semana de trabalho, de educação nas escolas, de saúde nos hospitais e de segurança nas ruas da cidade.

O carnaval não é apenas o sepulcro dos bons costumes e da urbanidade. É a última morada da falta de objetividade dos brasileiros, que vivem de uma alegria fantasiosa, fútil, sem reconhecer sua condição de indigência social e moral. Vejam as estatísticas da quarta-feira: mortes, acidentes, gente com todo tipo de fratura, inclusive aquelas morais. Como dizia o presidente francês Charles de Gaulle, o Brasil não é um país sério.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

3 comentários em “O carnaval não é coisa de país sério.”

  1. E VIVA AO CARNAVAL!!!

    “Perfeição
    Legião Urbana

    Vamos celebrar
    A estupidez humana
    A estupidez de todas as nações
    O meu país e sua corja
    De assassinos
    Covardes, estupradores
    E ladrões…

    Vamos celebrar
    A estupidez do povo
    Nossa polícia e televisão
    Vamos celebrar nosso governo
    E nosso estado que não é nação…

    Celebrar a juventude sem escolas
    As crianças mortas
    Celebrar nossa desunião…

    Vamos celebrar Eros e Thanatos
    Persephone e Hades
    Vamos celebrar nossa tristeza
    Vamos celebrar nossa vaidade…

    Vamos comemorar como idiotas
    A cada fevereiro e feriado
    Todos os mortos nas estradas
    Os mortos por falta
    De hospitais…

    Vamos celebrar nossa justiça
    A ganância e a difamação
    Vamos celebrar os preconceitos
    O voto dos analfabetos
    Comemorar a água podre
    E todos os impostos
    Queimadas, mentiras
    E seqüestros…

    Nosso castelo
    De cartas marcadas
    O trabalho escravo
    Nosso pequeno universo
    Toda a hipocrisia
    E toda a afetação
    Todo roubo e toda indiferença
    Vamos celebrar epidemias
    É a festa da torcida campeã…

    Vamos celebrar a fome
    Não ter a quem ouvir
    Não se ter a quem amar
    Vamos alimentar o que é maldade
    Vamos machucar o coração…

    Vamos celebrar nossa bandeira
    Nosso passado
    De absurdos gloriosos
    Tudo que é gratuito e feio
    Tudo o que é normal
    Vamos cantar juntos
    O hino nacional
    A lágrima é verdadeira
    Vamos celebrar nossa saudade
    Comemorar a nossa solidão…

    Vamos festejar a inveja
    A intolerância
    A incompreensão
    Vamos festejar a violência
    E esquecer a nossa gente
    Que trabalhou honestamente
    A vida inteira
    E agora não tem mais
    Direito a nada…

    Vamos celebrar a aberração
    De toda a nossa falta
    De bom senso
    Nosso descaso por educação
    Vamos celebrar o horror
    De tudo isto
    Com festa, velório e caixão
    Tá tudo morto e enterrado agora
    Já que também podemos celebrar
    A estupidez de quem cantou
    Essa canção…

    Venha!
    Meu coração está com pressa
    Quando a esperança está dispersa
    Só a verdade me liberta
    Chega de maldade e ilusão
    Venha!
    O amor tem sempre a porta aberta
    E vem chegando a primavera
    Nosso futuro recomeça
    Venha!
    Que o que vem é Perfeição!.”
    Se posso chamar de resumo, resume todo esse “circo”!

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