Partidos políticos já foram agremiações sérias.

Maragatos em 1923, sob o comando de Honório Lemes, o “Leão do Caverá”.
Joaquim Francisco de Assis Brasil, o chefe político da Revolução de 1923, maragato de cruz na testa.

Houve um tempo, quando as idéias eram defendidas nos campos de batalha, em que partidos políticos foram associações cívicas de fato, com ideário e membros imutáveis.

Tive exemplo em casa: meu avô, Murilo dos Santos Sampaio, e meu pai, Ubirajara dos Santos Sampaio, nasceram e morreram nas hostes do Partido Libertador, parlamentaristas e sempre oposicionistas. Quando meu avô morreu, durante o velório, um gaiato e puxa-saco do Golpe de 64, depositou uma bandeira da ARENA sobre o caixão e sobre a bandeira do Partido Libertador. O ato insano não durou 10 segundos. O gaiato foi expulso do velório e levou junto com ele, enfiada em lugar incerto e não sabido, a bandeira espúria. O manto sagrado dos libertadores, junto com o lenço colorado, acompanhou o líder revolucionário de 23 à tumba. Me acostumei a visitar meu avô, ainda menino, e, mesmo em casa, ele recebia correligionários e familiares, sempre com o lenço vermelho no pescoço.

Aos sábados, a Rádio Cruz Alta transmitia o programa do Partido Libertador, que começava com o hino do Partido e o eslogan: “Uma vez maragato, maragato até morrer”. 

Mesmo depois da renovação partidária, meu pai, sempre que questionado sobre seu partido respondia: “Nasci maragato e vou morrer maragato”. As gaiatices que se fazem hoje com partidos políticos passam longe daquilo que a história nos ensinou.

Avatar de Desconhecido

Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre “Partidos políticos já foram agremiações sérias.”

  1. Maragato:habitante da região histórico-cultural de Espanha chamada ´La Maragateria

    Maragato:colonizadores espanhóis do Uruguai, no Departamento de San José, especialmente da cidade de San José de Mayo

    Maragato :federalista e parlamentarista, contrário ao governo da época na Revolução Federalista em 1893 e na Revolução de 1923 do Rio Grande do Sul; a partir de 1928, também aplicou-se aos membros do Partido Libertador.
    Maragato:

    ¿Qual de todos caro Sampaio? jeje. Explique-se melhor que muitos dos seus com-ciudadaos no sabem a diferemça..

    Nota da Redação:
    O líder militar da revolução de 1893 foi Gumercindo Saraiva (ou Saravia como se dice allá). Era filho de pai uruguaio e mãe brasileira. O Pai era descendente dos maragatos da Maragataria. Junto com ele, Gumercindo, vieram muitos uruguaios e daí a denominação se generalizou.
    Gumercindo foi baleado por um franco atirador, quando voltava do cerco da Lapa (PR), perseguido pelo Exército. Morreu 4 ou 5 dias depois, em Santo Antonio das Missões e foi enterrado lá.
    Quando o Exército chegou a Santo Antonio, violou o túmulo e degolou o corpo, enviando a cabeça numa caixa de chapéus ao presidente da Província, Julio de Castilhos.
    Castilhos tinha fina educação (advogado), com vivência na Europa. Horrorizou-se com a notícia. Mandou prender o Major na estação de Santa Maria. Preso, o major foi aconselhado a retornar às suas tropas na fronteira com a Argentina e levar com ele o pacote macabro.
    Dizem que ele jogou a cabeça do trem no trecho entre Santa Maria e Cruz Alta, uma região sujeita a devastadores tornados de primavera. Conta a lenda que estes tornados são produzidos por Gumercindo, que volta da eternidade para procurar sua cabeça.
    Quer um pouco mais de história, Gepetto?

Deixe um comentário