

Houve um tempo, quando as idéias eram defendidas nos campos de batalha, em que partidos políticos foram associações cívicas de fato, com ideário e membros imutáveis.
Tive exemplo em casa: meu avô, Murilo dos Santos Sampaio, e meu pai, Ubirajara dos Santos Sampaio, nasceram e morreram nas hostes do Partido Libertador, parlamentaristas e sempre oposicionistas. Quando meu avô morreu, durante o velório, um gaiato e puxa-saco do Golpe de 64, depositou uma bandeira da ARENA sobre o caixão e sobre a bandeira do Partido Libertador. O ato insano não durou 10 segundos. O gaiato foi expulso do velório e levou junto com ele, enfiada em lugar incerto e não sabido, a bandeira espúria. O manto sagrado dos libertadores, junto com o lenço colorado, acompanhou o líder revolucionário de 23 à tumba. Me acostumei a visitar meu avô, ainda menino, e, mesmo em casa, ele recebia correligionários e familiares, sempre com o lenço vermelho no pescoço.
Aos sábados, a Rádio Cruz Alta transmitia o programa do Partido Libertador, que começava com o hino do Partido e o eslogan: “Uma vez maragato, maragato até morrer”.
Mesmo depois da renovação partidária, meu pai, sempre que questionado sobre seu partido respondia: “Nasci maragato e vou morrer maragato”. As gaiatices que se fazem hoje com partidos políticos passam longe daquilo que a história nos ensinou.

Maragato:habitante da região histórico-cultural de Espanha chamada ´La Maragateria
Maragato:colonizadores espanhóis do Uruguai, no Departamento de San José, especialmente da cidade de San José de Mayo
Maragato :federalista e parlamentarista, contrário ao governo da época na Revolução Federalista em 1893 e na Revolução de 1923 do Rio Grande do Sul; a partir de 1928, também aplicou-se aos membros do Partido Libertador.
Maragato:
¿Qual de todos caro Sampaio? jeje. Explique-se melhor que muitos dos seus com-ciudadaos no sabem a diferemça..
Nota da Redação:
O líder militar da revolução de 1893 foi Gumercindo Saraiva (ou Saravia como se dice allá). Era filho de pai uruguaio e mãe brasileira. O Pai era descendente dos maragatos da Maragataria. Junto com ele, Gumercindo, vieram muitos uruguaios e daí a denominação se generalizou.
Gumercindo foi baleado por um franco atirador, quando voltava do cerco da Lapa (PR), perseguido pelo Exército. Morreu 4 ou 5 dias depois, em Santo Antonio das Missões e foi enterrado lá.
Quando o Exército chegou a Santo Antonio, violou o túmulo e degolou o corpo, enviando a cabeça numa caixa de chapéus ao presidente da Província, Julio de Castilhos.
Castilhos tinha fina educação (advogado), com vivência na Europa. Horrorizou-se com a notícia. Mandou prender o Major na estação de Santa Maria. Preso, o major foi aconselhado a retornar às suas tropas na fronteira com a Argentina e levar com ele o pacote macabro.
Dizem que ele jogou a cabeça do trem no trecho entre Santa Maria e Cruz Alta, uma região sujeita a devastadores tornados de primavera. Conta a lenda que estes tornados são produzidos por Gumercindo, que volta da eternidade para procurar sua cabeça.
Quer um pouco mais de história, Gepetto?