Garotinho denuncia lavagem de dinheiro e quer instaurar a CPI das Loterias

Garotinho quer envolver o Governo na CPI, que tangencia, de longe, o problema das lavagem de dinheiro no País.
Garotinho quer envolver o Governo na CPI, que tangencia, de longe, o problema das lavagem de dinheiro no País.

O deputado Anthony Garotinho fez grave denúncia na tribuna da Câmara Federal, propondo a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Caixa Econômica Federal:

“Encontro no dia 7 de maio com o Senhor Gilson César Pereira Braga, Superintendente Nacional de Loterias da Caixa Econômica Federal, revelou que minha intuição estava correta. Na conversa, mostrei-lhe números que pareciam surreais: um apostador que ganhou 550 vezes na loteria, outro que ganhou 327 vezes, ou – o mais incrível de todos – um cidadão agraciado com 107 prêmios da loteria, em sete modalidades diferentes, em vários estados da Federação e no mesmo dia! Diante desses absurdos, ouvi do superintendente uma resposta que, francamente, jamais poderia imaginar receber: “Ou eles têm muita sorte, ou fazem muitos jogos”.
Ainda insisti, com perplexidade, em confirmar se esses dados seriam verdadeiros. Sim, são verdadeiros, as suas informações estão corretas, respondeu o Senhor Gilson Braga. Cabe notar, fato que deixei claro na conversa, que o cálculo matemático encomendado por mim aponta que a probabilidade de uma pessoa ganhar na loteria, jogando três cartões toda semana, é de uma vez em 400 anos. Não é, portanto, razoável acreditar que pessoas tivessem vencido prêmios mais de 500 vezes!

Apesar de demonstrar segurança e de afirmar que as Loterias da CEF são submetidas a rigorosos critérios de controle, o Superintendente de Loterias não me convenceu. Acho que nem a mim, nem a milhões de brasileiros que fazem todos os dias suas apostas nas Loterias da Caixa. De acordo com dados da própria instituição, retirados da publicação A Sorte em Números 2012, só no ano passado o volume de vendas das Loterias Federais – considerando todas as dez modalidades – totalizou R$ 10,49 bilhões, os quais representaram a possibilidade de realização dos sonhos de milhares de apostadores.

Por essa razão, além de enviar requerimentos de informação ao COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras e à própria Caixa Econômica Federal, vamos mobilizar o maior número de assinaturas para instalar, com urgência, na Câmara Federal, a CPI das Loterias da Caixa.
É melhor investigar que acreditar em tanta sorte!”

O que Garotinho diz não acreditar, mas está claro desde a remota CPI dos Anões do Orçamento, é que as “pessoas de sorte” geralmente compram os volantes premiados, pagando ágios de até 7% sobre o prêmio recebido. E pagam gordas comissões aos agentes lotéricos, que vão de 1 a 2% do valor dos prêmios  Assim, comprovariam a entrada do dinheiro em seus caixas pessoais, lavando dinheiro sujo de outras origens, como o jogo do bicho, tráfico e corrupção.

Parece não existir fraudes nos sorteios. O que existe são ouvidos moucos e olhos poucos, por parte das autoridades tributárias, para a chamada Lavanderia Brasil.

Se entende que Garotinho queira trazer os ganhadores à CPI os lavadores de dinheiro, entre os quais deve ter alguns inimigos políticos. É gente da pesada, que não mede esforços para remover obstáculos. Se Garotinho conseguir assinaturas suficientes para a instalação da Comissão, é candidato certo a uma bala perdida.

Veja a intervenção de Garotinho, à tribuna, sobre a instalação da CPI:

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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