Daniele Barreto, advogada e blogueira de política, conta, em sua coluna “Política à Flor da Pele”, uma história deliciosa, de como uma ministro do TCU envelheceu na hora da aposentadoria e depois ficou 2 anos mais moço na hora de assumir aquela Corte:

“Era uma vez um senhor chamado Raimundo Carreiro. Ele era Secretário geral do Senado, quando em março de 2007 apresentou uma identidade na qual constava que ele nasceu em 1946 e tinha 60 anos, podendo aposentar-se pela Casa. A aposentadoria se deu com salário integral – a remuneração bruta alcança hoje R$ 44 mil (sim, senhores, eu não repeti o “4″ equivocadamente nãoooo… são R$ 44 mil mesmooo).
Em seguida ele foi nomeado Ministro do Tribunal de Contas da União – para quem não sabe, o TCU é aquele lugar para onde vão os políticos de grande projeção nacional depois que morrem, ops, depois que “deixam de exercer cargos eletivos” (em regra, por terem perdido eleições e terem sido expulsos da vida pública pelo povo) e para onde vão todas aquelas pessoas que ao longo de suas vidas de TUDO fizeram para prestar “grandissíssimos” favores a “grandissíssimos” picaret… ops, a políticos. O cargo de Ministro do TCU é para sempre, o cara só sai do cargo com a aposentadoria compulsória aos 70, independente de quantos anos passar lá dentro… Diz a lenda que o TCU é um lugar cheio de “malaca” (mas eu discordo do lendário popular – escrevi que discordo só pra não ser processada)!
Depois que chegou no Tribunal, nosso protagonista Raimundão foi à Justiça provar que a identidade dele era falsa, ops, era “equivocada” e que na verdade ele nasceu em 1948 (e não em 1946, como ele havia afirmado quando sua intenção era se aposentar).
Mas aí você me pergunta: porque ele fez isso? Porque seu Raimundo quer provar que nasceu – supostamente – dois anos depois do que ele disse que nasceu? Será a aposentadoria revista? Devolverá, Raimundo, dinheiro aos cofres públicos?
Respondendo:
* Não há indícios de que a aposentadoria será revista e ele nunca, jamais, devolverá nada – nem se cogita isso.
A intenção de Raimundão de agora provar que é dois anos mais novo é porque aos 70 ele é obrigado a se aposentar compulsoriamente do TCU. E ninguém quer perder essa mamata, ops, esse nobre e relevante cargo cuja importância social é inestimável. #SóQueNão
Vejam:
Se ele nasceu 2 anos antes, é 2 anos mais novo e vai demorar dois anos a mais pra fazer 70 anos… e vai ficar 2 anos a mais como Ministro do Tribunal. Além de se manter no alto cargo, Rai (já estou solidária e íntima porque eu também minto minha idade; no meu caso, minto por motivos de: SOU MULHER!) vai ficar mais tempo no órgão e esse tempo será suficiente para ele conseguir assumir a presidência do TCU. Como presidente, ele vai administrar a estrutura da corte – com um orçamento anual de R$ 1,5 bilhão (êêêê, lelê… festa boa, heim, Raimundão?!) – e terá agenda composta de negociações políticas e viagens internacionais (vale lembrar que o presidente não relata nem julga processos; a elaboração da sua agenda fica a seu critério… resumindo: o cara não precisa “trabalhar” e tem viagens, jantares e tudo o mais pago pelos cofres públicos… entendeu o que é “Presidente do TCU” ou quer que eu explique melhor?).
O pedido de Raimundo já foi deferido pela justiça. A decisão que o “rejuvenesceu” foi obtida na Comarca de São Raimundo das Mangabeiras, município do interior do Maranhão (ahhhh, o Maranhão, sempre nos brindando com políticos de grande serventia e que muito nos ensinam sobre a vida) em que cresceu, foi vereador e se tornou influente.
Moral da história:
Malandro é malandro e mané é mané! (os “manés”, no caso, somos nós que pagamos a conta dessa bandalheira toda).

