A consultoria Safras e Mercado divulgou nesta sexta, dia 25, no Canal Rural, um novo levantamento para a próxima safra brasileira de soja, milho, algodão, arroz e feijão. As projeções fazem parte da pesquisa de intenção de plantio.
Soja
A área a ser plantada com soja na temporada 2014/2015 deverá crescer 4% na comparação com 2013/2014, ocupando 31,213 milhões de hectares. Se o aumento for confirmado e contando com clima favorável, a produção brasileira na próxima temporada deverá bater recorde, somando 94,451 milhões de toneladas, com crescimento de 9% sobre o total colhido em 2013/2014, de 86,623 milhões de toneladas.
A tendência de aumento na área a ser plantada está baseada na comercialização com preços remuneradores da safra anterior.
– A soja tende a ganhar área do milho na maior parte dos Estados, devido às condições mais favoráveis em termos de preços – confirma o analista Luiz Fernando Roque.
Ele destaca ainda a opção dos produtores da região Norte em apostar na soja, com áreas novas e também ocupando áreas de pastagem.
– É importante lembrar ainda que, em muitos Estados, a alternativa dos produtores tem sido de diminuir a área de verão do milho e plantar mais do cereal na safrinha. A soja ocuparia este espaço – acrescenta Roque.
Há ainda um sentimento positivo para a produtividade da próxima safra, contribuindo para as expectativas favoráveis em termos de produção.
– O ano é de El Niño, onde normalmente os rendimentos são superiores – completa o analista.
Milho
A área a ser plantada com milho no Brasil na safra de verão 2014/2015 deverá recuar 6,1% na comparação com a temporada anterior, ocupando 5,143 milhões de hectares. Contando com uma produtividade de 5.605 quilos por hectare, acima da obtida no ano passado de 4.880 quilos por hectare, a produção da primeira safra brasileira poderá subir de 26,744 milhões para 28,827 milhões de toneladas, aumento de 8%.
Segundo o analista Paulo Molinari, a confirmação da terceira temporada de queda consecutiva na área de verão é resultado da tendência do produtor de plantar menos milho na primeira safra, preferindo a soja, e cultivar mais milho no inverno, principalmente no Centro-Oeste.
– A relação de preços favorece a soja. Mesmo assim ainda há limitações para um corte maior no plantio do cereal. Algumas regiões têm limitações, pois a área já é baixa. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os preços do milho ainda são bons – diz Molinari.
O levantamento indica uma queda de 1% no plantio da segunda safra, que ocuparia 7,95 milhões de hectares. A produção poderia chegar a 43,5 milhões de toneladas. A safra total brasileira em 2014/2015 está estimada inicialmente em 77,99 milhões de toneladas, contra 75,95 milhões do ano anterior.
– Os custos de produção altos podem afetar nível de tecnologia e os estoques altos de milho pressionam a safra nova – comenta, lembrando de que o El Niño poderá garantir produtividades acima de 2014.
– Além disso, a necessidade de rotação de cultura mantém o milho no verão em algumas regiões – finaliza.
Algodão
Os produtores brasileiros deverão plantar menos algodão na temporada 2014/2015. O levantamento de intenção de plantio indica que a área plantada deverá ficar em 1,109 milhão de hectares, com queda de 4,3% sobre a temporada anterior, quando o plantio ocupou 1,158 milhão de hectares. Se for confirmado o aumento de 4,3% na produtividade, a produção brasileira deverá permanecer praticamente inalterada, em torno de 1,7 milhão de toneladas.
– As expectativas do cotonicultor brasileiro para a situação do algodão a longo prazo não apresenta muitos pontos positivos. A baixa demanda da indústria, somada ao vasto decréscimo nos contratos da pluma em Nova York, gerou queda mais acentuada do que o previsto nos preços brasileiros em busca da competitividade – explica o analista Rodrigo Neves.
Segundo Neves, o aumento dos estoques brasileiros deve ser uma consequência direta deste mercado em queda, fazendo com que estes produtores busquem comercializar em um momento mais interessante financeiramente.
– Os níveis de exportação que já estavam abaixo dos anos anteriores devido à ausência da China, apresentaram mais um viés negativo com a concorrência de preços norte-americanos – completa.
Arroz
A área plantada com arroz no Brasil em 2014/2015 deverá sofrer leve corte de 0,5% na comparação com o ano anterior, passando de 2,452 milhões para 2,440 milhões de hectares. Levando em conta uma produtividade de 5,012 quilos por hectare – 5,036 quilos no ano anterior, a produção brasileira deverá cair 1%, totalizando 12,230 milhões de toneladas. No ano anterior, a safra somou 12,35 milhões de toneladas.
– Este cenário de quase estabilidade de área está influenciado pelos preços atuais, que se encontram maiores comparados com o mesmo período do ano passado – informa o analista João Gimenez Nogueira.
Ele ressalva que alguns Estados, como Santa Catarina, possuem uma tendência de ligeira queda, devido ao receio de que as chuvas atrasem o plantio. Em Tocantins, como ocorreu nos últimos anos, existe uma expectativa de aumento na área plantada e na produtividade, devido à maior utilização da tecnologia nas lavouras do Estado. O Rio Grande do Sul, o maior produtor do cereal no Brasil, com quase 67% do total da produção, deverá apresentar uma queda pouco significativa, atingindo em torno de 1,113 milhão de hectares, devido ao leve aumento dos hectares disponíveis para outras culturas.
Feijão
A área plantada com feijão na primeira safra deverá recuar 13,7% no Brasil em 2014/2015, ocupando 1,006 milhão de hectares. Na temporada anterior, o plantio ficou em 1,166 milhão de hectares. Apostando em uma produtividade 5,5% inferior, de 1.033 quilos por hectare, a produção da primeira safra deverá cair 20,5%, totalizando 1,013 milhão de toneladas.
– A projeção de queda é reflexo, em grande parte, do cenário do mercado atual, que não apresenta muitas expectativas de mudança, retirando muito mercado de feijão de menor qualidade, e sendo menos atrativo para os produtores, que deverão apostar em outras culturas – explica o analista Jonathan Pinheiro.
A produção recorde de feijão segunda safra 2013/2014 reduziu os preços abaixo do mínimo, provocando queda em todos os estados produtores.


