A civilização pode permitir ódio, preconceito e xenofobia?

charlie hebdo

Nada justifica o terror. Nada. Nem mesmo a intolerância religiosa, cruelmente disfarçada de humor fino e sutil. Os europeus são preconceituosos com árabes, com sul-americanos, com africanos e até com norte-americanos.  O jornal Charlie Hebdo sai às ruas, depois da tragédia, fortalecido, ao menos financeiramente, com a morte trágica de 12 jornalistas. Dos 60 mil exemplares de uma tiragem normal, vendida a 7 euros, vai tirar 3 milhões. Faturando mais de R$66 milhões. E não deixou de recorrer ao tema religioso, com Maomé, o profeta dos muçulmanos, na capa.

Hoje o Charlie serve mais às causas da extrema direita de Le Pen & Cia., aos neo-nazistas, do que à evolução do processo civilizatório.

O ódio pode ser cultivado através da cortina diáfana da civilidade? Da ideia da livre expressão e da liberdade de imprensa?

Afinal, onde estão a liberdade, a igualdade e a fraternidade na defesa das charges xenófobas do Charlie? Na verdade, a Europa e particularmente a França estão em crise econômica sem precedentes desde o intervalo das guerras. E não aguentam mais a forte pressão da migração dos mouros, principalmente por empregos e benefícios sociais.

A Espanha e Portugal levaram quatrocentos anos para expulsar os árabes da península Ibérica, numa cruzada cruenta, até a morte de Dom Sebastião.

Hoje os sebastianistas podem estar homiziados na redação do Charlie, vestidos indecentemente com o manto da civilidade e da liberdade de expressão.

Avatar de Desconhecido

Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Deixe um comentário