Classe média está em extinção há mais de 400 anos

jaq-LeDiableRougeVeja este diálogo de quase 400 anos.  O diálogo, da peça teatral “Le Diable Rouge“, de Antoine Rault, entre os personagens Colbert e Mazarino, durante o reinado de Luís XIV, século XVIII, apesar do tempo decorrido, é bem atual. Atente principalmente ao último trecho:

Colbert:

Para arranjar dinheiro, há um momento em que

enganar o contribuinte já não é possível.

Eu gostaria, Senhor Superintendente,

que me explicasse como é possível continuar a gastar

quando já se está endividado até o pescoço…

Mazarino:

Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas e não consegue honra-las, vai parar na prisão. Mas o Estado é diferente!

Não se pode mandar o Estado para a prisão.

Então, ele continua a endividar-se…

Todos os Estados o fazem!

Colbert:

Ah, sim? Mas como faremos isso,

se já criamos todos os impostos imagináveis?

Mazarino:-

Criando outros.
Colbert:

Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino:

Sim, é impossível.
Colbert:

E sobre os ricos?
Mazarino:

E os ricos também não.

Eles parariam de gastar.

E um rico que gasta, faz viver centenas de pobres.
Colbert:

Então, como faremos?
Mazarino:

Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente!

Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres:

as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer.

É sobre essas que devemos lançar mais impostos,

cada vez mais, sempre mais!

Quanto mais lhes tirarmos,

mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos.

Formam um reservatório inesgotável.

É a classe média!

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre “Classe média está em extinção há mais de 400 anos”

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