O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas. É o maior lençol subterrâneo da América do Sul, incluindo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.
No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.
A água do Aquífero Urucuia é a maior riqueza do Oeste baiano. Abastece cidades inteiras, como Luís Eduardo Magalhães, e fornece, através de poços de grande vazão, água para inúmeros conjuntos de pivôs centrais. O lençol está espalhado por cinco estados, Piauí, Tocantins, Bahia, Goiás e Norte de Minas e alcança profundidades ou espessuras de até 1.600 metros. Você já imaginou um lago com 1.600 m de profundidade?
A contaminação por defensivos agrícolas, fertilizantes, exploração do gás de xisto e pelo tamponamento das chaminés de reabastecimento do lençol, através da compactação de grades pesadas, o chamado pé-de-grade, podem estar comprometendo a reserva subterrânea. A Universidade Estadual da Bahia iniciou um estudo, por volta de 2006, sobre vazão de entrada e saída do aquífero e nunca concluiu. Pesquisas de contaminação de largo espectro não são realizadas.
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