Dólar sobe. Caminhões não chegam aos portos e preços da soja explodem

Caminhoneiros abrem as bicas e travam os caminhões com a soja transportada.
Caminhoneiros abrem as bicas e travam os caminhões com a soja transportada.

Ontem, o dólar chegou a ultrapassar a barreira dos R$ 2,90 pela primeira vez em mais de dez anos , mas acabou fechando praticamente estável, cotado a R$ 2,8792. Isso aconteceu devido à ação de exportadores e operações de realização de lucros depois dos ganhos recentes limitando a alta. Quando atingiu o valor máximo de venda, no meio da sessão, a moeda norte-americana chegou a ser comercializada a R$ 2,9046, maior cotação desde setembro de 2004. De acordo com a Bolsa Mercantil e de Futuros (BM&F), o giro ficou em torno de US$ 859 milhões.

Mercado reage com alta à falta de soja

A manchete do site norte-americano Farm Futures nesta terça-feira (24) é a seguinte: greve dos caminhões no Brasil aumenta as preocupações e os preços. E, por volta das 13h (horário de Brasília), as cotações da soja subiam mais de 20 pontos entre os principais vencimentos na Bolsa de Chicago. Assim, o contrato maio/15 valia US$ 10,25 por bushel.

O mercado internacional da soja vem registrando, durante toda a sessão, um firme movimento de alta para os preços e um dos principais fatores de estímulo para as cotações, segundo dizem analistas internacionais.

No Brasil, o mercado da soja está parado. O fluxo de caminhões, principalmente para o porto de Paranaguá, foi interrompido pelos protestos – que já somam mais de 100 pontos de paralisação – e o produto não pode ser escoado. Além disso, as indústrias nacionais também estão paradas, uma vez que não recebem a matéria-prima para darem continuidade às suas atividades.

Segundo números da assessoria de imprensa do terminal, há cerca de 45 caminhões em seu pátio nessa manhã, enquanto a média, para essa época de pico da colheita, é de 900 veículos. “Todo o fluxo de caminhões está parado. Essa era a pior coisa que poderia acontecer”, afirma Severo. O consultor explica ainda que, passado o movimento, serão necessários, no mínimo, dois meses para que a situação se normalize e os dias que foram perdidos sejam “recuperados”.

A não chegada da soja nos portos atrasa também o embarque do grão nos navios. Há uma fila extensa nos portos – para algo perto de 5 milhões de toneladas de soja somente para a China, sem contar os demais destinos – e já começam a correr os valores chamados de demurrage, que é a multa de sobreestadia das embarcações. Hoje, esse valor é de US$ 15 mil por dia. São cerca de 50 navios ao largo.

Com a greve no Brasil, a demanda deverá se voltar ainda mais para a produção norte-americana, principalmente por farelo de soja, o que ajuda a alavancar as cotações em Chicago. No Brasil, os preços podem ser pressionados mais a diante, no entanto, isso ainda não tem sido registrado.

Nesta terça, o valor em Paranaguá está em R$ 66,50 por saca, estável em relação ao dia anterior, e em Rio Grande o valor se mantém em R$ 67,80. A preocupação também está sobre os valores do prêmios praticados nos portos. No terminal paranaense, o prêmio sobre o valor praticado para março/15 na CBOT era de 50 cents e passou para 40 e para abril e maio/15 o número caiu de 32 centavos de dólar para 25. Com informações dos jornais do Centro do País e do Notícias Agrícolas, editadas por este jornal.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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