Do jornal O Tempo (BH) com conteúdo das agências de notícias
Contratos da área de Comunicação da Petrobras são o novo foco prioritário força-tarefa da Operação Lava Jato, a partir das descobertas da 11ª fase da investigação, deflagrada na sexta-feira, 10. A suspeita é de que o modelo de desvios de até 10% em contratos de publicidade da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2014, tenha sido replicado na estatal petrolífera.
O ponto de partida da nova frente de investigações na Petrobras serão as empresas LSI, Limiar e IT7 (da área de tecnologia) – controladas por Vargas e usadas para os desvios na Caixa e na Saúde, segundo a Lava Jato. Um inquérito aberto no fim de 2014 para a área de Comunicação na petrolífera servirá para centralizar as apurações.
Os investigadores buscarão novos envolvidos, além de Vargas, e vão reunir elementos já levantados de sobrepreço e pagamentos sem contrato no setor, via Diretoria de Abastecimento. “Existe uma investigação aberta e é preciso olhar melhor essa área de Comunicação, em especial, na Diretoria de Abastecimento”, afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima.
Ex-gerente. A força-tarefa da Lava Jato vai se debruçar na atuação do ex-gerente executivo de Comunicação Institucional da Petrobras Wilson Santarosa, que deixou o cargo no mês passado. Ele havia assumido em 2003 a função, responsável por patrocínios, contratos de publicidade, atendimento à imprensa e planejamento institucional da marca. No ano passado, o orçamento da área foi de cerca de R$ 1,2 bilhão.
Apadrinhado político do ex-ministro José Dirceu e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Santarosa não é alvo formal de inquérito da operação, mas foi citado em depoimentos colhidos pela força-tarefa. O ex-gerente também foi alvo de outras investigações, como a CPI da Petrobras aberta em 2009 – comissão sob a qual há suspeita de que o PSDB tenha recebido R$ 10 milhões do esquema do doleiro Alberto Youssef, por meio do ex-presidente do partido Sérgio Guerra, morto em 2014, para “esvaziá-la”. O PSDB nega a acusação e diz defender a apuração do caso.
A Comunicação da Petrobras já foi citada como foco de desvios pela ex-gerente executiva de Abastecimento Venina Vellosa da Fonseca, que era braço direito do ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato. Ela apontou irregularidades que, em 2008, teriam provocado prejuízo de R$ 133 milhões só na Comunicação da Diretoria de Abastecimento. O responsável pela área era o ex-gerente Geovane de Moraes, que teria sido indicado pelo ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e demitido de fato em 2013, após quatro anos sob licença médica.
Defesa. Procurada neste sábado,11, a Petrobras não respondeu até esta edição ser concluída. Em dezembro, a estatal informou ter aberto investigação interna sobre a denúncia de Venina que levou à demissão de Moraes. Santarosa não foi localizado. Gabrielli nega “com veemência” declarações que lhe imputam a fatos “mentirosos e de pura ficção” e diz ter aberto a investigação que culminou na demissão de Moraes. Colaborou Julia Affonso.

