
Depois de um primeiro dia calmo, o clima esquentou no julgamento de bombeiros, na Justiça Militar, pela tragédia da boate Kiss, em Santa Maria.
A tensão se instaurou no início da manhã, quando o promotor Joel Dutra, do Ministério Público, pediu a absolvição dos cinco réus que estão sendo julgados nesta quarta-feira: os soldados Gilson Martins Dias, Vagner Guimarães Coelho, Marcos Vinícius Lopes Bastide, o sargento Renan Severo Berleze e o primeiro tenente da reserva Sérgio Roberto Oliveira de Andrades.
De acordo com o promotor, os bombeiros teriam sido induzidos ao erro, o que tiraria qualquer espécie de negligência. A reação de parentes das vítimas presentes no recinto foi imediata: revoltados, deixaram a sala. Do lado de fora, pais e mães protestavam, alguns chorando.
— O que eles estão pensando? Só por que têm estrelinhas acham que são mais que alguém? — dizia aos prantos Maria Aparecida Neves, que perdeu o filho, Augusto Cezar, na Kiss.
Aos juízes, a advogada de defesa, Taís Martins Lopes, criticou a sociedade e a mídia:
— Dois anos sendo pisoteados para agora, no final, se entender que eles não agiram com dolo.
Recorde aqui, aqui e aqui a tragédia que matou 242 jovens durante um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.
O poeta Carpinejar resumiu bem a situação: se você é bombeiro, vistoria um local que não cumpre os requisitos, e concede o alvará, você é criminoso.
