“Estou feliz aqui” diz membro da seita suspeita de trabalho escravo em MG, BA e SP

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Um dos membros da seita religiosa suspeita de manter trabalhadores em regime análogo a escravidão afirmou nessa segunda-feira (17) que vive bem no local e nega exploração: “Estou feliz aqui”. O trabalhador, que não foi identificado por segurança, vive em uma das propriedades da seita “Jesus, a verdade que marca” em Minduri (MG). Uma operação da Polícia Federal realizada em Minas Gerais, Bahia e São Paulo, prendeu seis líderes da seita religiosa nessa segunda-feira (17).

Segundo a investigação da PF, os fiéis frequentavam uma igreja com sede em São Paulo (SP) e depois eram convencidas a participar da seita religiosa com a proposta de uma vida nova em comunidade, onde tudo seria de todos.

Essas pessoas eram levadas para fazendas no Sul de Minas, onde trabalhavam sem receber nenhum salário. Além disso, eram convencidas a vender todos os bens e doar o dinheiro para os líderes do grupo.

Uma das propriedades que hoje pertencem à organização, a Fazenda Manancial do Paraíso, foi fundada em Minduri em 2005. No lugar, é possível ver plantações de laranja, limão, banana e eucalipto.

O rapaz, que aparenta ter cerca de 25 anos, faz questão de dizer que está melhor vivendo e trabalhando na fazenda. “Uma coisa muito boa pra mim, entendeu? Eu me sinto aqui uma pessoa livre. ‘Tô’ em paz, e sem hipocrisia viu? ‘Tô’ em paz mesmo aqui, ‘tô’ feliz aqui”, diz o jovem.

Outro trabalhador da fazenda está no local há 10 anos com a esposa e cinco filhos. Ele nega que estava sob um regime de escravidão. “Mas como manter uma família sem salário?”, diz após ser questionado sobre não receber pagamento, e diz ainda nunca ter doado nada à seita. “Eu nunca fiz isso”, finaliza.

Quanto à investigação, o homem afirma ainda que na fazenda todos estão tranquilos. “Nós aqui ‘tamo’ todo mundo tranquilo, sossegado”, completa.

Trabalhadores das fazendas dizem que não se sentiam em regime de escravidão (Foto: Reprodução EPTV)Trabalhadores das fazendas dizem que não se sentiam em regime de escravidão (Foto: Reprodução EPTV)

Líderes presos
O pastor Cícero Vicente de Araújo, preso em Pouso Alegre (MG), é considerado pela Polícia Federal um dos principais líderes da seita. Ele e outras cinco pessoas, que formariam a cúpula da seita religiosa, foram detidas em Minas Gerais e Bahia.

O pastor negou envolvimento nos crimes investigados na operação. “Nenhum, até hoje”, afirmou Araújo após ser questionado sobre estar envolvido no caso.

Entre os presos como líderes da seita está também o vereador Miguel Donizete Gonçalves (PTC), de São Vicente de Minas (MG). O advogado dele se limitou a dizer que não sabia de nada ainda sobre as investigações e não se manifestou sobre o caso. A Polícia Federal não informou os nomes dos outros suspeitos presos.

A seita conhecida como “Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca”, é suspeita de manter fiéis em situação análoga à escravidão em propriedades rurais e empresas em Minas Gerais e Bahia, e ainda se apoderar de todos os bens das vítimas.

 

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre ““Estou feliz aqui” diz membro da seita suspeita de trabalho escravo em MG, BA e SP”

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