O ex-ministro Antonio Delfim Netto em artigo na Folha de São Paulo, denominado “O Impossível e publicado ontem, 18, sobre a situação econômica do País, em três pontos principais:
1º) Aprovar as mudanças constitucionais e medidas infraconstitucionais que eliminem o deficit fiscal estrutural embutido na Constituição de 1988. Nos últimos 30 anos, ele tem sido piorado pela concessão de privilégios corporativos a grupos próximos do poder.
É preciso reconhecer que estão longe de aumentar a igualdade de oportunidades ou mitigar as necessidades dos menos favorecidos com programas bem focados e condicionalidades adequadas, para ajudá-los a conquistar, com seu esforço, a cidadania.
São, portanto, potencialmente injustos. Todos os programas, mesmo os mais bem sucedidos (como o Bolsa Família) precisam ser permanentemente avaliados pela comparação de seus custos com seus benefícios e permanentemente escrutinizados para a eliminação do “parasitismo”, a doença mortal que consome todo programa permanente.
2º) Cria as condições de credibilidade sobre a política fiscal que garanta a estabilização (e posteriormente a regressão) da relação dívida bruta/PIB, condição necessária para dar maior poder à política monetária e reduzir a “expectativa de inflação” e a taxa de juros.
3º) Construir um ambiente de negócio mais amigável para o setor privado e um sistema de concessões das obras de infraestrutura que restabeleça esperança da volta do desenvolvimento, o que ressuscitará o investimento que o produz.
Se as soluções de Delfim Netto não servem para o avanço de uma política social, serve ao menos para entendermos como pensam os poderosos da avenida Paulista.
É claro que os programas sociais do Governo não alcançaram a meta de mitigar as necessidades dos menos favorecidos.
É claro que precisamos reformar a constituição. É claro que precisamos criar nas classes abaixo da linha da pobreza o entusiasmo e a participação por educação, mesmo que simplória.
No entanto, o aperfeiçoamento da prestação de serviços sociais passa pela estabilidade política e pelo arrefecimento do desejo da oposição de tomar o poder a qualquer custo.
