Produtores abandonam o Matopiba na hora que vai começar a chuva

O jornal Valor Econômico publicou, há dois dias, notícia que grandes empresas do agronegócio, entre elas uma sociedade anônima, com ações em bolsa, a SLC Agrícola, com sede em Porto Alegre, pretende reduzir áreas de plantio na região MATOPIBA.

O movimento de redução do plantio acontece mais fortemente entre os pequenos e médios produtores, assolados por uma retração na produtividade, que entre alguns alcançou até 60%. Descapitalizados, procuram vender suas terras para sanar débitos crescentes e investir em outros setores. Movimento semelhante aconteceu no início da década de 90, quando, na expressão de um produtor “todo mundo quebrou”. A securitização das dívidas bancárias salvou muitos produtores rurais, que até hoje lutam para pagar débitos remanescentes da época.

O pior de tudo é que os agricultores estão “morrendo na beira d’água: as previsões para esta próxima safra são de chuvas normais, entre 1.200 e 1.500 mm, com a redução do fenômeno do El Nino, o aquecimento das águas do oceano Pacífico equatorial.

Veja o texto do Valor:

A SLC Agrícola, uma das mais importantes produtoras de grãos e fibras do país, vai diminuir o ritmo de avanço em suas áreas mais novas de plantio, localizadas principalmente no “Matopiba” (confluência entre os Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Ao todo, a empresa possui 43 mil hectares em processo de licenciamento ou transformação, no Maranhão e na Bahia.

“Em função desses eventos climáticos [negativos] nos últimos anos, especialmente este ano, nossa decisão é segurar a expansão”, disse Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola, durante teleconferência com analistas há pouco, para comentar o balanço financeiro do 1º trimestre de 2016. A SLC encerrou o exercício com prejuízo líquido de R$ 2,671 milhões, após alcançar um lucro líquido de R$ 33,208 milhões no mesmo trimestre do ano passado.

De acordo com Pavinato, a companhia planeja reduzir também o plantio em áreas com solo “não muito corrigido” na próxima safra 2016/17, que começa a ser plantada no segundo semestre deste ano. O objetivo é diminuir o risco de volatilidade climática – este ano, uma seca intensa derrubou a produção de grãos e algodão no “Matopiba”.

Ainda assim, o executivo se mostrou otimista com uma recuperação da produção no Nordeste do país. “As últimas quatro safras foram muito boas para o Sul do Brasil, e muito ruins para a Bahia, especialmente. E a lógica climática diz que isso deve se inverter”, disse. Segundo Pavinato, a SLC vai esperar “uma consolidação maior do clima” para voltar a crescer na região.

No início desta semana, a Vanguarda Agro, outra importante produtora agrícola do país, anunciou que deixará de plantar na Bahia na nova safra 2016/17, concentrando-se em Mato Grosso. Na temporada atual, a empresa já havia saído do Piauí.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre “Produtores abandonam o Matopiba na hora que vai começar a chuva”

  1. Solo “corrigido” não garante rendimento, pois as plantas não tomam uma porção de solo com minerais, mas sim água com minerais.

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