Precisamos da reforma política, antes que apareça um salvador da Pátria

Este Editor conversava hoje com um amigo sobre a crise econômica e política, assustadora para todos os brasileiros, mas em particular para o Oeste baiano, devido a uma frustração de safra sem precedentes. Chegamos à conclusão que o centro de todos os males está nos parlamentos, nos três níveis federativos.

Primeiro, pelas suas posições chantagistas em relação aos executivos; segundo por um sistema político inadministrável de 35 partidos, em véspera de 60. Depois, pela sede implacável por dinheiro, o qual deve sustentar a sua pelegada e mais tarde, nas eleições, comprar um eleitorado desesperançado.

A reforma política urge. Mas ela passa pelo Congresso, pelas assembleias estaduais e pelas câmaras. Quem vai colocar o guizo no gato? Estamos chegando ao ponto em que para qualquer lado que joguemos, estaremos em xeque-mate. E só nos resta admitir a derrota, como País, como República, como regime democrático.

Nestas horas é que surgem os salvadores da Pátria. E o que vem depois deles é sempre pior que o conflito político ao qual queremos transformar. Temos que nos descolar, mesmo que isso possa parecer dramático para a senzala e também para a casa grande, da figura do guia, do condutor – Il Condottieri -, do fazedor de milagres. O último foi Lula da Silva. Eles ainda proliferam por aí e tem lá os seus seguidores. Veja Trump, nos Estados Unidos, e, em outra escala, a figura patética de Jair Bolsonaro, ou da ascética Marina Silva.

O grande herói de Sierra Maestra, Fidel, desapareceu no meio do seu abrigo esportivo adidas. Guevara encontrou o seu final dramático nas serranias da Bolívia. Getúlio suicidou-se. Brizola foi vencido pelos anos de batalha.

A política, o exercício do poder, as instituições brasileiras tem que descolar-se rapidamente de seu anseio juvenil, amadurecer, e, numa grande coalização, encontrar, last but not least, uma geração de gestores capazes, probos e, pelo amor dos grandes espíritos, objetivos na arte de governar.

Assim como os eleitores precisam esquecer o milagreiro, os dirigentes precisam abdicar da necessidade dos aplausos e louvações e realmente exercer sua condição de executivos. Dilma foi quase isso, uma executiva que não gostava de transar com políticos, mas perdeu-se nas manobras pornográficas de Lula e dos congressistas.

Enquanto esta matilha insana de políticos de baixa extração não for alijada, decididamente, do poder, estaremos a mercê e a reboque do sistema. E esta ação de extinção programada das raposas felpudas pode custar o sacrifício de mais uma geração de brasileiros.

Se não enxergamos no horizonte o amadurecimento do sistema político brasileiro, ainda assim precisamos acreditar que ele existe. E talvez somente isso nos resgate do sub-desenvolvimento, do atraso tecnológico e, principalmente, do purgatório onde residem legiões e legiões de gerações mal educadas e mal formadas nas nossas escolas de faz de conta. O analfabetismo grassa no Brasil, inclusive entre as chamadas elites brancas, nas classes dirigentes e no empresariado, e aí está a razão e o princípio de todo o nosso mal.

Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril Ver todos posts por jornaloexpresso