
É impressionante o quanto o fanatismo atrai grandes massas da população, principalmente quando as instituições não vão bem.
Joseph Lenin subiu ao poder num período conturbado da Rússia, depois da desagregação do czarismo e no momento que a grande nação abandonava a I Grande Guerra, sendo perseguida por todos os aliados, já que fez um acordo de paz em separado com a Alemanha.
Terminada a Primeira Guerra Mundial, a Itália estava entre os vencedores. Mas o esforço de guerra foi pesado para os italianos, cuja economia, já frágil antes do conflito, sofreu perdas consideráveis durante seu desenrolar: estradas, ferrovias, fábricas, campos e cidades foram destruídos.
Os capitais e as matérias-primas eram escassos e faltava mão de obra, pois quase 2 milhões de italianos haviam morrido ou achavam-se mutilados. Era hora de surgir um pai para a Nação, Mussolini, cuja primeira providência foi colocar os trens italianos no horário, sob pena de prisão do chefe do trem, do maquinista e do foguista.
Na Alemanha do pós-guerra, a inflação e a falta de alimentos era tão grande, que as autoridades carimbavam papel para substituir a moeda corrente. Para comprar 200 gramas de manteiga, os alemães levavam um sacolão de papel carimbado à mercearia. E aí surgiu um esquizofrênico, Adolf Hitler.
No Brasil, a indústria foi sucateada, as empresas estatais assaltadas, as commodities tiveram seus preços reduzidos – o minério de ferro, por exemplo, caiu 40% em apenas um ano. O petróleo caiu para menos de um 1/3 das suas cotações. As oposições políticas armaram uma guerra contra o Governo que já dura três anos e como as tentativas de anulação das eleições de 2014 não deram certo, aceitaram um golpe parlamentar que sacou a Presidente e colocou um fantoche em seu lugar.
Existem cerca de 11 milhões de desempregados, a indústria de automóveis vende até 40% menos em relação a 2014, o dólar estoura, a educação, a saúde e a segurança caem aos seus níveis mais baixos.
Aí surge o radical, prometendo acabar com o crime, elogiando torturadores, abominando homossexuais, desdenhando dos programas sociais. Jair Bolsonaro. É semente vigorosa em terra fértil, no meio de uma massa de ignorantes, analfabetos funcionais, incapazes, fanáticos e aproveitadores religiosos.
Hoje, tem uma minoria de seguidores, 5 ou 6% conforme a última pesquisa Datafolha. Mas com o agravamento da crise, pode estar aí mais um “salvador da Pátria”.
Esta semana, um pequeno empresário conhecido na cidade afirmou, em grupo de mídias sociais, que Bolsonaro deveria ter 95% de aceitação popular, para acabar com a “escória”.
Lenin e Stalin, Mussolini e Hitler também tinham suas escórias. Stalin matou 30 milhões de russos para fazer suas reformas sociais. Mussolini atacou a Etiópia e promoveu um massacre. Hitler elegeu os judeus como inimigos do Reich e mandou 6 milhões para os campos de concentração, de onde jamais saíram.
Bolsonaro já tem a sua escória: são quase 600 milhões de miseráveis que apodrecem nas cadeias públicas ou são os nordestinos, cadastrados no Bolsa Família. Ou são as mulheres que não merecem nem a “benção” de um estupro ou os homossexuais que violam os seus preceitos religiosos?
Os cenários são semelhantes. Agora vamos ver o que acontece em 2018.

Posso não concordar com parte do ponto de vista, mas, é impossível discordar do argumento.
Muito bem escrito.
Este texto ficaria bem na época da campanha do primeiro mandato de LULA. Agora ficou um tanto contraditório, pois fala do estado quebrado e de corrupção e após fala em golpe! Não entendi esse ponto, pois no contexto geral o estado foi quebrado pela má gestão política da referida vítima do golpe.