
A expectativa formada para a sessão de ontem (11/07), às 20 horas, na Câmara Municipal, que discutiria os projetos 09 e 10/2017, enviados pelo gestor municipal, foi desfeita em função do clima nada propício criado por pessoas alheias aos mesmos projetos, funcionários da prefeitura e professores e, também, pela falta de precaução e de habilidade politica do presidente da Câmara.
Há de se convir, também, que a urgência urgentíssima exigida para tramitação da matéria, não propiciando aos interessados uma discussão amiúde das propostas, provocou um clima desfavorável, ante a desconfiança dos funcionários e professores. É normal, é crível, que ninguém gosta de perder vantagens, principalmente as conquistadas com muita luta, como é o caso das progressões salariais.

Outro motivo que contribuiu para o clima de enfrentamento foi à postura pouca política do presidente da casa, que no afã de cumprir determinação do chefe maior, não mediu esforços para tal.
Por ser um político novo, o chamado de “pouca quilometragem”, não possui ainda o traquejo necessário aos negociadores tradicionais. Some-se a isto, ainda, o fato do gestor ter exercido antes três mandatos em São Desidério e jamais governou com oposição capaz de lhe tirar o sono.
Governar sem oposição é bem mais fácil, mas quando enfrenta opositores capazes de representar interesses diversos, é um teste para o nosso prefeito. Como ele não é de falar muito, não sabemos seu pensamento sobre o assunto.
Há de se considerar, igualmente, a atuação do Procurador da municipalidade, que em nossa opinião traiu um princípio bíblico consagrado, o de que “ninguém pode servir a dois senhores”, vez que antes foi defensor dos funcionários e agora se tornou o algoz dos mesmos, ao patrocinar a feitura dos projetos que poderão tirar vantagens há muito conquistadas.
Não sabemos a verdadeira situação financeira da Prefeitura, pois a chamada Transparência Pública é adotada por ela de maneira esquisita e difícil de entender. Admitamos que alguns cortes possam ser concebidos legalmente, porém discordamos da maneira proposta para tais cortes, imediatamente.
Ora, quem ganha salário sempre programa suas despesas em consonância com os seus ganhos. Qualquer corte, sem nenhuma dúvida, causará transtornos desagradáveis. Sensato seria, pois, que o gestor, caso prevaleça juridicamente sua pretensão, determine cumpri-la aos poucos, o que é mais justo.
Ainda sobre os direitos, ouvi alguns professores indignados com a atitude da vice-prefeita Karlúcia Macedo, que na administração passada se auto proclamou como a legitima representante dos professores.
Desde o início da gestão atual, para decepção dos seus antigos protegidos, emudeceu totalmente quando o assunto é a defesa da sua classe.
Ao final dos trabalhos da sessão de ontem, que nem começou, divulgou-se a possibilidade do presidente da casa determinar a seleção das pessoas que possam adentrar ao plenário na noite de hoje, atitude que julgamos tendente aos regimes de exceção.
Afinal, ele próprio já proclamou certa ocasião, que a casa é do povo. Sendo do povo, então, não se justifica tolher o princípio isonômico que deve prevalecer.
Por Itapuan Cunha, comentarista da Política
Na sessão da Câmara de hoje, houve segurança reforçada e restrição à presença de interessados, o que é bom para o andamento dos trabalhos legislativos, mas abre um precedente grave de ilegalidade.
