Barreiras: funcionários públicos lamentam sequestro de seus ganhos

Itapuan Cunha escreve sobre a batalha que aconteceu ontem na Câmara Municipal de Barreiras

A população de Barreiras, principalmente os funcionários públicos, teve seu dia de desventura, ontem, (15/08), quando da aprovação, pela Câmara Municipal dos projetos 09 e 10, de autoria do Poder Executivo, que eliminam escancaradamente direitos dos servidores, alcançados com muita luta. 

De nada valeu a batalha diuturna dos trabalhadores, até mesmo para conversar com o gestor, para tentar quando nada uma justa negociação. Ele se mostrou insensível e arredio a qualquer entendimento, um comportamento totalmente oposto ao do tempo que esteve em campanha para assumir a prefeitura. Tanto é assim, que alguns servidores passaram a chamá-lo de “Zitador”.

Perdem os funcionários, de uma hora para a outra, a Progressão Vertical, Quinquênio, Licença Prêmio e também a desvalimento de prazos de atestados médicos. Retira a regência de professor, acaba a função de especialista concursado, retira atividade complementar de professores das séries iniciais e retira gratificação para professores que atuam com alunos que têm deficiências.

Com tantas exclusões de legítimas e justas conquistas, ainda há pessoas que têm o desplante de afirmar que eles nada perdiam, apenas lutavam por novos espaços, novas vantagens.

Meu Deus, como têm coragem de endossar uma mentira de tamanha proporção? Será que não percebem que cometeram uma maldade injustificada?

Ontem, dia da sessão para aprovação dos famigerados projetos, o circo foi armado logo na parte da tarde, quando notamos um descomunal reforço de policiamento, obra de coautoria do gestor com a colaboração do seu fiel escudeiro Gilson Ribeiro, presidente da Câmara, que seguiu à risca tudo que lhe foi ditado.

Na hora da entrada do batalhão de choque do gestor, os vereadores que lhe são fieis, mesmo passando por cima dos direitos alheios, havia uma determinação para a entrada de apenas 150 pessoas. Quando fui entrar, fui barrado por alguns truculentos que estavam na entrada do salão principal. Fui informado que não entrava mais ninguém. Quando tentei explicar que sou da imprensa, um dos cães de guarda logo tentou portar um spray de pimenta. Não discuti com a “autoridade”, saí de fininho.

Os esperados três votos em prol da luta dos funcionários foram engordados por mais dois, os vereados Carlão e José Barbosa, sinal que com o decorrer do tempo outras defecções acontecerão.

A votação foi conduzida de forma automatizada. Os votos que muitos esperavam que fossem com declarações dos votantes, passaram a ser na base de “quem concorda fique sentado, como está”. Mal terminou a primeira votação, de forma açodada iniciou-se a segunda, sinal de que o presidente estava nervoso e louco para descascar o abacaxi que o chefe lhe confiou.

 Hoje, no programa do Jordan, na Rádio Vale, o presidente Gilson falou que não haveria sessão hoje, pois a plateia de ontem danificou muita coisa no plenário, quebrou portas, etc., fato desmentido pelos Sindicatos, de pronto. A direção da Câmara, aliviada pelo stress que lhe atormentava, cancelou os trabalhos de hoje, muito provavelmente para desfrutar de “justo  merecido descanso”.

Como sempre, quando há um imbróglio de tamanha repercussão, consulto pessoas especializadas no assunto. Só pra começar, o ritual da votação, de forma estranha ao regulamento, poderá invalidar todo empenho dos que, sem pensar nas consequências, “meteram a mão” nos bolsos dos funcionários públicos de Barreiras.

É possível, admite-se, que alguns vereadores, ante tamanha insensatez praticada, perderam o sono. Afinal, daqui pra frente, nossa história política sofrerá sensíveis mudanças. Por Itapuan Cunha.

Entre atos discricionários da Presidência da Casa e forças de segurança, desmaio de pessoas, obstrução de ruas e conflitos de toda ordem, um fato hilário aconteceu: cinco vereadores saíram da malfadada sessão legislativa, protegidos por PMs e guardas municipais.

Um dos PMs acompanhou a fuga dos vereadores em um pequeno carro. Como só cabiam cinco, um dos vereadores, o mais magrinho deles, teve que fugir no colo de outro vereador. Com um ar de satisfação indescritível.

 

Avatar de Desconhecido

Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Deixe um comentário