
-Pois não, Madame!
Atendo com enfado o telefonema de Madame Almerinda, a cafetina dos espíritos, a feiticeira devassa da rua Irecê, que graças ao Supremo Arquiteto andou desaparecida por uns tempos.
-E daí, periodista, anda muito quieto? Soube que enfrenta problemas de saúde.
-Não se preocupe, Madame, respondo com certa rispidez, praga de urubu não mata cavalo gordo.
-Estou preocupada não é só com a sua saúde, estou frenética é com essas próximas eleições. Estou achando que vai empastelar.
-O que significa isso, Madame? Empastelar?
-Sim, é o que eu acho. Depois de tudo dominado, Lula preso, justiça eleitoral embaixo do chapéu, processo daqui, processo d’acolá, o homem só sobe nas pesquisas e os escolhidos, como o Picolé de Chuchu ainda não saíram dos entretantos.
-Pois é Madame. A Senhora como sempre apocalíptica.
-E não é pra estar? Rui Costa, na Bahia, está dando 6×1 no candidato do DEM, fato que se repete em todo o Nordeste. E o Véio Safado ganha em todos os colégios eleitorais do País.
-Menos em LEM, Madame, aqui é o ninho do Bolsonaro.
-Ainda bem, prefiro dois Bolsonaros voando que um Picolé na mão.
-E o que diz a sua bola de Cristal, Madame. Quais são os augúrios dos espíritos?
-Vai empastelar, periodista. Vai empastelar e só vamos ter novas eleições daqui a 20 anos.
