
O voto camarão voltou com toda a força nestas eleições. O caso mais emblemático é o do candidato do Democratas, Zé Geraldo, que apesar de coligado ao PSDB, declarou seu abandono ao candidato que apoiava, Geraldo Alckmin, e abriu o voto em favor de Bolsonaro. Isso tudo à revelia do coordenador nacional da campanha do candidato tucano, o prefeito de Salvador, ACM Neto.
A par do imbróglio, vários prefeitos e candidatos de toda a Bahia ou estão abrindo o voto para Bolsonaro, como aconteceu com o gestor de Camaçari, ou estão propondo o voto camarão, sem cabeça, como é o caso de Jusmari Oliveira.
A atitude de Jusmari e Oziel é até compreensível, num município onde o PT nunca foi expressivo e 60% da população, no mínimo, batalha na campanha de Bolsonaro. Acredito que o agronegócio, principal motor da economia, dono da maior bancada no Congresso, ainda vai chorar lágrimas de sangue pela escolha de Bolsonaro. As convulsões sociais decorrentes da tomada de reservas indígenas, quilombolas e daquelas destinadas ao assentamento de pequenos agricultores vai cobrar o seu preço institucional e borrar a imagem da grande agricultura.
Zito Barbosa foi outro que acompanhou Zé Geraldo. Abriu o voto em favor de Bolsonaro, posou na foto junto com o candidato ao Senado pelo PSL, Rangel, abrindo uma vala imensa com o atual – e provavelmente o próximo – Rui Costa.
Aliás esse fosso político começou a ser escavado quando o Governador ordenou a inauguração da UPA de Barreiras e o Prefeito só tomou conhecimento do fato 90 dias depois. Hoje, o equipamento foi colocado em funcionamento e Zito só não fez uma reinauguração porque a Lei Eleitoral veda o evento neste período pré-eleições.
Rui Costa não é um governador vingativo, nem discricionário, como foram os anos de governo de Antônio Carlos Magalhães, quando não existia esse lusco-fusco político. Muristas eram extirpados das benesses do Governo ao menor sinal de indecisão política.
Até hoje é comentada a saída de Afrísio Vieira Lima do Governo de ACM. Depois do rompimento, Geddel e Lúcio não tiveram nenhuma chance de acordo com os governos dos Democratas. Geddel chegou a se aproximar do Neto, mas a descoberta do bunker do dinheiro, episódio recente, e a prisão jogaram novamente os Vieira Lima no limbo político.
