Vladimir Palmeira, líder das oposições, discursa na passeata dos 100 mil. Depois disso os ditadores perderam a vergonha e implantaram um regime de força.
Na data da edição do Ato Institucional 5, em 1968, eu tinha 20 anos, estava no segundo ano da faculdade mas já trabalhava na redação de um jornal. Até aquela data a chamada “revolução de 1964” tinha sido uma pálida imagem do que viria a ser. Perdendo os seus principais apoiadores, entre empresários, mídia e grande parte do povo, o Golpe fazia água por todos os lados.
A tal linha dura tomou o freio nos dentes e aprofundou o golpe, cancelando as garantias individuais, entre elas o habeas corpus e anulando legislativo e judiciário.
Algo parecido com o que está acontecendo agora. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, uma excrescência na política brasileira, vai governar por menos de 30 dias e se hospitalizar. Daí por diante a Linha Dura novamente toma o poder.
Como disse o ex-ministro Delfim Netto, o único signatário do AI-5 ainda vivo, ontem, na conversa com Bial, “o brasileiro das classes dominantes não quer Justiça, quer vingança”.
E acrescento: quer vingança das medidas de amparo ao trabalhador, desde a revolução de 1930; quer vingança pelos governos populares de JK e Jango Goulart.
E agora quer vingança dos 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, que tirou milhões de miseráveis debaixo da linha da pobreza extrema.
Em 13 de dezembro de 1968, uma sexta-feira aziaga, entendi que os tempos eram outros, como entendo agora. Espero que a noite que se avizinha não dure mais 21 anos.

O capitãozinho quixotesco pedindo a volta do AI 5 depois de 30 anos. Ele deve ser a primeira vítima do fechamento do regime.

