
A ditadura chilena de Augusto Pinochet foi a mais expressiva aliança do liberalismo com o autoritarismo no continente latino-americano. Calcula-se, em relatório divulgado em 2011, que desde o golpe militar em 1973 até 1991 foram mais de 40 mil mortos, desaparecidos ou torturados pelo governo. Um dos notáveis admiradores da ditadura é Jair Bolsonaro, que chegou ao país na quinta-feira, 21-03. A complacência com a violência foi reconhecida pelos seus agentes.
Militares condenados por violação dos direitos humanos enviaram uma carta convidando o presidente brasileiro para visitá-los no cárcere.
Jair Bolsonaro nunca escondeu sua admiração pela ditadura sangrenta que Pinochet dirigiu no Chile. Ainda em 1998, quando deputado, o capitão reformado declarou em entrevista à Veja que “Pinochet deveria ter matado mais gente”.
Em outra entrevista, em 2015, para o apresentador João Kleber, na Rede TV, defendeu o ditador, afirmando “que ele fez o que deveria ter sido feito”.
Para além disso, em 2006, manifestou solidariedade a Augusto Pinochet Molina, pelo seu afastamento do exército, devido a um pronunciamento no velório do seu avô, o ex-presidente. “Minha solidariedade e admiração por sua dignidade ao não se curvar às mentiras da esquerda e honrar o nome do avô […] o elevado índice de desenvolvimento humano ora desfrutado pelos irmãos chilenos em muito se deve às ações desenvolvidas no governo do saudoso general Pinochet”, escreveu em um telegrama, que o ministério das Relações Exteriores do Brasil não entregou.
Tamanha admiração já havia sido reconhecida quando José Antônio Kast, político chileno, apontado como “neopinochetista”, veio ao Brasil para ajudar na campanha presidencial e aprender com Bolsonaro como a extrema direita pode vencer na América Latina. No final de 2018, Eduardo Bolsonaro foi ao Chile para conhecer o sistema previdenciário por capitalização implantado por Pinochet – que reflete hoje no empobrecimento de idosos, pois 80% das aposentadorias estão abaixo de um salário mínimo –, retribuiu a visita a Kast e declarou que o governo de seu pai quer fazer do Brasil “o próximo Chile”.
Na tarde de quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em entrevista à GaúchaZH reforçou a necessidade de aplicar no Brasil as mesmas bases macroeconômicas de Pinochet, porém destacando que a violência na época foi um fator necessário. “No período de Pinochet, o Chile teve de dar um banho de sangue. Triste, o sangue lavou as ruas do Chile, mas as bases macroeconômicas fixadas naquele governo… já passaram oito governos de esquerda e nenhum mexeu nas bases macroeconômicas colocadas no Chile no governo Pinochet”, afirmou o ministro. Da revista IHU online.
