Madame Almerinda confessa que errou. Que tragédia!

Almerinda, a errática, num momento de profunda dor.

Toca o telefone vermelho, aquele do número secreto, da redação de O Expresso. Meu estado de espírito fraqueja na hora, amuado porque sei que é a cafetina dos espíritos, a alma maligna de Madame Almerinda.

-Dear journalist!

Depois que viu o presidente Bolsonaro falando em inglês nas mídias sociais, ela anda se arriscando na língua da Corte de St.James. Uma desgraça!

-Sim, Madame, em que posso lhe ser útil?

-Você acredita em pesquisas, caro periodista?

-Não, Madame. Acho que como as provas testemunhais no processo jurídico, as pesquisas são as prostitutas do cenário político de um Município, Estado ou País.

-Mas nesta você pode acreditar, Periodista. Foi psicografada num download especial da minha bola de cristal, com base na internet de velocidade duplicada da G7 Net, a mais rápida da região.

E daí, Madame, me conte que já estou ficando curioso.

-Pois o seu Prefeito está com apenas 1/3 das indicações de voto do seu desafiante mais próximo, numa pesquisa feita antes das chuvas pesadas de março e da greve de professores.

-Não posso publicar dados de uma pesquisa Madame que não tenha número de registro do TSE.

-Pois não publique. Essa conversa fica entre nós dois.

-Quer dizer que Oziel está no sal, pergunto. Mas aguarde, Madame, ele fará obras importantes com quase 90 milhões de recursos que vão entrar nos cofres públicos. São 21 milhões do financiamento da Caixa, 30 milhões para o Hospital e 38 milhões dos precatórios do antigo Fundef.

-Está bem, Periodista. Eu também já acreditei em Coelhinho da Páscoa, Papai Noel e Fada do Dente.

-Mas a Senhora não votou nele?

-Votei. Mas o sonho acabou rapidinho, Periodista. Acabou muito rapidinho. Foi um sonho de verão e acabou.

Sabendo que nada podia fazer pelos erros políticos de Madame Almerinda, desliguei o telefone e, por via das dúvidas, tirei o fone do gancho.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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