Chineses baixam preços de carnes brasileiras em até 30%.

A decisão dos importadores pode favorecer o mercado interno, já bastante pressionado pelo início da safra de bovinos.

As ações dos principais frigoríficos brasileiros na B3, a bolsa de valores de São Paulo, estão em queda nesta quarta-feira (22), após informações de que a China está renegociando os contratos de compra das carnes brasileiras.

Os papéis de JBS e Marfrig lideravam as perdas do Ibovespa, tendo suas negociações suspensas mais de uma vez após oscilação acima do permitido. Às 13 horas, JBS ON caía 2,46% e Marfrig ON tinha baixa de 4,53%. Já BRF ON, outro grande do setor, reverteu a perda da manhã subindo 0,59%.

Segundo reportagem do jornal “Valor Econômico” desta quarta-feira (22), os chineses estão impondo descontos de 30% sobre o valor da carne sul-americana, afetando a rentabilidade das companhias.

A reportagem afirma que, desde dezembro, os importadores impuseram descontos de pelo menos US$ 1 mil por tonelada sobre cargas que já estavam no mar e até mesmo nos portos do país. Há relatos de pedidos de US$ 2,5 mil, deságio significativo.

Agora, após intensas renegociações dos contratos de exportação para seu principal cliente, os frigoríficos brasileiros já operam com margem negativa nas vendas.

As perspectivas a longo prazo ainda são boas, mas o que pressiona os ativos do setor neste pregão são os efeitos imediatos do imbróglio com os asiáticos.

Equilíbrio só em fevereiro

Além disso, existe uma preocupação adicional: o início o Ano Novo chinês, um feriado que para o país durante uma semana, paralisando também qualquer tipo de negociação. Assim, a situação e consequente equilíbrio deste mercado só ocorreria no início de fevereiro, praticamente.

Vale lembrar a euforia dos frigoríficos brasileiros quando a peste suína africana passou a tomar maiores proporções na China, fazendo a produção de carne suína do país asiático chegar ao menor nível em 16 anos.

Estima-se que o mercado chinês só terá condições de se recuperar em 2025. Em avaliação do banco holandês Rabobank divulgada na semana passada, as importações chinesas de carne de porco podem somar 4,2 milhões de toneladas neste ano. Caso isso aconteça, será o equivalente a toda a carne suína produzida hoje no Brasil.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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