Pensões de filhas setentonas de militares, magistrados e parlamentares são imorais.

A atriz Maitê Proença, que ganhava cerca de R$ 13 mil mensais de pensão, teve o benefício suspenso pelo governo de São Paulo. Segundo a “Folha de S. Paulo”, a pensão era herdada de seus pais, o procurador de Justiça Carlos Eduardo Gallo e a professora Margot Proença, ambos falecidos.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na segunda-feira (20) que o pagamento de pensão a filhas solteiras de ex-parlamentares e ex-servidores do Congresso é um “absurdo”.

Maia se pronunciou após diversos veículos de imprensa começarem a se debruçar sobre o assunto, ao longo da semana passada.

Segundo a Gazeta do Povo, de Curitiba, as Forças Armadas gastam milhões com filhas solteiras setentonas. E tem mais:

– Filhas solteiras do STF recebem pensão equivalente ao salário de um ministro do tribunal

– O cenário se repete na Justiça do Trabalho e no Congresso Nacional

– A conta total das filhas solteiras é de R$ 4 bilhões por ano: tem até irmã e neta de 87 anos.

Sinecuras do Parlamento

Entre as 194 mulheres que recebem pensão por ser filhas solteiras de ex-parlamentares e de ex-servidores – caso revelado neste sábado, 18, pelo jornal O Estado de S. Paulo -, está uma filósofa que vive há quase meio século em Paris, onde estabeleceu uma carreira voltada a pesquisar, entre outras coisas, discrepâncias salariais na remuneração entre homens e mulheres.

Helena Hirata alega nunca ter dependido da pensão mas, mesmo assim, aceita receber a benesse há 46 anos. Filha do ex-deputado federal por São Paulo João Sussumu Hirata, a pesquisadora de 73 anos admitiu ao jornal O Estado de S. Paulo que recebe o benefício de R$ 16,8 mil mensais – R$ 218,4 mil por ano – pagos pelos cofres públicos.

A legislação, em vigor até 1990, estabelecia que a pensão se aplicava para aquelas que não eram casadas e nem ocupavam “cargo público permanente”, mas não especificava a natureza ou espécie dos cargos abrangidos.

Na época em que a lei foi aprovada, em 1958, a ideia era oferecer amparo financeiro a mulheres que eram dependentes dos pais. Passados 62 anos, quase 200 mulheres ainda recebem esse benefício.

O dispositivo foi suspenso por uma outra lei, de 1990, mas quem já recebia a pensão manteve direito ao benefício. O pagamento não era restrito ao Legislativo, mas, no caso de congressistas, quem assumia um mandato tinha a opção de acolher as filhas. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, após ler a reportagem no portal do Estadão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encomendou à direção da Casa um estudo sobre eventuais maneiras de acabar com os pagamentos.

Do UOL, Gazeta do Povo, Globo.com (EGO), editado por O Expresso.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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