BBC News O que está por trás das imagens da vala comum para mortos do coronavírus em Nova York

Da página em Português da BBC News

A percepção do tamanho da tragédia do coronavírus na cidade de Nova York ganhou novos contornos depois que vieram à tona imagens de pessoas com trajes especiais enterrando caixões em valas comuns nesta sexta-feira (10).

Um drone registrou a operação em Hart Island, região usada há mais de 150 anos por autoridades para enterros daqueles sem parentes próximos ou de famílias sem condições financeiras para arcar com os custos.

Cerca de 25 pessoas costumam ser enterradas por semana na ilha, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

Mas, em meio à pandemia da covid-19, os enterros no local passaram a acontecer cinco vezes por semana, com cerca de 24 deles por dia, diz o porta-voz do Departamento Penintenciário Jason Kersten.

Detentos de Rikers Island, o maior complexo penintenciário da cidade, costumam realizar os enterros em Hart Island. Mas o aumento da carga de trabalho fez com que funcionários terceirizados precisassem ser contratados.

Na semana passada, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou que “enterros temporários” podem ser necessários até o fim da crise.

O Estado de Nova York agora tem mais casos registrados de coronavírus que qualquer outro país do mundo, exceto os próprios Estados Unidos.

Hart Island é usada há mais de 100 anos para enterrar pessoas sem parentes próximos ou de famílias sem dinheiro para arcar com os custos© Reuters Hart Island é usada há mais de 100 anos para enterrar pessoas sem parentes próximos ou de famílias sem dinheiro para arcar com os custos

Nesta sexta-feira (10/04), Nova York tinha cerca de 170 mil casos. Isso representa quase 10% de todos os casos registrados no mundo até agora, cerca 1,65 milhão. Os Estados Unidos lideram com 484 mil.

A cifra supera os casos registrados na Espanha (157 mil) e na Itália (143 mil). Mas o número de mortes é menor: 7.844 em Nova York, ante 15.970 em território espanhol e 18.849 em território italiano.

É importante deixar claro que cada localidade realiza um volume diferente de testes, o que interfere no total de casos identificados. Além disso, os dados divulgados não seguem a mesma metodologia e os números absolutos acima também não levam em conta os tamanhos das populações.

A população da Itália (60 milhões) é o triplo da do Estado de Nova York (19,5 milhões) e quase 25% maior que a da Espanha (47 milhões).

Cerca de 40 caixões foram enterrados na quinta-feira© Reuters Cerca de 40 caixões foram enterrados na quinta-feira

‘Explosão silenciosa’

Por outro lado, o governador Andrew Cuomo divulgou que o número de pacientes com covid-19 internados em hospitais caiu pelo segundo dia seguido, para 200. Ainda é cedo, no entanto, para afirmar que há uma tendência consolidada.

Cuomo afirmou que os dados apontam que a estratégia de distanciamento social está funcionando. Segundo ele, a pandemia “é uma explosão silenciosa que se espalha por nossa sociedade com a mesma aleatoriedade e maldade que vimos no 11 de Setembro”.

O governo federal dos Estados Unidos também divulgou dados mais positivos. Anthony Fauci, médico da força-tarefa criada pela Casa Branca contra o coronavírus, afirmou que as projeções indicam que cerca de 60 mil americanos devem morrer em decorrência da covid-19.

No fim do mês passado, Fauci estimava essa cifra entre 100 mil e 200 mil mortes. A projeção de 60 mil mortes está no mesmo patamar do total estimado de mortes de gripe nos EUA entre outubro de 2019 e março de 2020, segundo dados oficiais.

Mas o vice-presidente americano, Mike Pence, lembrou que o coronavírus é quase três vezes mais contagioso que o vírus influenza, causador da gripe sazonal.

Inicialmente, a Casa Branca estimou que 2,2 milhões de americanos morreriam por covid-19 se nenhuma medida fosse adotada, a exemplo das quarentenas em massa.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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