No Reino dos Alucinados, a ideia de uma conspiração comunista!

Da coluna de Jamil Chade.

O chanceler Ernesto Araújo postou em plena madrugada de ontem um texto em suas redes sociais. Não se trata de uma orientação para lutar contra a pior crise sanitária em quase cem anos.

Nem um plano sobre como conseguir respiradores, testes ou máscaras. Tampouco se trata de uma estratégia para costurar novas alianças para garantir a recuperação da economia.

Trata-se de algo muito mais relevante aparentemente: um alerta sobre a necessidade de que se combata o comunismo que, segundo ele, vai se aproveitar do momento de crise e de apelos por solidariedade para implementar sua ideologia por meio do fortalecimento de entidades internacionais, como a OMS.

Diplomatas, já nas primeiras horas do dia, sussurravam que o novo texto pode ainda deixar irritados os representantes chineses, que já alertaram ao governo brasileiro sobre o comportamento de sua diplomacia. Pequim não hesitou em criticar a postura de Eduardo Bolsonaro em março e, segundo fontes, não tem feito gestos generosos com relação ao governo federal na venda de produtos hospitalares.

Ao longo das últimas semanas, o governo brasileiro se distanciou de iniciativas internacionais, não apoiou resoluções na ONU, não criticou o corte de dinheiro dos EUA para a OMS, não enviou ministros para reuniões, não adotou uma postura de protagonismo no cenário internacional e não foi a uma reunião entre ministros para fortalecer o multilateralismo.

Para completar, comprou briga com a China. Desde sua chegada ao poder, Araújo deixou claro que o estado-nação não deve se submeter a um poder internacional e vem implementando tal visão durante a pandemia.

Agora, ele dá pistas do motivo para tal postura. “O Coronavírus nos faz despertar novamente para o pesadelo comunista”, adverte o título do texto do chanceler. “Chegou o Comunavírus”, escreveu o ministro, conhecido por suas posições próximas ao governo dos EUA.

Segundo ele, a ideia de transferir poderes para a OMS seria o primeiro passo de um plano comunista. Araújo insiste que tal ameaça fica esclarecida em uma obra de Slavoj Zizek, “um dos principais teóricos marxistas da atualidade, em seu livreto “Virus”, recém-publicado na Itália”.

“Zizek revela aquilo que os marxistas há trinta anos escondem: o globalismo substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo.

A pandemia do coronavírus representa, para ele, uma imensa oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade”, disse o brasileiro, que indica a influência do autor em diversos meios. “Zizek explicita aquilo que vinha sendo preparado há trinta anos.”

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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