Nota conjunta alerta para frágil estrutura e projeção da contaminação do COVID-19 no Oeste baiano.

O Grupo de Trabalho para Gerenciamento do COVID-19 da UFOB, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Barreiras e a Universidade do Estado da Bahia – Campus IX – Barreiras fizeram publicar nota pública conjunta, no dia de ontem, alertando a população e autoridades para a projeção de contaminação do Coronavírus na região Oeste.

Diz a nota conjunta, entre outras considerações e um grande volume de dados técnicos:

“As evidências científicas apontam um colapso mais significativo sobre os sistemas e serviços municipais de saúde com baixa capacidade de estruturação e oferta de equipamentos, equipes e insumos para saúde, inclusive nos casos em que a demanda por leitos de terapia intensiva possa extrapolar a capacidade de oferta dos hospitais de referência (WALKER et al., 2020).

Diante da flexibilização no funcionamento do comércio em várias cidades da região Oeste da Bahia, salientamos que os dados de projeção apresentados ratificam a necessidade dos gestores municipais avaliarem, com cautela, os impactos dessa flexibilização sobre as medidas de distanciamento social necessária ao controle da pandemia da COVID-19.

Isso porque, embora o crescimento e o impacto da pandemia da COVID-19 estarem relacionados com a composição etária da população, outras questões precisam ser analisadas como as comorbidades associadas à maior gravidade, perfil ocupacional dos infectados, planejamento e a disponibilidade de leitos.

Neste momento, torna-se importante analisar o cenário dos casos, possíveis riscos e capacidade de resposta da rede de saúde.

A região Oeste da Bahia é um cenário preocupante, pois, de acordo com os dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), apresenta baixa projeção na ampliação de leitos regionais para os casos graves da COVID-19, ao passo que a população ultrapassa 500 mil habitantes, distribuída em 37 municípios de pequeno e médio porte, com frágil estrutura (financeira, tecnológica e de pessoal) para ampliação de leitos e aquisição de ventiladores mecânicos.

Conta-se com o planejamento de um número ínfimo de leitos de UTI para toda região, sendo 10 leitos no Hospital do Oeste e com contratualização de mais 20 leitos no Hospital Central de Barreiras-BA (BAHIA, 2020).
Destacamos que o aumento no número de pacientes com COVID-19 demanda
uma necessidade de oferta de atendimentos na rede assistencial dos municípios e, caso essa rede de serviços não tenha capacidade instalada para operar com a demanda emergente, a situação poderá implicar em desassistência e risco de alta mortalidade dos casos graves.

Outra problemática em caso de descontrole da pandemia na região Oeste da Bahia está nos desafios da testagem para a COVID-19, em virtude do cenário nacional apresentar baixa capacidade de produção, montagem e distribuição dos kits de testagem; a dificuldade de compra de insumos no mercado internacional, diante da concorrência do Brasil com países desenvolvidos quanto ao suprimento de reagentes produzidos; e a limitada oferta e formação de profissionais com capacidade técnica para executar os testes moleculares (REDE COVIDA, 2020).

Diante do panorama relatado, externamos nossa preocupação com a flexibilização no distanciamento social nas cidades da região Oeste da Bahia. Essa preocupação também foi evidenciada no boletim informativo do Ministério da Saúde, do dia 28 de março de 2020, cuja equipe estuda a melhor forma de retornar às atividades com cautela e segurança a toda população.

Também nos preocupamos com a segurança dos trabalhadores que retornarão às atividades, uma vez que estamos enfrentando escassez de
insumos, como álcool gel 70% e de equipamentos de proteção individual como máscaras, toucas, luvas, aventais, inclusive para uso dos profissionais de saúde em serviços de todo o país. Por esse motivo, reiteramos a manutenção de ações de distanciamento social para população e um planejamento cauteloso e adequado para utilização dos serviços essenciais
para a população.

Nesse sentido, os Grupos de Trabalhos (GT’s) para o gerenciamento da COVID19 da UFOB, da UNEB e do IFBA orientam que sejam avaliados os impactos que as decisões tenham ocasionado sobre as medidas de distanciamento social e um possível aumento da circulação de pessoas nas ruas, com consequente crescimento da exposição da população ao risco de infecção pelo novo coronavírus.

Torna-se imprescindível que se estabeleça uma metodologia descrita e transparente para implementação do modelo de distanciamento social e o planejamento e monitoramento do acesso e fluxo das pessoas nesses locais, garantindo equipes necessárias para orientação e o exercício do adequado controle sanitário, conforme orientações das autoridades de saúde nacional e estadual.

Diante dos dados apresentados, respeitosamente, recomendamos aos senhores gestores públicos da região para que mantenham as restrições às atividades não essenciais. Acreditamos que podemos agir simultaneamente no sentido de nos tornar mais fortes para enfrentamento da pandemia, minimizando seus impactos regionais.

A íntegra da nota conjunta e as suas projeções em gráficos poderão ser acessadas clicando aqui.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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