Está aí a sarna que o Governo estava procurando pra se coçar: sem meio ambiente, não tem negócios com a Europa.

Se você, ilustre leitor, acredita que o nosso mercado exportador está voltado apenas aos países da Ásia, pergunte aos plantadores de frutas do Vale do Rio São Francisco se conseguem sobreviver sem os preços em dólar da exportação. Só para citar um exemplo. Os negócios de café, minério, carnes e sub-produtos de soja com a Europa são importantes para o País.

Informa o G1 e o Jornal Nacional:

Embaixadores de países europeus enviaram uma carta ao governo brasileiro cobrando medidas para conter o desmatamento na Amazônia e alertaram que a devastação dificulta a importação de produtos brasileiros.

Na carta enviada ao vice-presidente Hamilton Mourão, assinam a Bélgica e a parceria das declarações de Amsterdã, grupo formado por sete países: Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Noruega e Reino Unido.

Eles cobram um “compromisso político firme e renovado por parte do governo brasileiro para reduzir o desflorestamento”. Afirmam esperar “que isso se reflita em ações reais imediatas”, e que é legitimo o interesse da Europa em consumir alimentos produzidos de forma justa, ambientalmente adequada e sustentável.

A carta destaca que, “enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”.

Diante da pressão dos europeus, o vice-presidente Hamilton Mourão se reuniu com os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, da Agricultura, Tereza Cristina e o embaixador Otávio Brandelli, número dois do Itamaraty. Na saída, questionado sobre as queimadas que vêm aumentando em setembro tanto no Pantanal quanto na Amazônia, Mourão sugeriu que quem atua no combate à incêndios falhou na semana passada.

Os 14 primeiros dias de setembro já superam o número de queimadas dos 30 dias de setembro de 2019. Em outra reunião nesta quarta-feira (16) com o diretor do Inpe, Mourão pediu uma análise detalhada sobre as áreas que estão sendo desmatadas e queimadas. Depois de criticar a divulgação dos números do desmatamento pelo Inpe, ele reconheceu, nesta terça, que os dados são públicos e estão disponíveis na internet para qualquer cidadão.

“Não tem mudança nenhuma na equipe. Não estou aqui para esconder nada. Não estamos aqui para esconder dado, seja bom ou seja ruim, tem que ser mostrado. Tenho responsabilidade perante a população brasileira”, disse Mourão.

Sobre a carta dos europeus, disse que pretende viajar com eles para a Amazônia. “O Itamaraty vai conversar com o embaixador alemão e, a partir daí, a gente começa a avançar no diálogo, vamos dizer assim”, destacou.

Especialistas em comércio exterior alertam que os produtos brasileiros já estão perdendo espaço no mercado internacional. E esse cenário pode piorar se o país não frear o desmatamento.

“A Europa é um grande mercado consumidor e ela cria precedentes para outros mercados também. E muitas vezes esse tipo de argumento acaba virando barreiras protecionistas contra a exportação de produtos brasileiros que não têm nada a ver com desmatamento”, avaliou Welber Barral, consultor em comércio internacional.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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