Otto Alencar diz não entender a derrota de Oziel

Otto Alencar: mal informado sobre a 8ª economia da Bahia.

O presidente estadual do PSD, senador Otto Alencar, exaltou o desempenho do partido nas eleições municipais de domingo (15). A sigla conquistou 105 prefeituras na Bahia e se manteve como a maior em número de prefeitos no estado.

Apesar do bom desempenho da legenda nas urnas, o senador lamentou a perda de prefeituras de cidades consideradas estratégicas para o partido, como Luís Eduardo Magalhães e Campo Formoso.

“A avaliação é que a eleição foi positiva para o PSD, fechamos com 105 prefeituras, mantivemos Ilhéus, ganhamos Itabuna. Mas eu lamento o partido ter perdido algumas prefeituras que eram bem avaliadas como Luís Eduardo Magalhães e Campo Formoso, dos prefeitos Oziel Oliveira e Rose Menezes. Sinceramente, não entendo a lógica do eleitor, mas respeito. Acho que, dificilmente, essas duas cidades terão dois bons prefeitos como eles”, diz Otto ao bahia.ba.

É natural que um Senador da República tenha pouco tempo para visitar as suas bases eleitorais, principalmente quando se espalha por todo um enorme estado como a Bahia. Fica óbvio que o Senador visitou muito pouco Luís Eduardo Magalhães nos últimos quatro anos e mais evidente, ainda, que realizou poucas pesquisas pré-eleitorais.

Em junho do ano passado, conforme pesquisa não publicada, a rejeição à gestão de Oziel Oliveira ultrapassava 70% e, em alguns setores, ele chegava a ter 1 voto frente a mais de 3 de seu desafiante, Júnior Marabá.

Sua aprovação sempre era abaixo de 25%, o que por final se traduziu nas urnas. Oziel apenas repetiu a votação de 2016, de 18.825 votos,  mas a surpresa final veio ao cabo da inscrição de mais de 12 mil novos eleitores na zona eleitoral.

A apertada margem da sua vitória, de 3,73% dos votos válidos (1.364 sufrágios), auferida em 2016, já eram o prenúncio de que, se não fizesse uma gestão exemplar, teria poucas condições de enfrentar o seu desafiante.

E convenhamos, afastados das paixões políticas, que a gestão de Oziel não passou nem perto da classificação sofrível. 

A par de não ter cumprido a maior parte de suas promessas eleitorais – asfalto, lixão, hospital – o atual prefeito ainda abandonou a cidade por 3 anos, que se tornou mais suja, mais esburacada e comprometida com a ausência de obras fundamentais de infraestrutura.

Ao optar por obras eleitoreiras de fim de mandato – com base na crença de que o eleitor não tem memória – Oziel errou feio. Concluiu poucas obras, como as escolas contratadas com os recursos dos precatórios do FUNDEF, implantou pavimentação de baixa qualidade, dobrou gastos com o recolhimento do lixo e do transporte escolar e nem mesmo a sede da municipalidade, que havia deixado em 2008 apenas na armação de concreto, foi capaz de concluir. 

Isso sem tocar no quesito de endividamento do erário e na falta de transparência, apoiado numa ampla maioria (2/3) no Legislativo, composta de vereadores plácidos e bovinamente apaniguados. 

Portanto, erra o senador Otto Alencar ao dizer que não entende o eleitorado. A leitura da Oposição foi mais precisa e conduziu Júnior Marabá a uma vitória robusta, que por pouco não atinge 10.000 votos de diferença, na eleição menos disputada da curta história do Município. 

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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