Fachin aciona sinal amarelo a Bolsonaro sobre ameaças e incentivo à violência.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro do STF, Edson Fachin | Sobreposição de imagens

“Um espectro insepulto ronda a democracia brasileira: o autoritarismo”, diz texto do ministro do STF no site jurídico mais lido do Brasil.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) escreveu um artigo, publicado na manhã desta segunda-feira (26) pelo site Conjur – o mais acessado pela esfera jurídica brasileira, sobre os gestos antidemocráticos do atual presidente da república, Jair Bolsonaro: “Um espectro insepulto ronda a democracia brasileira: o autoritarismo”, diz o ministro no início de seu texto, no qual relaciona atentados à liberdade de imprensa, apologia à ditadura, à tortura e à repressão política, retorno à militarização do governo civil, intimidações inadmissíveis a outros poderes, depreciação do valor do voto, xenofobia, misoginia, incentivo às armas e à violência“.

A mensagem de Fachin não requer interpretação. Apesar de não citar o nome de Bolsonaro, o texto é direto a ele e representa o acionamento do sinal amarelo, como em um semáforo, prestes a ficar vermelho. Leia a íntegra a seguir:

“Um chamamento necessário se faz reiterar, porquanto um espectro insepulto ronda a democracia brasileira: o autoritarismo. Pairam sobre as eleições de 2022 ameaças que têm sido repetidas. Esse mal também se banaliza diante do silêncio.

Impende vigiar pelas instituições democráticas sob pena de ser pago um custo demasiado alto e configurar um castigo de Sísifo.

Na Constituição de 1988, transportaram-se a um plano democrático os objetivos de uma sociedade justa, livre e solidária. Inscreveu-se nela a acepção de democracia, de Estado democrático (sob os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência) e de ordem econômica (pelo artigo 170, “fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa”).

Restaurada a democracia, mesmo que numa transição limitada, e repelido o autoritarismo, cumpria, então, efetivar políticas públicas essenciais à vida digna, à igualdade e à inclusão.

Estavam dadas as condições para o desempenho desse novo nomos. Sem eliminar ao fundo as contradições viscerais da realidade, a jornada, nada obstante, mostrara-se promissora.

É induvidoso que o contexto se tornou mais complexo e que, décadas depois da Constituinte, a justiça social prometida ficou a meio caminho, irrompendo reivindicações contra a administração do Estado. Debilitado o projeto constituinte na energia transformadora e nos freios inibitórios, que foram relegados diante dos tradicionais arranjos de poder, e frustradas grandes expectativas, no palco se recolocaram as condições para esvaziar o processo em curso (embora incompleto) de cumprimentos dos objetivos constitucionais.

Bastante é ver o que atualmente se apresenta: atentados à liberdade de imprensa, apologia à ditadura, à tortura e à repressão política, retorno à militarização do governo civil, intimidações inadmissíveis a outros poderes, depreciação do valor do voto, xenofobia, misoginia, incentivo às armas e à violência.

Há que resistir. Democracia corresponde a uma conquista que não pode ser jogada fora, a fim de alçar o Brasil verdadeiramente a uma sociedade livre, justa e solidária, possível somente após arrostar e superar a base escravagista, a desigualdade brutal e a ablação do direito a ter direitos.

Vivemos uma crise. Como tenho sustentado, é imperioso sair da crise sem sair da democracia. É missão de todos preservar o sistema eleitoral brasileiro, a legitimidade e a normalidade das eleições, porquanto essenciais à democracia.

Nunca é demais lembrar Ulpiano: orientemo-nos pelos deveres de justiça e da ética do viver honestamente, dar a cada um o que lhe pertence e não causar prejuízo a ninguém.

Há caminhos. Todos devem passar pela democracia, pela preservação do sistema eleitoral e pelas eleições de 2022

Conteúdo do URBS Magna.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre “Fachin aciona sinal amarelo a Bolsonaro sobre ameaças e incentivo à violência.”

  1. A militarização do governo desnuda condecorados arcaicos, maus administradores e uma tropa despreparada e mal a(r)mada. Melhor ficar nos quartéis entre brochas e caldas de cal, do que voltarem as ruas para ouvir novamente versos de Vandré no disco Canto Geral: “eu já fui até soldado, hoje muito mais amado sou chofer de caminhão” …

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