
Pelo que está previsto, o feijão vai aumentar, e muito, e sumir da mesa do consumidor mais pobre.
Com informações do Agrolink, editadas
O estado de São Paulo registrou sua pior estiagem em 91 anos, com a redução de área indicando a menor produção da década. As informações são do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijões e Pulses), acrescentando que, se o mercado atual está calmo, com menor volume de negócios, o “cenário que está se formando no horizonte agita o setor”.
A entidade explica que o polo de produção de São Paulo agora no segundo semestre é o sudoeste do estado: “A situação de preços comparativos de soja com Feijão levaram novamente à redução de área daquela região. No ano passado, estima-se que foi plantado ao redor de no máximo 30 mil ha. A área que menos diminuiu foi da Holambra, onde no ano passado foi plantado ao redor de 18.000 ha e este ano pode ter reduzido cerca de 10%”.
“Altamente tecnificada e com investimentos na irrigação, deve dar boa produtividade. O restante da região tem produtores arrependidos neste momento de ter plantado Feijão. Praticamente todo Feijão ou foi plantado ou replantado após as geadas de julho e junho. A maior parte foi plantada na segunda quinzena de agosto. Em solo gelado há todo tipo de problemas. Dificuldade de enraizamento, pragas e perda de vigor, somados à pior estiagem em 90 anos apontam que a produtividade será baixa”, projeta o presidente do Ibrafe, Marcelo Lüders.
De acordo com ele, o produto chegará ao mercado quando já houver escasseado o Feijão de Minas Gerais e Goiás. “Os produtores daqueles estados seguem em uma posição confortável. Sempre que o mercado acalma e os compradores ofertam abaixo de R$ 270, os produtores recuam e aguardam um ânimo diferente dos compradores para voltar a vender”, conclui.
Um pouco de história.
No início dos anos 80, o feijão sumiu da mesa dos brasileiros. Em janeiro de 81, fui à carteira agrícola do BB tratar de assuntos burocráticos. Quando me viu no balcão, o Chefe da Carteira me interpelou:
“Chega aqui, Gaúcho”. E logo me anunciou: “Tem uma cédula rural de financiamento de feijão para você assinar, 200 hectares”.
Eu ainda questionei: “Mas, além de não ter feito proposta, só tenho terra de primeiro ano, será que vou colher alguma coisa?”.
Ele me respondeu na lata: “Plante que o João garante”. Era o esforço do Governo João Figueiredo para acabar com a falta de feijão no País, que acabou gerando o sucesso da música “Feijão Maravilha” e a Globo criou até uma novela.
O Chefe da Carteira ainda me avisou: “Tira um talão de cheque novo e registra logo esse cédula que amanhã o dinheiro está na conta. E vá logo pra roça pra botar as plantadeiras a rodar”.
Fiz o que ele recomendava e ainda colhi uns 20 sacos por hectare, apesar de um veranico insidioso em fevereiro. Pelo valor do produto, 2 sacos por hectare pagavam o custeio.
Autor: jornaloexpresso
Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril
Ver todos posts por jornaloexpresso