Madame Almerinda, agora recalibrada.
Toca o telefone vermelho na redação de O Expresso. Pela insistência e pelo bina (quem se lembra do bina, a soberba invenção de um brasileiro?) adivinho que é Madame Almerinda, a cafetina dos espíritos, profetisa do baixo “Santi Cruiz” e portadora das más notícias do além.
-Você viu, caro periodista, os ataques dos vermelhos ao meu Presidente? Só podia ser na Rede Globo! Como tiveram a ousadia de dizer que Ele, o Mito, mentiu 13 vezes em 40 minutos.
-Pois é, Madame, o que ficou meio chato foi aquele negócio do Presidento imitar doentes de Covid…
Sou abruptamente interrompido:
-Ele nunca fez isso, meu jornalista. Aqueles vídeos são apócrifos, feitos pelos comunistas com um sósia do Mito. É deepfake!
– Reconheço, Madame. A Senhora, que há pouco tempo não sabia nem falar Português e escrevia “mim manda uma resposta urgente”, agora já sabe até termos modernos de Inglês. Quanta evolução! A Senhora também recebe mensagens no Telegram do Gabinete do Ódio?
– Acho que você está debochando de mim, caro periodista!
– De jeito nenhum, Madame. Imagine que eu, um democrata, vou debochar de uma cidadão do calibre da Senhora. Respeito seu voto no Oziel em 2020 e o seu voto no Mito em 2022. Mas acho que a Senhora perdeu em 2020 e vai perder em 2 de outubro próximo.
– Eu desisto. Quando você, meu Caro, está de maus bofes nada lhe convence. O que você tem contra o meu calibre. Saiba que fiz operação de períneo recentemente.
– Não desista, Madame. “Errar é o Mano”.
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