O elogio da estupidez: as mensagens com plano de golpe que PF encontrou no celular de Mauro Cid.

Forças Armadas chamam protestos golpistas de 'manifestações populares' |  Política | Valor Econômico

Plano necessitava de apoio das Forças Armadas e previa até a decretação de estado de sítio.

Novos detalhes de um plano de golpe de estado depois das eleições. É o que revela a quebra de sigilo do telefone do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O documento recebeu o nome de “Forças Armadas como Poder Moderador” e estava no celular do tenente-coronel Mauro Cid desde outubro do ano passado. O plano tem oito passos:

  1. Nomeação de um interventor federal.
  2. Fixação de um prazo para restabelecimento do que é chamado de “Ordem Constitucional”.
  3. Definição da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal como subordinadas ao interventor;
  4. Suspensão de atos do poder judiciário e afastamento de ministros.
  5. Abertura de inquérito para investigar os ministros afastados.
  6. Autorização para suspender atos considerados inconstitucionais praticados pelo judiciário.
  7. Substituição dos ministros do TSE afastados.
  8. Definição de prazo para a realização de novas eleições.

O plano necessitava de apoio das Forças Armadas e previa até a decretação de estado de sítio. Um dos maiores entusiastas do enredo é o coronel Jean Lawand Junior, do escritório de projetos estratégicos do estado-maior do Exército. Ele troca dezenas de mensagens com o então ajudante de ordens de Bolsonaro. Em uma das conversas ele diz:

Coronel Jean Lawand Jr. 

  • “Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem que o povo tá com ele. Ele não tem nada a perder. O presidente vai ser preso. E pior, na Papuda, cara.”

Tenente-coronel Mauro Cid

  • “Mas o PR não pode dar uma ordem… se ele não confia no Alto Comando do Exército.

Coronel Jean Lawand Jr. 

  • “Então ferrou… Vai ter que ser pelo povo mesmo.”

A Polícia Federal identificou ainda vídeos e posicionamentos do jurista Ives Granda Martins a respeito da aplicação do artigo 142 da Constituição Federal e o ‘papel das Forças Armadas com poder moderador’. O que indicaria que o grupo buscava suporte jurídico para executar o golpe.

A PF não encontrou nenhum registro comprovando que Bolsonaro recebeu o documento propondo um golpe de estado. O que a investigação quer saber é se o ex-presidente e os militares trataram do assunto pessoalmente.

Nesta sexta-feira, Lula convocou o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, e o comandante do Exército, General Tomas Paiva. O presidente determinou que o coronel Lawand não seja mais o representante militar do brasil em Washington, nos estados unidos, e quer que o militar seja investigado aqui no país. Lula ainda pediu uma “varredura” nas Forças Armadas, para detectar se outros militares compactuavam com o plano.

Em nota, o Exército afirma que “opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro” que medidas administrativas já estão sendo tomadas e condutas julgadas irregulares serão tratadas pela justiça.”

A defesa de Bolsonaro afirmou que as conversas mostram que o ex-presidente jamais tratou sobre golpe.

Da Band.com, editado.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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