Supremacista: “rezei para que não fosse um de nós”. Pois era.

O governador de Utah, Spencer Cox disse que “rezou por 33 horas” para que o assassino de Charlie Kirk não fosse dos EUA ou de Utah. O político lamentou que o crime tenha sido cometido por um deles: branco, heterossexual, de família conservadora, republicana e armamentista. “Foi um de nós e isso parte meu coração”, desabafou.

Por Felipe Borges, do portal Pragmatismo Político

O atirador e o Governador: da mesma canalha de supremacistas brancos.

O governador de Utah, Spencer Cox, afirmou em entrevista coletiva que passou 33 horas em oração para que o responsável pela morte do influenciador de extrema direita Charlie Kirk não fosse um cidadão norte-americano – e, sobretudo, não fosse de seu próprio estado.

“Eu rezei durante 33 horas para que não fosse um de nós. Para que fosse alguém de fora da nossa comunidade ou do nosso estado. Porque aí você pode dizer: ‘Nós não fazemos isso aqui.’ Mas foi um de nós. E isso parte meu coração”, declarou Cox, visivelmente emocionado.

O atirador, identificado como Tyler Robinson, se entregou à polícia horas antes do pronunciamento. Ele é morador de Utah, branco, heterossexual, de família conservadora, republicana e armamentista. Robinson permanece preso na cidade de Spanish Fork, no interior do estado.

O que aconteceu

Charlie Kirk, aliado político de Donald Trump e uma das figuras mais ativas da extrema direita norte-americana, foi morto a tiros na última semana. O crime reacendeu o debate sobre a escalada da violência política nos Estados Unidos.

Cox classificou o episódio como “um ataque aos nossos ideais” e alertou para a gravidade da radicalização interna. “Não podemos fingir que isso não está acontecendo aqui. Precisamos enfrentar a violência política que ameaça a nossa nação”, afirmou.

Repercussão das declarações

As falas do governador, no entanto, não foram bem recebidas. Ao afirmar que desejava que o crime tivesse sido cometido por alguém “de fora”, Cox foi acusado de xenofobia e de tentar se afastar do agressor em termos identitários.

Nas redes sociais, críticos apontaram que o discurso do governador reforça divisões raciais e culturais. “Quando o criminoso é branco e local, tentam tratá-lo como exceção. Se fosse imigrante, diriam que é a regra”, escreveu uma usuária.

O jornal The Times of India destacou ainda que o pronunciamento foi feito ao lado do chefe da FBI em Utah, Kash Patel, de ascendência indiana – o que acentuou a percepção de constrangimento diante da fala.

Posição política de Cox

Republicano, Spencer Cox já divergiu em algumas ocasiões de Donald Trump, mas mantém alinhamento com a pauta de controle rigoroso da imigração. Nos últimos anos, defendeu medidas contra imigrantes ilegais e repetiu argumentos de que estrangeiros são responsáveis por parte significativa da criminalidade no país.

Ao lamentar que o assassino de Kirk fosse um “dos seus”, Cox acabou revelando a contradição de uma agenda que busca responsabilizar sobretudo o “outro” pelos episódios de violência. Desta vez, o autor do crime não era um imigrante, mas um cidadão local, formado dentro do mesmo ambiente político e cultural que o próprio governador representa.

Devem existir norte-americanos empáticos, defensores do fim das desigualdades de raça, cor e sexo. Não sendo assim, sem a colaboração de milhões de imigrantes pobres e trabalhadoires, não teriam construído essa grande nação. Mas, nos parece aqui dos trópicos ao Sul do Equador, que eles são cada vez menos com esse alteamento da onda supremacista, nazista, xenofóbica, liderada por esse grande canalha chamado  Donald John Trump. 

 

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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