Delegada de Cocos é afastada por suspeição de prevaricação.

Investigação aponta fraude, falsificação e omissões que podem ter comprometido investigações e favorecido criminosos na região.

Por Thiago Teixeira, no BNews

A delegada Luzmaia Cecília de Souza e Silva, até então titular na Delegacia Territorial de Cocos, no Oeste baiano, foi afastada do cargo sob suspeita de prevaricação. A determinação do afastamento acompanhada da abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) partiu do delegado-geral da Polícia Civil da Bahia, André Viana.

A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) da última sexta-feira (24). Inicialmente, a delegada não teve o nome divulgado na portaria. No entanto, o BNews a identificou por meio do cruzamento dos dados de sua matrícula. Os casos teriam ocorrido ao longo de três anos, entre 2023 e 2025.

A portaria que afastou a delegada atende a decisão liminar proferida pela Vara Criminal da Comarca de Cocos. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) já tem se debruçado sobre o caso que está em segredo de Justiça. A investigação interna instaurada pela polícia designou três delegados para cuidar do caso.

Dentre as suspeitas, se destacam indícios de fraudes, omissão e falsificação de documentos com o intuito de dificultar investigações, além do favorecimento a um vereador preso em flagrante por tentativa de homicídio na Bahia. As ações de Luzmaia foram interpretadas como uma prática “reiterada e sistemática” de prevaricação.

A Delegada Titular da Delegacia Territorial de Cocos/BA, entre os anos de 2023 e 2025, teria, de forma reiterada e sistemática: deixado de praticar, indevidamente, atos de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, cita um trecho da portaria.

Confira os indícios apontados pela investigação contra a delegada:

  • Omissão no cumprimento de requisições ministeriais e determinações judiciais, resultando, segundo a portaria, na prescrição de pretensões punitivas;
  • Obstaculização ao trabalho de órgãos de proteção, como o Conselho Tutelar e o Creas, e descumprimento de mandado de prisão;
  • Alegação de inserção de declaração supostamente falsa em documentos públicos, com a finalidade de alterar a verdade sobre o acervo de inquéritos pendentes, apresentando números “drasticamente inferiores à realidade” com o intuito de ludibriar o órgão de controle externo e obter prorrogações de prazo;
  • Suspeita de ter auxiliado um autor de crime (descrito como um vereador preso em flagrante por tentativa de homicídio) a subtrair-se da ação da autoridade pública, ao comparecer fora de seu horário, desclassificar a conduta para lesão corporal leve e liberar o conduzido;
  • Alegação de negligência que teria culminado na fuga de um preso custodiado e na soltura irregular de outro custodiado sem o alvará judicial.

Ainda de acordo com a portaria, se comprovados, tais fatos, podem configurar as infrações disciplinares previstas na Lei Estadual nº 11.370/2009. O BNews entrou em contato com a Polícia Civil, mas até a publicação desta reportagem, nenhum posicionamento foi enviado. O espaço segue aberto.

Veja aqui reportagem de A Tarde, republicada no site Cidade em Revista, os fatos que podem ter originado a suspeição da Delegada.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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