Segundo meteorologista do Climatempo, na última semana do mês de fevereiro, a atuação de uma frente fria e um ciclone extratropical no oceano devem provocar chuvas fortes e persistentes sobre áreas produtoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo informações da meteorologista Nadiara Pereira, do Climatempo, a curto prazo estão previstas chuvas fortes nas principais áreas produtoras de milho e isso deve continuar impactando a colheita da soja e retardando o plantio do milho segunda safra.
A meteorologista informa que na última semana do mês de fevereiro, a atuação de uma frente fria e um ciclone extratropical no oceano devem provocar chuvas fortes e persistentes sobre áreas produtoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
“Além das chuvas, há expectativa para declínio da temperatura máxima, uma condição típica de invernada, condição que paralisa as atividades no campo, especialmente entre o Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais, sul de Goiás e em Mato Grosso”, enfatiza.
Previsão acumulada para os próximos 5 dias
Para os próximos meses, a tendência é que a umidade fique mais concentrada sobre a metade norte do Brasil e são esperadas, inclusive, chuvas acima da média entre março e abril sobre partes do centro e norte do País. Grande parte das áreas produtoras do Sudeste, do Centro-Oeste e do Matopiba devem registrar chuvas entre a média ou ligeiramente acima da média, o que, apesar de em alguns momentos impactar os trabalhos em campo, deve favorecer a manutenção da umidade do solo para o bom desenvolvimento das lavouras de milho segunda safra.
Áreas entre o interior da região Sul, interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul devem ter uma mudança de padrão, em relação aos últimos períodos, e uma redução das chuvas. Os episódios dever ocorrer mais espaçados e os volumes devem ocorrer entre a média ou ligeiramente abaixo da média nos próximos meses. Ainda assim, não há previsão para corte das chuvas sobre essas áreas. Vale chamar a atenção, que devido o enfraquecimento do fenômeno La Niña, o risco de encurtamento do período chuvoso sobre interior do Brasil, no outono, diminui.
As chuvas devem ocorrer sobre grande parte das áreas produtoras até pelo menos o mês de abril e previsões mais estendidas indicam que até mesmo maio, que costuma ser um mês bastante seco no interior do país, há possibilidade para eventuais episódios de chuva chegando as áreas produtoras do Brasil central. Áreas do sul e oeste do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul merecem mais atenção, pois podem ser mais afetadas pela falta de umidade. Tanto em abril, quanto em maio tem previsão de desvio negativo de precipitação mais acentuado.
Previsão de desvio da precipitação para março, abril e maio de 2023. Fonte: Climatempo
Quanto às temperaturas, as previsões estendidas indicam risco de frio mais intenso sobre o Sul, a partir de meados de maio e principalmente no decorrer do mês de junho. Ainda é muito cedo para falarmos de risco de geada, no entanto, as previsões de longo prazo indicam risco maior para esse fenômeno a partir da segunda quinzena de junho sobre áreas produtoras entre o sul e oeste do Paraná.
É importante monitorar essas condições, pois as previsões mais estendidas ainda podem sofrer oscilações e geada é um fenômeno com previsibilidade de curtíssimo prazo. Vale ressaltar que a maior parte do outono deve ser marcada por neutralidade climática no Oceano Pacífico Equatorial, mas ainda com viés frio, devido ao período prolongado sob influência do fenômeno La Niña. Como entraremos na próxima estação com uma atmosfera mais fria, não se descarta a antecipação de ondas de frio mais intensas neste ano.
Em 2021, 54% do total comercializado tinham traços de ilegalidade
Nas últimas semanas, as fortes imagens de indígenas yanomami desnutridos e de grandes áreas de florestas devastadas pelo garimpo suscitaram a pergunta: para onde vai o ouro retirado das terras indígenas (TIs)? O Instituto Escolhas, que sistematiza estudos sobre mineração e uso da terra, aponta que, em 2021, 52,8 toneladas de ouro comercializadasno Brasil tinham graves indícios de ilegalidade, o que corresponde a mais da metade (54%) da produção nacional.
Entre 2015 e 2020, o total de ouro com indícios de ilegalidade comercializado no Brasil foi de 229 toneladas.
O instituto destaca, ainda, que quase dois terços do ouro (61%) são extraídos da Amazônia. A suspeita é de que 32 toneladas do metal recolhido na região, em 2021, eram irregulares. Em relatório, a entidade também cita quais os estados de onde saiu o ouro, no ano analisado. Mato Grosso é o principal local de origem (16 toneladas), seguido pelo Pará (13,6 toneladas), Rondônia, Tocantins, Amapá e Amazonas.
Embora se possa identificar a origem do ouro, saber o destino das pepitas é um desafio, conforme ressalta a gerente de Portfólio do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, que coordenou o estudo. Por isso, o instituto apresentou, junto com o diagnóstico, uma proposta de rastreio do ouro.
A medida envolveria diversos agentes públicos, como a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Banco Central, que é quem fornece informações sobre as instituições financeiras autorizadas a operar com ouro, atualiza e valida essas informações, além de fiscalizar as operações.
A proposta privilegia a tecnologia blockchain, que é uma sequência de registros digitais (blocks) conectados uns aos outros, formando uma corrente (chain). Tal recurso asseguraria que cada registro recebesse uma identificação única, que não pudesse ser alterada, o que garantiria a segurança das informações e, portanto, o rastreio do ouro.
Na avaliação de Larissa, a proposta é inovadora para o setor de ouro, em particular, mas não é exatamente uma novidade, de modo geral, pois mercados de outros produtos já adotam um modelo semelhante. Ademais, sublinha, a digitalização já é algo adotado pela ANM em seus processos.
“Um sistema como esse, digital, de coordenação de órgãos, já existe para a madeira, para a carne, em certa medida. Ou seja, são coisas já aplicadas em outras cadeias, não é algo que seria um esforço que o governo jamais fez. O governo brasileiro já fez esse tipo de sistema para outros produtos. E por quê? Muito pelo que a gente está começando a ver no ouro agora: por pressão de importadores, dos consumidores. Porque esses produtos, antigamente, também tinham muita ilegalidade e, aí, por pressão dos mercados, o governo começou a controlar como não se controlava antes”, diz.
“O que a gente tem para o ouro é mais ou menos o que a gente tinha na cadeia do couro, da cana, 20 anos atrás”, acrescenta.
A gerente comenta que, no Brasil, dois dos instrumentos que ajudam a confundir a percepção sobre o setor são o princípio da boa-fé nas negociações e aumento do rigor sobre o registro de transporte do ouro. Quanto à boa-fé, o que ocorre é a facilitação da “lavagem de ouro”, porque é por meio dela que os garimpeiros ou qualquer agente envolvido possa vendê-lo para as distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs), apenas preenchendo um formulário de papel, em que indicam a origem do metal. Isto é, não é feita nenhuma verificação das informações prestadas, o que permite que vendam o ouro ilegal como se fosse proveniente de área regular. Há também conflito de interesses, uma vez que os donos das DTVMs, seus familiares ou sócios podem ter lavras garimpeiras e serem eles mesmos os vendedores do ouro.
Larissa pontuou à Agência Brasil que, durante o levantamento dos milhares de registros, conseguiu rastrear apenas um dos lotes até o fim. O que geralmente ocorre é que se pode achar, no máximo, o estado ou o país onde o ouro é entregue, de modo que somente com um esforço, como o de jornalistas investigativos, é que se prossegue nas buscas, identificando-se, por exemplo, as joalherias, bancos ou tradings que compram o ouro ilegal. Nesse caso, a equipe do instituto descobriu que o ouro foi levado para a Índia.
“É uma situação de crime perfeito”, afirma Larissa sobre as brechas da mineração de ouro.
Poder público
Perguntada sobre a obtenção de apoio de parlamentares junto à causa, Larissa responde que o Brasil passa por uma “janela de pressão” em torno do tema. O que pode propiciar a aprovação de leis ou mesmo de uma medida provisória para endurecer as regras.
Comunidade Yanomami em Roraima – Reuters/Bruno Kelly/Direitos Reservados
Ao lado de parlamentares, pode haver outras vias de auxílio, na redução dos problemas. Os yanomami estão presentes nos estados do Amazonas e Roraima e na Venezuela. Seu território é imenso, o que pressupõe complexidade em relação às operações de segurança pública e atendimento de saúde.
Da logística dos garimpos ilegais na TI Yanomami fazem parte, entre outros pontos, esquemas de desvio de combustível de aviação e centenas de pistas de pouso clandestinas. Outro elemento imprescindível é a comunicação, o que faz com que garimpeiros precisem arranjar rádios e também ter acesso à internet.
Ciente de tal organização, no início de junho de 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso exigiu que a União apresentasse um plano detalhado de ações de desmantelamento dos acampamentos dos garimpeiros presentes na TI. Barroso pediu explicações à Polícia Federal e também à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre as empresas que fornecem internet aos garimpos ou como esse acesso está ocorrendo. A Agência Nacional de Petróleo (ANP), por sua vez, foi chamada pela Corte para listar quais distribuidoras e revendedoras de combustível de aviação que atendem a região.
O presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari Yanomami, entende que um aliado fundamental na defesa dos direitos de seu povo tem sido o Ministério Público Federal (MPF). Ele conta que garimpeiros circulam sem esboçar nenhum temor, com armas como submetralhadoras.
“A gente vive nas nossas comunidades, nas nossas casas, com medo, porque os garimpeiros ameaçam as lideranças, dizendo que essa terra tem dono, que quem manda aqui é [Jair] Bolsonaro”, relata.
No último dia 21, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, antecipou, em sua conta no Twitter, que oficiaria a Polícia Federal para apurar os “fortes indícios de genocídio e de outros crimes” relacionados “aos sofrimentos criminosos impostos aos yanomami”. Quatro dia depois, a corporação instaurou inquérito para apurar a possível prática de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais, além de outros atos ilícitos contra o povo yanomami.
A informação foi divulgada após anúncio do presidente Lula de interceptar aeronaves usadas em garimpo.
A Força Aérea Brasileira informou para a imprensa que “mantém alertas de defesa no espaço aéreo que compreendem a Terra Indígena Yanomami, operando a partir de Boa Vista (RR) e cumprindo ações de policiamento do espaço aéreo 24 horas por dia’
Segundo a FAB, só em 2022, foram realizadas 34 interceptações de aeronaves nas proximidades de Boa Vista, incluindo a região Yanomami.
As restrições de fiscalizações aéreas são, há anos, um dos principais problemas enfrentados pelas forças de segurança que atuam na proteção do território Yanomami.
Há falta generalizada de aeronaves por parte do Ibama, Funai e Instituto Chico Mendes (ICMBio), além de outras forças policiais que apoiam as operações.
As informações foram prestadas após o presidente Lula (PT) determinar agilidade para cortar os tráfegos aéreo e fluvial de garimpos ilegais em terra yanomami, em Roraima.
O objetivo do governo é iniciar um processo de remoção dos criminosos, conforme anunciado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Em reunião com sete ministros e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, Lula determinou que as ações sejam feitas “no menor prazo”, “para estancar a mortandade e auxiliar as famílias yanomami”.
As iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos” disse a Presidência da República, por meio de nota.
No final de semana, Marina disse à Folha de S. Paulo que governo iria fazer uma megaoperação unindo diversos ministérios.O objetivo é remover entre 20 e 40 mil garimpeiros da região.
O garimpo ilegal é realidade de décadas na terra Yanomami, mas teve aumento exponencial em 2019, conforme apontam dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.
A paisagem gaúcha, com rios interrompidos, se assemelha ao Nordeste do País no estio.
Dados apurados pela Famurs – Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul levam em consideração 123 cidades. Contingente de decretos de emergência, contudo, chega a 212.
As perdas econômicas causadas pela estiagem no Rio Grande do Sul já somam quase R$ 6 bilhões. Os dados foram apurados pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) junto a 123 municípios gaúchos.
Segundo a entidade, cerca de R$ 4,3 bilhões são referentes à agricultura, R$ 1,3 bilhão na pecuária e R$ 10 milhões em gastos com transporte de água pelas prefeituras.
O levantamento foi feito com base nas informações coletadas no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), que indica cerca de 2 milhões de pessoas atingidas pela seca no Estado.
Mais de dois milhões de atingidos
Os municípios gaúchos de Barra Funda e Santana da Boa Vista foram, nesta segunda-feira, os mais recentes a protocolar declarações de situação de emergência junto ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), do Sistema Nacional e Proteção e Defesa Civil, somando 214 cidades, ou 43% do total estadual, com protocolos feitos em razão da crescente estiagem.
O número não para de aumentar, o que gera preocupação por parte de autoridades e organizações atuantes no Estado, como a Famurs
Produção agrícola pode cair 30% sem redução de emissões até 2030
A capacidade de adaptação dos países às mudanças causadas pelo aquecimento global pode acabar, caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam drasticamente reduzidos nesta década.
Segundo relatório da Chatham House, think tank (instituições que se dedicam a produzir conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos) britânica de pesquisa sobre o desenvolvimento internacional, fundada em 1920, as mudanças podem ser irreversíveis entre 2040 e 2050.
O alerta está na Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas, documento desenvolvido para subsidiar as tomadas de decisões dos chefes de Governo e ministros antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), marcada para ocorrer de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.
Para o pesquisador sênior do Programa de Meio Ambiente e Sociedade da Chatham House, Daniel Quiggin, um dos autores do relatório, as metas estabelecidas por muitos países para neutralizar as emissões de carbono e a maior ambição com relação às metas nacionais de redução de gases de efeito estufa são uma esperança. Embora, segundo ele, não passem de promessas.
“Muitos países não têm políticas, regulamentações, legislação, incentivos e mecanismos de mercado proporcionais para realmente cumprir essas metas. Além disso, os NDCs [da sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada] revisados globalmente ainda não fornecem uma boa chance de evitar o aquecimento em 2ºC. Devemos lembrar que muitos cientistas do clima estão preocupados que, além dos 2ºC, uma mudança climática descontrolada possa ser iniciada”, alerta.
As metas nacionais foram determinadas a partir do Acordo de Paris, tratado negociado durante a COP21, em 2015, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. O acordo rege a redução de emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020, para tentar manter o aquecimento global abaixo de 2ºC até o fim do século, num contexto de desenvolvimento sustentável.
Quiggin alerta que as metas definidas ainda não garantem a neutralidade do carbono.
“O balanço zero líquido das emissões depende de tecnologias de emissão negativa, que atualmente não são comprovadas empiricamente em escala comercial. Em resumo, as metas que os países buscam estão se movendo na direção certa, mas ainda não conseguem evitar a devastadora mudança climática. E as políticas de apoio às metas existentes são insuficientes para atingir essas metas”, disse.
Ondas de calor
A avaliação, lançada essa semana em Londres, aponta que a falta de medidas concretas por parte dos governos pode levar a temperaturas extremas a partir da década de 2030, causando 10 milhões de mortes ao ar livre. Ondas de calor anuais podem afetar 70% da população mundial e 700 milhões de pessoas estarão expostas a secas severas e prolongadas todos os anos.
O documento também alerta para a redução de 30% na produção agrícola até 2050 e que 400 milhões de pessoas não poderão mais trabalhar ao ar livre por causa do aquecimento global. Para 2040, há uma expectativa de perda de rendimento de pelo menos 10% nos quatro principais países produtores de milho: Estados Unidos, China, Brasil e Argentina.
Na virada do próximo século, um aumento de 1 metro no nível do mar pode aumentar a probabilidade das grandes inundações em cerca de 40 vezes para Xangai, 200 vezes para Nova York e mil vezes para Calcutá.
Segundo Quinggin, os atuais esforços globais para conter o aquecimento dão ao mundo menos de 5% de chance de manter o aquecimento abaixo de 2°C.
“Sem ações radicais em todos os setores, mas especialmente dos grandes emissores, temperaturas extremas, quedas dramáticas nos rendimentos agrícolas e secas severas prolongadas provavelmente resultarão em milhões de mortes adicionais na próxima década. Ainda há uma janela de oportunidade real (embora ela esteja se fechando) para uma ambição muito maior de todos os governos, para evitar os impactos mais catastróficos das mudanças climáticas”.
A avaliação da Chatham House indica que o ritmo atual dos esforços de descarbonização podem segurar o aquecimento até 2100 em 2,7°C, mas a chance de a temperatura média do planeta subir 3,5°C é de 10%. O pesquisador explica que as restrições de mobilidade ocorridas por causa da pandemia da covid-19 contribuíram apenas momentaneamente para a redução das emissões.
“Nós consideramos isso, mas dado que as emissões se recuperaram muito rapidamente, e agora estão subindo novamente, o breve alívio oferecido pelos bloqueios nas emissões foi insuficiente para mudar nossa avaliação do ritmo e gravidade das mudanças climáticas”, explica.
A Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas é o primeiro de uma série de relatórios de pesquisa aprofundados que a Chatham House vai lançar até a COP26, analisando as consequências do aquecimento do planeta e indicando as ações que precisam ser tomadas para evitar o desastre climático. O trabalho é feito por cientistas e analistas políticos no Reino Unido e na China.
Edição: Fernando Fraga
Nota da Redação:
Atualmente, superamos 7,5 bilhões de habitantes na Terra. Em 2050, nossos filhos e os filhos dos nossos filhos viverão em um planeta habitado por no mínimo nove bilhões de pessoas. Antes do final do século atual, seremos pelo menos dez bilhões.
A população brasileira deve chegar a 233 milhões de pessoas em 2050, antes de cair para 208 milhões em 2200, de acordo com projeções publicadas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Então pode ser correto pensar que nossos netos não morrerão apenas de calor. Mas também de fome e de sede. Volte para a sua fazenda, nesta segunda-feira, e escolha o melhor local para fazer um grande viveiro de mudas de espécies nativas, com o objetivo de formar grandes bosques em sua propriedade. Pode ser útil num futuro muito próximo. E nas próximas eleições vote em um candidato que pense em preservar a Amazônia, a Mata Atlântica e recuperar o cerrado com espécies nativas.
Poço Encantado, na Chapada Diamantina: afloramento do aquífero Urucuia que sustenta todo o sistema hidrográfico do Oeste baiano.
Artigo de José Alvaro de Lima Cardoso
O problema da falta de água, que é diagnosticado em várias partes do mundo, afeta sempre a sociedade de forma diferenciada. Como todo direito básico existente, quem enfrenta dificuldades no acesso a água são sempre os mais pobres, o que ocorre tanto nos países imperialistas centrais, quanto nos subdesenvolvidos.
Os EUA e a Europa também enfrentam grandes problemas de falta de água, a maioria dos rios dos EUA e do Velho Continente estão contaminados. No caso dos EUA, o próprio desenvolvimento recente da indústria extrativa de gás de xisto contribui para a contaminação dos lençóis de água.
Esse importante debate ganhou um novo capítulo no Brasil, com a aprovação, nesta quarta-feira (11/12) do projeto de lei do saneamento básico (PL 4162/19, do Poder Executivo), que trata da Política Federal de Saneamento Básico e cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico. Dentre outros tópicos, a lei prevê a abertura da concessão do serviço de água e esgoto para empresas privadas. É que estão chamando de novo marco legal do Saneamento. O projeto, dentre outros, define o prazo de um ano para empresas estatais de água e esgoto anteciparem a renovação de contratos com municípios.
Nesse período as estatais de água e esgoto poderão renovar os chamados “contratos de programa”, acertados sem licitação com os municípios. Segundo o relator do projeto, o objetivo dessa última medida é possibilitar que as empresas tenham uma valorização dos ativos e possam ser privatizadas por um valor mais alto.
Os destaques tentados pela oposição, que visavam aliviar um pouco o projeto, foram todos rejeitados. Os defensores do projeto têm perspectivas de sancioná-lo rapidamente, talvez ainda em dezembro.
O senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), autor do projeto, qualificou de “corporativistas”, ao longo da tramitação no Parlamento, os parlamentares que se posicionaram contra o texto.
Classificado recentemente, por um outro parlamentar, como o “senador Coca-Cola”, Jereissati é, direta e financeiramente, interessado na privatização dos serviços de água e saneamento no Brasil. Seu patrimônio é estimado em R$ 400 milhões (informações de 2014). É um dos sócios do Grupo Jereissati, que comanda a Calila Participações, única acionista brasileira da Solar. Esta última empresa é uma das 20 maiores fabricantes de Coca-Cola do mundo e emprega 12 mil trabalhadores, em 13 fábricas e 36 centros de distribuição.
Na prática o novo Marco Regulatório do Saneamento Básico, autoriza a privatização dos serviços de saneamento no país (não nos enganemos: esse é o objetivo principal). O item mais polêmico do projeto é a vedação aos chamados “contratos de programa”, que são firmados entre estados e municípios para prestação dos serviços de saneamento. Os referidos contratos atualmente não exigem licitação, já que o contratado não é uma empresa privada. É evidente que, se não houver os contratos de programa, a maioria dos municípios terá que contratar serviços privados, pois não dispõem de estruturas nos municípios para desenvolver atividades de saneamento. É muito evidente que o projeto visa conduzir os municípios a contratarem empresas privadas.
Esta lei poderá quebrar as estatais de saneamento, o que abriria as portas para a privatização da água. Água é a matéria-prima mais cara para a produção de bebidas em geral. Para cada litro de bebida produzido, por exemplo, a Ambev declara usar 2,94 litros de água. Não existe nenhuma transparência nas informações divulgadas, mas ao que se sabe, as empresas de alimentos e bebidas contam com uma condição privilegiada no fornecimento de água e esgoto. Obtendo, por exemplo, descontos. No entanto, foram essas mesmas empresas que estiveram à frente da tentativa de aprovar o novo marco regulatório, possivelmente porque avaliam que, com o setor privatizado, pagarão ainda menos pelos serviços.
Tudo indica que os golpes desferidos na América Latina, com a coordenação geral dos EUA, têm também como favor motivador, os mananciais de água na Região. Em 2016, logo após o golpe no Brasil, o governo dos Estados Unidos iniciou negociação com o governo Macri sobre a instalação de bases militares na Argentina, uma em Ushuaia (Terra do Fogo) e outra localizada na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai). Um dos objetivos na instalação destas bases, tudo indica, foi o Aquífero Guarani, maior reserva subterrânea de água doce do mundo. O Aquífero, localizado na parte sul da América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) coloca a região como detentora de 47% das reservas superficiais e subterrâneas de água do mundo. Os EUA sabem que não há nação que consiga manter-se dominante sem água potável em abundância, por isso seu interesse em intensificar o domínio político e militar na região, além do acesso à água existente em abundância no Canadá, garantida por acordos como o do NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte, entre EUA, Canadá e México).
No começo de 2018, o “insuspeito” Michel Temer encontrou-se com o presidente da Nestlé, Paul Bucke, para uma conversa reversada. Não é preciso ser muito sagaz para concluir que o tema da conversa foi um pouco além de amenidades. Alguns meses depois, o governo Temer enviou ao Congresso uma Medida Provisória 844, que forçava os municípios a conceder os serviços, medida que não foi aprovada. No último dia de mandato, Temer editou a MP 868, que tratava basicamente do mesmo assunto. Em março deste ano, Tasso Jereissati foi nomeado relator. Quando a MP 868 perdeu validade no começo de março, o senador Tasso encaminhou o Projeto de Lei 3261, de 2019, que basicamente retomou o que constava da medida provisória. A proposta foi aprovada em comissão e plenário em tempo recorde, e rapidamente chegou à Câmara (o que demonstra a existência de forças muito poderosas por detrás do projeto).
A pressão para privatização da água é muito forte, conta com organizações financiadas pelos grandes grupos interessados, especialmente do setor de alimentos e bebidas e com cobertura do Banco Mundial. Os defensores da ́privatização têm um discurso sinuoso, como se não quisessem de fato, aquilo com o que sonham noite e dia. Sabe-se que a Coca-Cola disputa água no mundo todo e certamente não o faz por razões humanitárias. Uma unidade da empresa é acusada de ter secado as nascentes em Itabirito, na região metropolitana de Belo Horizonte. A fábrica, segundo as organizações de defesa do meio ambiente, secou nascentes dos rios Paraopeba e das Velhas – responsáveis por quase toda o abastecimento de água de Belo Horizonte. A Coca-Cola, claro, nega que a unidade esteja provocando falta de água na região e afirma que possui todas as licenças para funcionamento.
Em todo o mundo, diversos casos envolvem a Coca-Cola com privatização e controle sobre águas. Há relatos de que no México, regiões inteiras ficam sob “estresse hídrico” por causa de fábricas da empresa, que inclusive contam com água subsidiada. Existem cidades no México em que os bairros mais pobres dispõem de água corrente apenas em alguns momentos, em determinados dias da semana, obrigando a população comprar água extra. O resultado é que, em determinados lugares, os moradores tomam Coca-Cola, ao invés de água, por ser aquela mais fácil de conseguir, além do preço ser praticamente o mesmo. Há moradores destes locais que consomem 2 litros de refrigerante por dia, com consequências inevitáveis para a saúde pública.
Sobre o projeto de privatização das fontes de água no Brasil quase não se ouve posições contrárias. Estas são devidamente abafadas pelo monopólio da mídia. Exceto nos sites especializados e independentes. É que na área atuam interesses muito poderosos, com grande influência no Congresso Nacional, nos governos, nas associações de classes, empresariado, universidades. Os encontros realizados para discutir o assunto são patrocinados por gigantes como Ambev, Coca-Cola, Nestlé, que têm interesses completamente antagônicos aos da maioria da sociedade. Essas empresas investem uma parcela de seus lucros com propaganda, vinculando suas imagens a temas como sustentabilidade ambiental e iniciativas sociais, de acesso à água, e outras imposturas. Apesar de tudo isso ser jogo de cena para salvar suas peles e exuberantes lucros, enganam muitos incautos.
Os bolivianos se levantaram há 12 anos e não permitiram a privatização da água. No Brasil, Senadores votam em massa na entrega dos recursos ao setor privado – estrangeiro certamente – inclusive os dois baianos do PSD, Otto Alencar e Coronel. A Bahia depende de sua água, do grande lençol freático do aquífero Urucuia e da grande bacia do São Francisco para sustentar a pequena, a média e a grande agricultura.
Apesar de extremamente importante, não é muito conhecido no Brasil o episódio intitulado “A guerra da água da Bolívia”, ou “Guerra da água de Cochabamba”. Os grandes grupos de mídia que dominam a informação, a maioria ligados aos interesses do imperialismo, por razões óbvias, escondem o acontecimento. Entre janeiro e abril de 2000, ocorreu uma grande revolta popular em Cochabamba, a terceira maior cidade do país, contra a privatização do sistema municipal de gestão da água, depois que as tarifas cobradas pela empresa Aguas del Tunari (por “coincidência”, pertencente ao grupo norte-americano Bechtel) dobraram de preço. É fácil imaginar o que isso pode significar, em termos de qualidade de vida, para uma população extremamente pobre.
Em 8 de abril de 2000, Hugo Banzer, general e político de extrema direita que tinha assumido o governo da Bolívia através de um golpe de Estado, declarou estado de sítio. A repressão correu solta e a maioria dos líderes do movimento foram presos. Mas a população não recuou e continuou se manifestando vigorosamente, apesar da grande repressão. Em 20 de abril de 2000, com o governo percebendo que o povo não iria ceder, o general desistiu da privatização e anulou o contrato vendilhão de concessão de serviço público, firmado com a Bechtel. A intenção do governo era celebrar um contrato que iria vigorar por quarenta anos. Graças à mobilização da população, a Lei 2.029, que previa a privatização das águas do país, foi revogada.
Sanciona logo, Jair Messias Bolsonaro. Talvez a Coca-Cola lhe consiga um exílio confortável, na matriz, ao final da sua vida. Para os brasileiros que você vem traindo diariamente, água agora vai ser um artigo de luxo.
A Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas da Câmara dos Deputados realiza audiência pública nesta quarta-feira (16) para debater os instrumentos fiscais e creditícios para uso sustentável, conservação e recuperação de floresta e agropecuária sustentável.
Foi convidado para discutir o tema o autor do estudo “Investimentos de Impacto na Amazônia”, da SITAWI Finanças Sustentáveis, Cristóvão Albuquerque. E ainda representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura; do Centro de Cidadania Fiscal; e do BNDES Finem Meio Ambiente.
O tema da reunião faz parte do plano de trabalho para 2019, que estipulou a realização de 12 audiências públicas, visitas externas às áreas críticas da Floresta Amazônica afetadas por queimadas e reunião com o Parlamento Amazônico. O plano também estabeleceu a participação dos integrantes na Conferência do Clima (COP-25), no Chile, e na Cúpula da Ação Climática da ONU, em Nova York.
A audiência ocorrerá no plenário 7 da ala Alexandre Costa, no Senado, a partir das 14h30.
O evento será transmitido ao vivo pela internet. Os interessados poderão participar enviando perguntas e sugestões aos convidados. Clique aqui e participe.
Nota da Redação:
Manutenção de Florestas, agropecuária sustentável e preservação de rios e mares não pode ser reduzida a mero confronto político como parecem desejar Governo e Oposição. Preservar deve ser meta de todos, esquerda, direita, centro, negros, brancos, índios, garimpeiros e exploradores de madeira.
Custa menos ao garimpeiros e madeireiros fazer a exploração sustentável do que andar correndo, como bicho, de entidades de repressão. É só uma questão de inteligência.
Só pessoas de parcos recursos culturais elegem o confronto como o ideal para desenvolver suas atividades econômicas.
As áreas desmatadas na Amazônia totalizaram 2.254 km² em julho, 278% a mais que em julho de 2018 (596,6 km²), segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira (6), que confirmam uma tendência alarmante posta em dúvida pelo presidente Jair Bolsonaro. A informação é da AFP.
Nos últimos doze meses, o aumento do desmatamento na região foi de 40% com relação aos doze meses anteriores, totalizando 6.833 Km², de acordo com o sistema de detecção em tempo real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O Deter, que registra alertas de desmatamento em tempo real, tinha destacado em junho um aumento de 88% com relação ao mesmo mês do ano passado.
Bolsonaro questionou estes dados e insinuou que o presidente do INPE, Ricardo Galvão, poderia estar a serviço de alguma ONG, antes de exonerá-lo na sexta-feira, nomeando em seu lugar, interinamente, Darcton Policarpo Damião, um militar.
O presidente e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, rebateram na semana passada as leituras das imagens de satélites publicadas pelo INPE e prometeram a implantação de outro, que seria mais preciso.
Nota da Redação:
Um quilômetro quadrado equivale a 100 hectares. Portanto a área desmatada em julho equivale a 225.400 hectares. Um quarteirão normal de uma cidade tem 100×100 metro, o equivalente a uma hectare. Assim, a área do desmate é igual a 225.400 quarteirões.
Para outro termo de comparação, a área do município de São Paulo, capital, tem 1 521,11 km². A área desmatada na Amazonia corresponde então a quase o dobro da área do Município de São Paulo, que em sua parte urbana tem 968 km².
Apesar das diatribes, arrogância e atos autoritários do presidente Jair Bolsonaro, o que está acontecendo na Amazônia é um desastre sem precedentes.
Pior ainda: grandes partes desses desmatamentos vão virar pastagens, que em 3 anos estarão inutilizados, pela perda da fertilidade, pela juquira ( sobreposição de brotação de sub-bosque) e erosão do solo.
Quando se fala que Bolsonaro pode estar acabando com o País, não é uma imprecação sem sentido.
Ao desmatamento acelerado sucederão, além da pobreza do solo, a perda da biodiversidade, a diminuição das chuvas no Centro Oeste e no Sudeste do País e a rejeição institucional de importantes mercados como o do Mercado Comum Europeu.
Após revelação de testes realizados entre 2014 e 2017, que apontaram água contaminada em cidades de todo o Brasil, temos péssimos resultados em 11 grandes municípios do Oeste baiano. Oito dos agrotóxicos descobertos na água são associado(s) a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos. Acesse o mapa dos principais agrotóxicos contaminantes clicando aqui.
A notícia da contaminação da água em Luís Eduardo pode ser ainda mais trágica. Como aqui só é fornecida água do lençol freático profundo, pode se concluir que o Aquífero Urucuia, a segunda maior reserva de água do País, esteja também contaminado.
O mesmo nível de contaminação foi observado em São Desidério, Barreiras, Formosa do Rio Preto, Mansidão, Cotegipe, Baianópolis, Santana e Riachão das Neves. Em Correntina e Catolândia nunca foram realizados os testes.
Em municípios vizinhos, como Taguatinga, que se servem das águas brotadas nas veredas, filtradas dos grandes chapadões, a água potável está contaminada por 27 agrotóxicos.
Por Pedro Grigori | Agência Pública/Repórter Brasil, com edição de O Expresso.
Os números da tragédia
O brasileiro nunca consumiu tanto agrotóxico quanto hoje. O número de produtores que usam pesticidas na plantação cresceu 20% em 10 anos, segundo o IBGE, enquanto a aprovação para comercialização dos químicos subiu 135% em uma década, conforme mostrado nos novos registros publicados pelo Ministério da Agricultura. Apenas este ano, a pasta aprovou 169 novos produtos agrotóxicos e publicou a liberação de outros 197 registros.
Hoje são 2.263 produtos agrotóxicos no mercado, e um uso anual de mais de 500 mil toneladas, segundo o Ibama. Os venenos podem entrar no corpo por meio de contato com a pele, mucosa, pela respiração e pela ingestão. O risco é crescente devido à dificuldade em retirar os pesticidas dos alimentos e até mesmo da água.
Segundo pesquisadores consultados pela reportagem, ainda não há no mercado métodos que retirem totalmente o agrotóxico da água – o que reforça a importância de as autoridades monitorarem a qualidade da água.
Já no caso dos alimentos, deixar os produtos de molho na água sanitária, bicarbonato de sódio ou vinagre pode ajudar a retirar os tóxicos impregnados nas cascas – mas a medida não tem efeito nos casos em que o veneno (sistêmicos) chega à parte interna do produto.
Segundo dados do Ministério da Saúde dentro do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), mais de 1.300 cidades encontraram resíduos de agrotóxicos na água que sai das torneiras em medições feitas entre 2014 e 2017. Embora a maioria esteja abaixo do limite legal permitido no Brasil, não existem estudos sobre o potencial da mistura de diferentes agentes químicos.
O levantamento também descobriu que dentre os 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes na sua água entre 2014 e 2017.
A maioria dos filtros encontrados no mercado, como o de barro, não têm capacidade de retirar os agrotóxicos. “Uma vez que o pesticida chega na água, ainda não se tem um processo bem substanciado e que garanta que o cidadão possa usá-lo para fazer a purificação”, diz o professor Antônio da Hora, que ministra disciplina de Recursos Hídricos no Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O motivo são as transformações sofridas pelo pesticida. “Quando o princípio ativo cai na água de um rio, que pode servir de fonte de abastecimento, as moléculas sofrem vários processos químicos e microbiológicos. A degradação se dá via luz do solar, além da oxidação, e a molécula produz outros compostos, chamados de subprodutos. Um agrotóxico pode ter um, dois, três ou até mais subprodutos”, explica a professora e pesquisadora do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina Maria Josefá Yabe.
Porém, o professor de Recursos Hídricos da UFF Antônio da Hora informa que a população não precisa entrar em pânico sobre a presença de pesticida na água. “Não vejo esse sintoma a nível nacional. Talvez em uma região pontual ou outra, próximas às áreas de produção [agrícola]. Se você vê as resoluções do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que dão o limite máximo de agrotóxico na água, vemos que estamos bem abaixo”, explica.
De acordo com dados do Sisagua, 0,3% de todos os casos de pesticidas detectados na água entre 2014 a 2017 ultrapassaram o nível considerado seguro para cada substância, de acordo com o limite legal brasileiro. Os limites brasileiros, porém, são inferiores aos europeus. Do total de torneiras brasileiras contaminadas, 12% estavam acima do limite considerado seguro na União Europeia.
Água engarrafada
Segundo especialistas, nem mesmo a água mineral seria totalmente segura, pois o recurso é retirado de mananciais subterrâneos ou nascentes, que não deixam de ser suscetíveis a contaminação. Entretanto, no caso de água mineral engarrafada, o produto precisa passar por uma avaliação criteriosa antes de chegar ao mercado. A cada três anos as empresas precisam apresentar à Anvisa uma análise completa da mercadoria.
A Resolução nº 274 de 22 de setembro de 2005 da Anvisa, que regulamenta a venda de águas envasadas e gelo no Brasil, define limites máximos permitidos das substâncias químicas que representam risco à saúde, inclusive de agrotóxicos. O glifosato, por exemplo, tem como tolerância 500 micrograma por litro.
Porém, um novo fabricante que pretenda vender água mineral não precisa passar por um processo de registro para colocar o produto no mercado, basta comunicar o órgão de vigilância local sobre o início da fabricação. “Para as águas envasadas, o foco das ações sanitárias está no controle pós-mercado, quando já estão em comercialização. Ressalta-se que todo estabelecimento que exerce atividade na área de alimentos deve ser inspecionado e licenciado pela vigilância sanitária local”, informou a Anvisa à reportagem. A fiscalização do produto pode ocorrer durante a realização de atividades programadas ou como resultado denúncias, diz a agência fiscalizadora.
Cuidados que podem ser tomados com os alimentos em casa
Diferentemente da água, há modos simples de retirar os agrotóxicos impregnados em alimentos. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem um guia na página oficial onde dá recomendações, mas destaca que os métodos não surtem efeito nos casos em que o pesticida são absorvidos para a parte interna do alimento.
Na página, a agência ligada ao Ministério da Saúde recomenda “adquirir alimentos orgânicos ou provenientes de sistemas agroecológicos, assim como os chamados alimentos da ‘época’ (safra), que costumam receber, em média, carga menor de agroquímicos”. O guia explica que os pesticidas podem ser classificados em dois modos de ação, os sistêmicos e de contato. O primeiro grupo atua no interior das folhas e polpas, penetrando nelas. Já os de contato agem, principalmente, nas partes externas do vegetal, embora uma quantidade possa ser absorvida pelas partes internas. Com isso, lavar e retirar as cascas e folhas contribuem para a retirada de parte dos pesticidas, porém são incapazes de eliminar aqueles contidos no interior do alimento.
Os produtos sistêmicos são preferidos por muitos agricultores, e são usados principalmente quando a necessidade de atingir o alvo (erva daninha, fungo ou praga) é maior. O produto também rende mais. Enquanto é necessário mais de 70 gotas por centímetro quadrado de um fungicidas de contato, a quantidade usada do sistémico varia entre 30 e 50 gotas.
A Anvisa indica a imersão prévia dos alimentos por 20 minutos em água com hipoclorito de sódio (água sanitária), que pode diminuir também a contaminação por germes e micróbios.
Segundo a a professora Maria Hosana Conceição da Faculdade de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB), o ideal é usar a água sanitária tradicional, ou seja, que contém apenas hipoclorito de sódio. Isso porque há diferentes versões com elementos que podem fazer mal à saúde.
“O hipoclorito de sódio é um bom oxidante, auxilia na preservação do alimento que vai ser consumido in natura e na retirada dos agrotóxicos que não penetram no fruto. Com isso, os pesticidas concentrados na casca são minimizados”, explica a professora Maria Hosana Conceição da Faculdade de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB). A professora destaca que o cloro é prejudicial a saúde humana, por isso depois de deixar o alimento de molho é necessário lavá-lo com água corrente para retirar totalmente os resíduos.
Além disso, a especialista indica também a utilização do bicarbonato de sódio. “É um produto que vai proteger o alimento e pode reagir com alguns agrotóxicos que não penetram o fruto, diminuindo a exposição alimentar. E o bicarbonato tem uma base fraca. Usado até mesmo para minimizar a acidez do estômago, ele não traz o risco à saúde que consumir o cloro traz. Não vai danificar o alimento e ainda minimiza o risco de exposição aos pesticidas”, pontua.
Projetos promissores
Com o avanço da tecnologia, produções científicas estão sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo para tentar acabar totalmente com a contaminação causada por agrotóxicos nos alimentos e nos líquidos ingeridos. Um desses projetos é o GlyFloat, uma espécie de filtro-boia com microrganismos programados biologicamente para degradar resíduos de glifosato, o agrotóxico mais utilizado no Brasil, com mais de 173 mil toneladas vendidas apenas em 2017.
O projeto é da Equipe de Biologia Sintética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um jovem time de 17 alunos dos cursos de Biotecnologia, Biologia, Engenharia Física e Design de Produto com média de idade entre 20 e 22 anos.
O GlyFloat é um projeto da equipe de Biologia Sintética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
A estudante de biotecnologia Deborah Schafhauser, 22 anos, explica que a ideia do projeto surgiu quando eles perceberam a dificuldade que as estações de tratamento de água tinham para retirar o glifosato no Rio Grande do Sul. “Vimos a oportunidade de alinhar o nosso conhecimento com as ferramentas que tínhamos dentro da universidade para criar o produto”, explica.
O projeto consiste em utilizar uma bactéria isolada da espécie Escherichia coli da linha K12 – que habita naturalmente no intestino de humanos e de alguns animais. Trata-se de uma das bactérias mais utilizadas na bioengenharia e microbiologia industrial.
“Identificamos que o metabolismo dessa bactéria possui a capacidade de degradar o glifosato. Então, o objetivo do projeto é fazer com que a bactéria sinta necessidade de degradar o herbicida e assim conseguimos removê-lo da água”, explica. A bactéria é colocada dentro de um filtro. “Elas ficaram fixas no filtro, que vai ficar um rio ou estação de tratamento, como uma boia”, completa.
Arquivo UFRGS
O grupo vai participar do International Genetically Engineered Machine, uma das maiores competições de biologia sintética mundial
O projeto ainda está em fase de desenvolvimento, mas em outubro deste ano ganhará o mundo em uma das maiores competições de biologia sintética do planeta, o International Genetically Engineered Machine, a Competição Internacional de Engenharia de Sistemas Biológicos, em Boston. Para bancar a viagem aos Estados Unidos e os custos do projeto, a equipe fez uma campanha de financiamento coletivo pela internet, onde conseguiram arrecadar cerca de R$ 32 mil.
“Após a competição, continuaremos as discussões sobre o futuro do projeto. Gostaríamos de aplicar no mercado, levar as companhias de saneamento e assim tentar fazer o projeto chegar à população. Mas antes disso estamos focados em identificar os pontos a serem concluídos para entregar o melhor material”, conclui Deborah.
No mês de junho, quando foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, os agricultores do oeste da Bahia, por meio da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) e da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e SLC Agrícola, promoveram a doação de um total de 2.850 mudas de árvores nativas para as cidades de Cocos, Correntina, Luís Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves e Wanderley.
Para a prefeita de Wanderley, Fernanda Sá Teles, a doação das mudas representa a manutenção da parceria do município com os agricultores por meio da Abapa e Aiba. “Foram doadas 300 mudas para plantamos junto às nossas nascentes e trechos do nosso Riacho Tijucuçu, continuando o projeto ambiental que teve início com o curso de proteção e recuperação de nascentes no nosso município”.
Já a secretária de meio ambiente de Correntina, Regina de Castro, explica que as mudas estão sendo doadas para arborização das praças da cidade, das margens dos rios, dos povoados e zona rural que têm interesse de plantar, cuidar e acompanhar o crescimento de cada espécie. “Fomos contemplados com mil mudas e que vão fazer a diferença na vida dos correntinenses. Agradecemos a parceria dos agricultores por mais essa ação”, afirma.
Caju, Lobeira, Leucena, e Jatobá integraram a lista de espécies nativas do Cerrado disponibilizadas para as prefeituras da região. Para Anderson Pletsch, gerente da unidade de produção da SLC Agrícola, essa parceria entre o setor agrícola com ações diretas de meio ambiente somente reforçam a relação do produtor rural com a preservação do meio ambiente. “A entrega das mudas está incorporado à missão da SLC Agrícola de impactar positivamente as gerações futuras.”
Nota do Editor:
Digamos que 300 mudas por município seja uma quantia irrisória. As instituições do agronegócio tem recursos de monta e podem incrementar essa ação, multiplicando-a por 10 ou 100 vezes. Imagine o impacto de plantar 30 mil mudas de espécies nativas em cada município, no início das águas, em convênio com instituições municipais, do terceiro setor – como ONGs – e entidades interessadas como as dos governos Estadual e Federal.
Transplantar, proteger as árvores transplantadas com aceiros e cercas e até irrigar quando ainda muito débeis, isto sim seria uma ação digna de nota.
Operação descobriu extração ilegal de minérios, desmatamento, entre outros crimes. Do Correio*
O Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer) mapeou 900 quilômetros quadrados do Oeste baiano onde foram identificados extração ilegal de minérios, desmatamento ambiental, implantação de carvoarias e cerâmicas clandestinas, represamento de rios, desvio de recursos hídricos, captação irregular de mananciais, corte ilegal de madeira, dentre outros.
A força-tarefa para coibir os crimes ambientais foi realizada conjuntamente Secretaria da Segurança Pública (SSP), através do Graer, Ministério Público do Estado (MP-BA), Inema, Ibama, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, no último dia 21.
A 42ª Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) usou uma aeronave do tipo motoplanador e contemplou 11 municípios.
“Flagramos pelos menos 70 alvos suspeitos, na cidades de Correntina, Santa Maria da Vitória, Santana, Bom Jesus da Lapa, Coribe e Cocos”, informou o comandante do Graer, tenente-coronel Renato Lima. O oficial informou ainda que a operação seguirá para outras regiões do estado.
O STF acaba de avaliar como constitucional o perdão a sanções contra proprietários rurais que desmataram ilegalmente até 2008 – ponto do novo Código Florestal conhecido como “anistia”. Este foi um dos dispositivos da lei julgados pelo tribunal hoje.
Foi mantida a data de 22 de julho de 2008, chamada de “marco temporal”, e por conseguinte foram respeitados os acordos firmados a partir do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Mantido também o PRA (Programa de Regularização Ambiental), incluindo aí a não cobrança de multas em relação ao passivo ambiental.
O mais importante, do ponto de vista social, foi a manutenção pela constitucionalidade do artigo 67, que tratava da exigência de se reconstituir as reservas legais também para os pequenos produtores, aqueles donos de até 4 módulos rurais, em torno de 10 hectares na grande maioria dos municípios.
Pela primeira vez, uma usina produzirá energia, no Brasil, a partir da combinação entre resíduos orgânicos e lodo de esgoto. Nesta semana, a CS Bioenergia, formada pela estatal Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e pelo grupo Cattalini Bio Energia, recebeu Licença de Operação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para geração de biogás, no Paraná. A expectativa é que a operação estimule a adoção da tecnologia em outros estados.
O processo, conhecido como biodigestão, começa com o recebimento do lodo de esgoto da estação de tratamento e seu armazenamento em um tanque. Paralelamente, também são recebidos resíduos sólidos urbanos. Estes passam por um mecanismo de separação, retirando, por exemplo, os plásticos. Depois, a fração orgânica é limpa. Só então o material é enviado ao tanque de biodigestão, onde vai ser adicionado ao lodo.
Diretor da Cattalini Bio Energia, Sérgio Vidoto, explica que, no Brasil, o lodo de esgoto contém muitas bactérias. Um problema que, na usina, vira solução. Isto porque as bactérias se alimentam do material orgânico, produzindo um gás com grande participação de metano. “Essa é a combinação perfeita para gerar o biogás de excelente qualidade”, disse Vidoto, um dos responsáveis pela implantação da tecnologia no país.
A usina gerará 2,8 megawatts de energia elétrica, o suficiente para abastecer duas mil residências populares, conforme a CS Bionergia . Para que o biogás passe a integrar a rede de energia do Paraná, ainda falta a autorização da Companhia Paranaense de Energia (Copel), o que Vidoto espera obter em cerca de sessenta dias.
Impacto ambiental
Ao todo, 1000 metros cúbicos (m3) de lodo de esgoto e 300 toneladas de resíduos orgânicos, que eram descartados diariamente no meio ambiente, serão totalmente aproveitados na usina. Além do biogás, com o que sobra dos resíduos orgânicos serão produzidos biofertilizantes. Já o plástico que chega à indústria junto com o lixo será reciclado para a produção de sacolas.
A inspiração para a mudança nessa cultura veio de países como a Áustria e a Alemanha, que combinam tecnologias e políticas públicas para promover o reaproveitamento dos resíduos e, com isso, a quase inutilização de aterros. De acordo com o Vidoto, existem mais de 14 mil plantas de biogás por meio de biodigestão na Europa. Apenas na Alemanha, são oito mil.
“Está todo mundo olhando a nossa planta como uma quebra de paradigmas no tratamento de resíduos orgânicos no Brasil”, disse Vidoto. De acordo com ele, até este ano só existiam projetos pilotos que testavam a tecnologia, mas não uma usina com essa dimensão. Ele espera que “o pioneirismo quebre esse paradigma de só aterrar”.
No Brasil, o biogás ainda tem uma participação pequena na matriz energética, por isso sua participação na oferta interna é contabilizada junto a outros itens, como o bagaço e a palha da cana, conformando a chamada biomassa. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, em 2016 a biomassa foi responsável por 8,8% da energia gerada no país.
Em nota enviada à imprensa, nesta terça-feira (2), o presidente da Assembleia do Tocantins, deputado Mauro Carlesse (PHS), disse que está indignado com a postura da bancada no Senado, que não participa e nem acompanha a discussão sobre o projeto de lei que trata da transposição do rio Tocantins para a Bahia.
Ele considera um absurdo a atitude da bancada tocantinense no Senado.
“Os nossos senadores estão se comportando como se comportou a maioria dos nossos deputados federais que chegaram, inclusive, a apoiar o projeto do deputado Gonzaga Patriota, que defende a transposição do rio Tocantins para o São Francisco”.
A transposição do rio Tocantins é uma insanidade. Estaria projetada para jogar no rio Preto em torno de 50m³/segundo, enquanto a vazão mínima do rio São Francisco mesmo em tempo de seca dificilmente baixa de 550 m³/s. Os 50 m³/segundo prometidos são apenas o que se recalca para os dois projetos de transposição do São Francisco para os dois sistemas, leste e central.
Relatório da ANA apresenta situação das águas do Brasil no contexto de crise hídrica.
Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2017 faz balanço da situação das águas do País em aspectos como secas e cheias. Publicação também analise crises hídricas em diferentes regiões e aponta caminhos para aprimoramento da gestão das águas.
A água é fundamental desde atividades cotidianas, como tomar banho, até para o desenvolvimento econômico de um país, pois com ela é possível gerar energia, produzir alimentos e produtos de consumo, entre outras atividades. Para informar à sociedade brasileira como anda a situação das águas do País, a Agência Nacional de Águas (ANA) lança o relatório pleno de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2017 nesta segunda-feira, 4 de dezembro, no site www.ana.gov.br. Esta publicação é a referência para acompanhamento sistemático e periódico das estatísticas e indicadores relacionados a recursos hídricos no Brasil.
Totalmente reformulado para oferecer informações de maneira clara e didática através de infográficos, o Conjuntura é dividido em seis capítulos. No primeiro há informações sobre a relação do ciclo hidrológico e o Conjuntura. Em seguida há um panorama da quantidade e da qualidade das águas superficiais e subterrâneas do País. Na terceira parte o relatório apresenta os principais usos da água no Brasil e detalha os volumes de água retirados, consumidos e que retornam ao meio ambiente. O capítulo seguinte aborda o sistema de gestão de recursos hídricos. A quinta seção é sobre crise hídrica e regiões críticas em termos de quantidade e qualidade das águas. Por fim, há uma análise sobre o setor de recursos hídricos.
Esta é a terceira edição plena do Conjuntura. As duas primeiras foram publicadas em 2009 e 2013.
Fotos do Estado de Minas. O São Francisco, no alto do seu curso, se recupera depois da prolongada estiagem.
A notícia não deixa de ser boa, apesar da severa crise hídrica que assola a grande bacia do Rio São Francisco. Na leitura de ontem, o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho cresceu de meros 1,62% para 2,15%. Sinal que o resultado das últimas chuvas já chegaram ao grande lago artificial.
Espera-se que a grande bacia hidrográfica, que atinge regiões distantes no centro-norte de Minas, Brasília (no DF) e nas águas vertentes da Chapada Diamantina possa realimentar o reservatório para valores acima dos 30% verificados em abril deste ano.
Segundo as determinações do Comitê da Bacia do São Francisco, neste ano de 2018 os reservatórios de Três Marias, Sobradinho, Itaparica e outros, ao longo do rio, terão como missão prioritária a perenização, com a regulação do fluxo. As hidrelétricas deixam de priorizar a geração de energia para manter a vazão constante ao longo do ano. É provável que seja determinada uma vazão bem inferior aos 550 m³/segundo, quando a vazão média do rio chega a 2.850 m³/s
Com as chuvas chegando, os grandes equipamentos de irrigação, principalmente à margem esquerda do São Francisco também deixam de operar, o que alivia os contribuintes do rio.
Milhares de pessoas saíram às ruas de Correntina no dia de hoje para manifestar-se pela preservação dos recursos ambientais da região, em particular do rico sistema hidrográfico do rio Corrente. Sob forte aparato policial, os manifestantes, a grande maioria vestidos de preto para simbolizar o luto pelo meio ambiente, desfilaram pelas ruas centrais da cidade, portando cartazes e faixas.
Antes da manifestação, a Prefeitura Municipal distribuiu um relato da reunião realizada com o Governo do Estado, onde são alinhadas uma série de proposições para a contenção das agressões ao meio ambiente e preservação das cabeceiras dos rios.
O juiz federal, Leonardo Hernandes Santos Soares, e o bispo diocesano, Dom João Santos Cardoso, pronunciaram-se durante a manifestação em apoio à preservação ambiental.
Independente do grande acordo que se possa traçar em todo o Oeste, alguns itens são importantes:
Uma moratória para a outorga de águas no mínimo pelos próximos 10 anos.
A proibição da tomada de água dos rios do Oeste, com exceção daqueles destinados à pequena agricultura e dessedentação animal e humana, no período de julho a novembro.
O estabelecimento de um comitê multilateral específico para tratar do meio ambiente, que trate inclusive da remuneração da retirada da água dos rios e lençóis freáticos superficiais e profundos.
A retomada dos estudos técnicos da situação do aquífero Urucuia e a determinação da sua capacidade de fornecimento de água.
Proteção ampliada não só das nascentes dos rios e veredas, como das chaminés de realimentação do Aquífero.
A proposição de um plano semelhante ao projeto público de irrigação Formoso, gerido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Bom Jesus da Lapa. O Formoso proporciona mais de 10 mil empregos, fatura R$285 milhões por ano de frutas diversas, em 7,9 mil hectares, e consome pouca água através do gotejamento e da micro-aspersão.
Projeto Formoso: preservação do meio ambiente, compromisso com o social, geração de renda e de cidadania.
Na próxima sexta-feira (10), seis secretários estaduais devem participar de uma reunião com o prefeito de Correntina, Nilson José Rodrigues. O objetivo é traçar um conjunto de ações visando à revitalização das nascentes do Rio Arrojado, de forma a encontrar soluções para o conflito envolvendo os ribeirinhos que utilizam o rio para as atividades de subsistência e as empresas agrícolas que captam a água para a irrigação das lavouras.
A decisão foi tomada pelo governador Rui Costa, nesta quarta-feira (8), durante reunião com o prefeito do município para encontrar soluções relativas ao conflito gerado com a invasão ocorrida no último dia 2, na Fazenda Rio Claro, pertencente à empresa Lavoura e Pecuária Igarashi Ltda., localizada na zona rural da cidade.
Durante a reunião, o governador e o prefeito concordaram em montar uma agenda positiva envolvendo os diversos segmentos da região, a fim de acabar com os conflitos entre os pequenos e grandes produtores. Segundo Nilson Rodrigues, a tendência é o crescimento dos confrontos na região, que vem desde a década de 1980.
No último dia 2, manifestantes atearam fogo nas instalações, destruíram maquinários, sistema de energia e tratores da Fazenda Rio Claro.
Independente do grande acordo que se possa traçar em todo o Oeste, alguns itens são importantes:
Uma moratória para a outorga de águas no mínimo pelos próximos 10 anos.
A proibição da tomada de água dos rios do Oeste, com exceção daqueles destinados à pequena agricultura e dessedentação animal e humana, no período de julho a novembro.
O estabelecimento de um comitê multilateral específico para tratar do meio ambiente, que trate inclusive da remuneração da retirada da água dos rios e lençóis freáticos superficiais e profundos.
A retomada dos estudos técnicos da situação do aquífero Urucuia e a determinação da sua capacidade de fornecimento de água.
Proteção ampliada não só das nascentes dos rios e veredas, como das chaminés de realimentação do Aquífero.
Nada justifica a invasão e depredação de uma propriedade particular. Nada mesmo. Principalmente com o cometimento de tantos e tão nefastos prejuízos a uma empresa privada dedicada a produzir alimentos.
Mas se por um lado, cometeu-se de fato um crime, é preciso ressaltar a inaptidão emblemática do agronegócio para lidar com as comunidades nativas, principalmente diante da ameaçadora crise hídrica que atinge o Nordeste brasileiro, depois de seis anos de secas e de baixa precipitação.
A agricultura custa caro em termos de recursos hídricos naturais. Quase 70% da água doce disponível no País (com exceção da região amazônica) é utilizada na irrigação.
As manifestações de entidades ligadas ao grande agronegócio são permeadas de “repúdios” e ameaças ao levante popular que invadiu duas fazendas do grupo Igarashi, em Correntina. Mas não se trata esse tipo de ação simplesmente com mais violência.
A hora é de chamar os líderes comunitários (é melhor adversários conhecidos do que desconhecidos) em audiência pública e analisar suas pautas e bandeiras mais relevantes.
Notas ponteadas de ameaças nada acrescentam ao problema. Só rompe ainda mais o tecido social, frágil, sobre o qual foi estabelecido o conflito.
É importante ressaltar que hoje já não se usa a irrigação em cultivos de grãos durante a época mais seca do ano – de agosto a outubro. A irrigação é usada apenas para salvação e para a realização de uma safrinha no final do ciclo das águas. Os equipamentos depredados nas duas fazendas Igarashi não estavam, na sua quase totalidade, em operação.
No entanto, o rio Arrojado vem sendo maltratado desde as suas nascentes, na BR 020, em Posse, onde um empresário transformou a vereda das suas cabeceiras em um balneário. Vários afluentes do rio já secaram, inclusive com tentativas de construção de canais e falta de preservação de suas margens por agropecuaristas que não pertencem ao grande agronegócio.
Basta um ano de boas chuvas e tudo estará resolvido. Mas o precedente está aberto e agora urge a necessidade de linimentos, de uma boa conversa, não do aguçamento do confronto.
Basta ver os vídeos antigos da Rede Globo, de mais de 10 anos. O problema já existia. Estava latente.
Um movimento comunitário de Correntina, ainda não identificado, invadiu, hoje pela manhã, duas grandes fazendas do Município. Eles se auto-denominam moradores da Comunidade Ribeirinha do Rio Arrojado.
Cerca de 500 pessoas, armadas de paus e facões, participam do movimento que pretende coibir a retirada de águas dos rios pelos grandes projetos de irrigação da região. Uma das fazendas invadidas é conhecida como Igarashi e a outra como Curitiba.
A Fazenda Igarashi detém outorga de água (autorização para explorar) para irrigar uma área de 2.530 hectares com o volume de 180.203 metros cúbicos/dia. A autorização é de 32 pivôs de água superficial (retirada diretamente do Rio Arrojado).
As representações questionam a forma que as liberações de outorgas tem sido feita, sem discutir com a população, e sem nem um tipo de estudo sério sobre a situação da região, que é berço das águas de um dos principais rio do Brasil, o Rio São Francisco.
Afirmam que o “bioma acumulou 1,9 milhão de hectares desmatados entre agosto de 2013 e julho de 2015, o equivalente a 1,7% da vegetação nativa remanescente. Apenas em 2015, uma área de 9.483 km² do Cerrado brasileiro foi devastada. Em um momento em que os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia por conta de ações desastrosas do governo de Michel Temer, é urgente falarmos sobre o Cerrado e a sua proteção nessa região, as coisa por aqui estão a todo vapor. Temos que discutir qual é a consequência disso, não dá para falar só da economia e do lucro sem pensar nas pessoas, no futuro do nosso povo”, alertam.
“Nos só queremos o nosso rio. Ninguém vai morrer de sede.” Desabafa uma moradora.
Policiais da CIPE Cerrado tentam conter os manifestantes e reforços estão se deslocando para a região.
Neste domingo (15), as temperaturas em Brasília registraram recorde de 37,3ºC e os reservatórios o pior nível do ano: 12,1% no Descoberto e 26,3% no de Santa Maria. A Capital e municípios do entorno já estão sofrendo racionamento.
Em outubro de 2015, a barragem do Descoberto tinha acumulado mais de 53% do seu volume e Santa Maria mais de 80%. Este ano até a água do Lago Paranoá, que recebe os esgotos do Plano Piloto e de outros bairros foi usada para distribuição, depois de tratamento, à população.
Sobradinho, no volume morto.
A leitura do dia de ontem, 17, segunda-feira, informava que o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho estava em apenas 3,8% de sua capacidade. Ainda esta semana, respeitada a vazão de 550 m³/segundo, a barragem deve entrar no volume morto e então a barragem verterá apenas o volume d’água que o rio São Francisco depositar diariamente, entre 290 e 250 m³/segundo, menos a grande quantidade evaporada no espelho d’água.
Como estão previstas chuvas significativas somente no final do ano na bacia do São Francisco, o rio poderá diminuir ainda mais o fluxo e até interromper a vazão para montante – para a foz – onde milhares de pessoas, em quase uma centena de municípios, usam suas águas para dessedentação animal, humana e pequenas lavouras irrigadas.
A barragem da hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais, usada para regular a vazão do rio São Francisco está apenas com 10% de sua capacidade.
Certamente o período de 2017/2018 não será de grandes cheias como no Alto São Francisco
No dia 26, quinta-feira da semana posterior a esta que se inicia, tem uma previsão de chuva com 60% de possibilidade. Mas olha a quantidade de chuva: 5 mm. Passados mais três dias, outra oportunidade de chuva, com 80% de possibilidade, mas com apenas 1 mm, isto é, nada. Enquanto isso, o rio São Francisco está transformado em um pequeno ribeirão. No reservatório da hidrelétrica de Sobradinho a água residual é de apenas 4%.
Ainda lembro: nos anos 80, a chuva das flores anunciava a primavera em setembro e nos primeiros dias de outubro caia água que Deus mandava, parando apenas para um veranico em fevereiro e chovendo com gosto em março até meados de abril.
Veja os grandes períodos de seca no Nordeste, relacionados pela revista Super Interessante:
1723/1727 Essa foi uma das primeiras grandes secas registradas que atingiu a região Nordeste – principalmente a área em que, na época, ficava a Capitania de Pernambuco. Grupos de índios fugiram das serras e invadiram fazendas. Além da seca, uma peste assolou a região no mesmo período, causando uma enorme mortalidade nas populações mais frágeis, especialmente os escravos.
1776/1778 Essa foi mais uma seca combinada com um surto de doença, no caso, a varíola. A taxa de mortalidade foi altíssima, não só de pessoas, mas também de animais, principalmente o gado. A solução encontrada pela Corte Portuguesa foi repartir as terras adjacentes aos rios entre os povos flagelados.
1877 / 1879 Essa seca, que atingiu todo o Nordeste, mas especialmente o Ceará, causou a morte de 500 mil pessoas. O fenômeno também gerou uma grande migração: 120 mil nordestinos fugiram para a Amazônia e 68 mil partiram para outros estados brasileiros. O governante na época, o Imperador Pedro II, visitou o Nordeste e prometeu vender até a última joia da Coroa para amenizar o problema. Não preciso nem dizer que o pessoal está até hoje esperando essa grana…
1919/1921 Essa seca muito grave, que atingiu principalmente o sertão de Pernambuco, fez aumentar muito o êxodo rural do Nordeste. A imprensa e a opinião pública pressionaram e exigiram uma atuação eficaz do governo para resolver o drama das famílias afetadas. Com isso, em 1920 foi criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do Nordeste Brasileiro, mantida com 2% da receita tributária anual da União. Apesar disso, nada foi feito para efetivamente resolver o problema.
1934/1936 Essa foi uma das maiores secas enfrentadas pelo Brasil (que se tem registro). O longo período de estiagem não ficou restrito ao Nordeste: além de afetar nove estados na região, Minas Gerais e São Paulo também sofreram com a falta de chuvas. Depois disso, o problema no sertão nordestino passou a ser encarado como um problema nacional.
1963/1964 A seca que começou em 1963 foi gravíssima. A estiagem bateu recordes em várias estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal. Até a Amazônia sofreu com falta de chuva. Além disso, uma onda de calor muito forte assolou o país.
1979/1985 Essa foi uma das secas mais prolongadas da história do Nordeste: durou 7 anos. O auge do problema foi em 1981. Na época, o ditador-presidente João Figueiredo chegou a fazer uma declaração dizendo que só restava rezar para chover. A estiagem deixou um rastro de miséria e fome: lavouras perdidas, animais mortos, saques à feiras e armazéns por uma população faminta e desesperada. No período, 3.5 milhões de pessoas morreram, a maioria crianças sofrendo de desnutrição.
1997/1999 A década de 90 sofreu com os efeitos do fenômeno El Niño, que causa o aumento das temperaturas das águas e traz várias consequências para o clima – entre eles, o agravamento de secas no Nordeste. A seca do final dessa década foi terrível. Foram 5 milhões de pessoas afetadas, saques a depósitos de comida devido às mortes de animais e lavouras perdidas. A seca foi tão grave que Recife passou a receber água encanada apenas uma vez por semana.
2001 A seca de 2001 foi um prolongamento do período de seca do final da década de 90, que teve uma trégua em 2000. O Rio São Francisco sofreu com a pior falta de chuvas de sua história, causando uma diminuição drástica do volume de suas águas. Para piorar a situação, a falta de chuvas em todo o Brasil contribuiu para a pior crise energética que o país já viveu, somando a estiagem prolongada à falta de investimentos no setor.
2007/2008 Em 2007, ocorreu a pior seca da história no norte de Minas Gerais, região do estado de clima semiárido. Não choveu nada entre março e novembro de 2007 e as precipitações abaixo da média continuaram durante o ano seguinte. No total, foram 15 meses de estiagem. Durante o período, foram registrados quase 54 mil focos de incêndio e mais de 190 mil mortes de cabeças de gado. Centenas de municípios decretaram estado de emergência.
Ao que tudo indica estamos em meio a uma das grandes crises hídricas do Nordeste. Praticamente não choveu em 2014, 2015 e 2017 se avizinha como um dos piores anos de precipitação pluviométrica do Nordeste, com exceção de uma franja, maior do que o normal, ao longo do litoral.
O relato e a foto são do repórter Luiz Carlos Nunes. Segundo ele, um fenômeno apavorante pelo tamanho das pedras, a intensidade e a duração da chuva de granizo. A chuva aconteceu agora próximo às 18 horas.
Um incêndio atingiu o lixão de Luís Eduardo Magalhães. A região noroeste da cidade continuou hoje atribulada pela fumaça resultante do grande incêndio que tomou conta, ontem, do lixão por mais de 7 horas. O fogo se iniciou às 13 horas e só foi debelado pelo Corpo de Bombeiros depois das 20 horas.
Segundo os bombeiros, uma pessoa que ateou fogo em pneus, nas proximidades do lixão, foi a responsável pelo grande incêndio. A fumaça desprendida da combustão de plásticos é altamente tóxica. O incêndio também é alimentado pelo metano da decomposição do lixo, altamente inflamável.
Outras substâncias tóxicas
No entanto o maior problema da incineração são os poluentes gerados e lançados na atmosfera. O dióxido de carbono, que é produzido em toda combustão completa de materiais orgânicos, é o grande responsável pelo efeito estufa e pelo aquecimento global.
Outros gases produzidos podem ser dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2), que contribuem para a formação de chuvas ácidas. Os polímeros, tais como o PVC (policloreto de vinila) e os poliacrilatos, geram respectivamente HCl e HCN.
Um dos maiores poluentes resultantes da incineração do lixo são as dioxinas, um grupo de compostos organoclorados que são bioacumulativos e tóxicos. O mais perigoso é o 2,3,7,8-TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina), mostrado a seguir:
Essa substância é liberada principalmente na incineração do PVC.
Além disso, se o lixo possuir pilhas ou baterias que foram descartadas incorretamente, substâncias derivadas de metais pesados também poderão ser geradas, tais como o mercúrio, o chumbo e o cádmio, que são muito tóxicos, mesmo em pequenas quantidades. Essas substâncias são bioacumulativas, carcinogênicas e teratogênicas (podem causar dano ao embrião ou ao feto durante a gravidez), podendo ser absorvidas pela pele, inaladas ou ingeridas.
O vento predominante de sudeste nesta época do ano, leva o mau odor e todas as substâncias tóxicas para os bairros situados no Norte e Noroeste da cidade.
Desde 2007, compromisso de eliminar
O agricultor Odacil Ranzi afirmou hoje, em conversa informal em um grupo de debates do whatsapp, que o atual prefeito, Oziel Oliveira, assinou em 2007, durante seu segundo mandato, um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público da Bahia, no qual se comprometia a retirar o lixão do local.
Durante 8 anos o seu sucessor, prefeito Humberto Santa Cruz, não conseguiu retirar o lixão do local para transferir a deposição do lixo para um aterro sanitário. Humberto fez a primeira parte: financiou a coleta seletivo, organizou uma cooperativa de catadores e instalou a separação e prensagem dos resíduos em um galpão.
Durante a campanha eleitoral, Oziel Oliveira prometeu que no máximo em seis meses estaria com o aterro sanitário pronto para aterrar, em definitivo, o lixão da cidade.
O INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Estatais realizou nova pesquisa, com nova metodologia, e chegou à conclusão que o Estado do Tocantins é o estado brasileiro com maior número de raios, chegando a 19,8 por km² ( cem hectares ou 1.000 m x 1.000 m) ao ano.
Na sequência aparecem Amazonas e Acre( 15,8 raios por km² ano), Maranhão (13,3), Pará (12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso do Sul (11,1), Roraima (7,9) e Piauí (7,7).
Os baianos não estão livres do perigo, principalmente no Oeste baiano, até pelo fato de ser fronteiro a Tocantins, Maranhão e Piauí.
Todo ano caem 80 milhões de raios no País e 300 pessoas morrem em consequência das altas descargas elétricas.
A Defesa Civil informa como se prevenir de raios:
Durante as tempestades fique em casa.
Saia somente se for absolutamente necessário.
Não retire nem coloque roupa em estendedores (varais) de arame durante a tempestade.
Mantenha-se afastado e não trabalhe em cercas, alambrados, linha telefônicas ou elétricas e estruturas metálicas.
Não manipule materiais inflamáveis em recipientes abertos.
Não operar tratores ou máquinas, especialmente, para rebocar equipamentos metálicos.
Se você estiver viajando permaneça dentro do automóvel; os automóveis oferecem uma excelente proteção contra raios.
Busque refúgio no interior de edifícios.
Mantenha-se longe de árvores isoladas.
Não permaneça dentro d’água durante as tempestades.
Em casa, permaneça longe de portas e janelas.
Evite áreas altas, busque refúgio em lugares baixos.
Durante uma tempestade, não utilize aparelhos eletrodomésticos, mantenha-os desligados das tomadas e, também, desconecte da antena externa o televisor, assim você estará reduzindo danos.
Use o telefone somente em uma emergência, os raios podem alcançar a linha telefônica aérea.
Ao sentir carga elétrica em seu corpo (caracterizada por eriçamento do cabelo e formigamento da pele) jogue-se ao chão.
Preste atenção à previsão do tempo para o princípio e fim da tarde, quando ocorre a maioria das trovoadas. Tenha um plano de fuga para qualquer atividade ao ar livre e afaste-se dos cumes das montanhas antes do meio-dia. Se tiver de fazer uma longa travessia de barco, tenha especial atenção. As canoas são um dos lugares mais expostos que existem.
Com mau tempo, evite árvores altas, picos desprotegidos, campos abertos e ou mesmo praias e piscinas.
Na floresta, procure um conjunto de árvores de altura regular e numa zona baixa, mas longe d’água. Afaste-se de troncos e raízes.
Se for apanhado em céu aberto, evite árvores isoladas, Faça do corpo uma “bola com pés”, acocorando-se com eles o mais junto possível. Não toque com as mãos no chão.
Para minimizar o número de pessoas afetadas por um raio, não se junte em grupo. A corrente elétrica pode passar de uma pessoa para outra sem que elas se toquem. Afaste-se de objetos metálicos, especialmente armações de tendas e barracas ou cercas de arame, uma vez que se trata de bons condutores.
Quando acampar, monte sua barraca longe de lugares com maior probabilidade de queda de um raio, tais como, árvores altas e isoladas.
Aprenda a fazer reanimação cardiopulmonar. Cerca de 20% das vítimas morrem, mas muitas vezes podem ser salvas se tratadas de imediato.
Certifique-se de que a tempestade passou completamente antes de prosseguir seu caminho. Muita gente morre antes do clímax de uma tempestade por se aventurar cedo demais.
Em Xique-Xique, em agosto, as águas já entravam com dificuldades no canal. A balsa que faz a travessia para a cidade de Barra tem dificuldades com o calado para atravessar o rio.
Segundo medições realizadas ontem, o reservatório de Sobradinho, sobre o rio São Francisco, está com apenas 5,87% de sua capacidade. Com 3% o reservatório entra no volume morto.
Isto é: só ultrapassará a barragem o volume de água que chegar a Sobradinho, que hoje é muito pouco, bem abaixo dos 550 metros cúbicos por segundo liberados atualmente.
Os produtores rurais que retiram água do lago artificial se queixam que não aguentam mais comprar canos para avançar cada vez mais com a captação.
Com as chuvas fortes previstas só para novembro, o grande rio deverá cortar seu fluxo normal na segunda quinzena de outubro. É a morte anunciada. Se não chover em sua bacia este ano, dentro da normalidade, acima dos 1.000 milímetros, dificilmente o rio se recupera no próximo ano.
As previsões meteorológicas não são otimistas. Na foz, o rio já recuou 8 kms com a diminuição da vazão e a entrada do mar.
Um dia sem captação de água
A captação de água na bacia do Rio São Francisco está proibida às quartas-feiras, exceto para abastecimento humano ou animal, segundo o portal G1. A medida, batizada de Dia do Rio, visa evitar que a represa de Sobradinho, na Bahia, chegue ao volume morto e foi anunciada pela Agência Nacional de Àguas (ANA) nesta segunda-feira (19).
De acordo com a agência, chove abaixo da média na bacia do São Francisco há sete anos.
Sobradinho é o maior reservatório do sistema, com volume útil de 28 bilhões de m³ e capacidade para armazenar 34 bilhões de m³ de água.
A regra vale da próxima quarta (21) até 30 de novembro de 2017, quando está previsto o fim do período seco, mas poderá ser prorrogada caso atrase o início do período de chuvas na região.
Em Pirapora, o rio é um fio d’água correndo entre os lajedos.
Para preservar os estoques, a ANA vem autorizando a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) a reduzir a vazão mínima média das represas de Sobradinho e Xingó desde abril de 2013. Sem essa intervenção, Sobradinho teria esgotado seu volume útil em novembro de 2014, segundo a agência.
A nova norma afeta mais de 2 mil usuários, principalmente produtores que irrigam plantações e indústrias. Ela abrange a calha do rio São Francisco, 14 afluentes de gestão federal, os lagos dos seis reservatórios da bacia e o complexo Paulo Afonso, na Bahia.
Quem descumprir a resolução da ANA poderá receber advertência, multas e ter a bomba de captação lacrada.
A suspensão foi articulada com os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe e também com o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
A medida
Está proibida a retirada de água no Rio São Francisco às quartas-feiras para todos os usos, inclusive irrigação. Só é permitida a captação para consumo humano e animal, usos prioritários em casos de escassez, segundo previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).
Fica suspenso também o uso para irrigação de volumes de água reservados antes do “Dia do Rio”.
Sobradinho e Xingó
Desde o início de junho, a vazão média diária autorizada pela ANA nos reservatórios de Sobradinho e Xingó é da ordem de 550 m³/s, o menor patamar já praticado.
De acordo com a agência, o último ano em que foi registrada precipitação acima da média na Bacia do Rio São Francisco foi 2011, o que vem baixando os estoques de água armazenados.
Piaçabuçu, na foz do rio: água salgada e contaminada por esgotos. Foto de Jonathan Lins
A licença ambiental do Ibama para a operação do reservatório de Xingó fixa a vazão defluente média mensal em 1.300 m³/s. A ANA diz que a captação abaixo desse patamar, que vem sendo praticada desde 2013, já permitiu poupar mais de 38 bilhões de m³, o que equivale 134% do volume útil de Sobradinho.
As reduções de vazão foram implementadas de maneira gradual com autorizações especiais expedidas pelo Ibama e a realização de testes efetuados pela Chesf, que informou não ter identificado problemas críticos com a prática de vazões reduzidas.
“Frente à tendência de agravamento no segundo semestre da mais severa seca que se tem registro na bacia do rio São Francisco, de cenários que apontam para o esgotamento do volume útil do reservatório de Sobradinho e das incertezas quanto ao próximo período chuvoso, é necessário adotar medidas adicionais ainda mais restritivas na gestão da oferta e da demanda de água para fazer frente à crise instalada”, argumenta a ANA em nota.
Bacia do São Francisco
A bacia do rio São Francisco possui mais de 2.800 km² em seis estados (Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás), além do Distrito Federal.
A área da bacia hidrográfica é de 641 mil Km², correspondente a 8% da área do País. Mais de 85% da água da bacia é usada para irrigação, 10% para abastecimento público e menos de 5% para outros fins, como mineração e indústria.
Em Juazeiro, uma imagem emblemática da situação do rio. Uma estátua do Negro D’Água, submersa sob as águas das barragens a montante de Sobradinho, apareceu novamente em uma ilha de areia. Imagem da TV São Francisco.
O rio São Francisco encontra os seus piores dias depois de mais de seis anos de chuvas rarefeitas em suas nascentes. O aumento do consumo e a diminuição da força contribuinte dos lençóis freáticos ao longo do Rio da Integração Nacional reduziram o grande curso a um mero fio d’água.
O reservatório de Sobradinho, que diminuiu sua vazão para meros 600 m³/s, está com apenas 11% do seu volume, sabendo-se que com 3% atinge o volume morto, interrompendo o fluxo do rio.
A vazão natural média anual do rio São Francisco é de 2.846 metros cúbicos por segundo, mas ao longo do ano pode variar entre 1.077m³/s e 5.290m³/s.
Só agora a Codevasf está realizando obras para proteção de nascentes, construção de barraginhas e terraceamento de áreas de pastagens e lavouras, para ajudar na infiltração de água e preservar o fluxo ao longo dos sete meses de estiagem típicos do Nordeste. O rio é feito e mantido em paragens distantes dos afluentes do São Francisco. O entendimento tardio disso é o maior problema do Velho Chico nos dias de hoje.
Barraginhas e terraceamento, medidas para preservar lençóis freáticos que irão abastecer o rio São Francisco durante o estio.
Kênia Marcelino
Investimentos do governo federal em revitalização de bacias já passam de R$ 700 milhões no estado; uma das metas é construir 53.784 barraginhas. Segundo o ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, nesta segunda-feira, 3, o volume do reservatório de Sobradinho, o segundo maior lago artificial do mundo, estava em apenas 11,59% de sua capacidade. Com 3% o reservatório entra no seu volume morto, baixando para zero a vazão – hoje é de 700 m³s – para os municípios a montante.
A presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Kênia Marcelino, entregou nesta terça-feira (4) as obras de infraestrutura para conservação e revitalização de sub-bacias no município de Gouveia, em Minas Gerais. No total, foram construídas 200 bacias de captação de água, também chamadas de barraginhas, 4,65 quilômetros de terraços e 6,48 quilômetros de estradas vicinais adequadas.
“É com grande satisfação que estamos aqui para inaugurar algumas ações dentro do Programa de Revitalização das Bacias Hidrográficas. Elas fazem parte do Programa Novo Chico, que visa promover a recomposição hidroambiental das bacias, das sub-bacias e das microbacias do rio São Francisco”, destacou a presidente da Codevasf. “Aqui em Gouveia nós estamos inaugurando intervenções em nascentes, recuperação de curvas de nível, ações de processos erosivos e construção de estradas ecológicas. São ações que visam aumentar a quantidade de água no rio”, completou.
Por Adilson Fonsêca, da Tribuna, editado por O Expresso
O reservatório de Sobradinho, no rio São Francisco, o segundo maior lago artificial do mundo, caminha célere para o volume morto, que seria alcançado quando suas reservas caírem abaixo de 3%. Na medição de ontem, pelo Operador Nacional do Sistema elétrico, o nível da grande barragem é de 12,8%.
A vazão de entrada no reservatório é de apenas 500 m³/segundo e a vazão de saída de 600 m³/s, baixa até para manter a qualidade das águas a montante, sem algas que comprometam a potabilidade.
Seis anos de seca na grande bacia hidrográfica do Rio comprometeram, paulatinamente, a reserva de águas.
Só para se ter uma ideia do tamanho da crise hídrica, em meados de outubro de 2014 Sobradinho ainda tinha uma reserva de 24,39%.
Em Itaparica, velhos prédios inundados na construção da barragem aparecem como fantasmas de um passado recente.
A resolução da Agência Nacional de Água (ANA) é um prelúdio do que estar para vir, caso continuem as condições adversas de chuvas ao longo da Bacia do Rio São Francisco. Com apenas 12,8% do seu volume útil de água, o lago da Barragem de Sobradinho, que regula todo o sistema hidrelétrico das barragens que formam o complexo de Paulo Afonso e Xingó, de onde são gerados 60% da energia que abastece a região Nordeste, caminha para o volume morto.
Em decorrência disso, a ANA proibiu que todas as captações de água ao longo do rio, desde a sua nascente em Minas Gerais até a sua foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe, sejam suspensas em um dia da semana, começando já na próxima terça-feira. Somente a água destinada ao abastecimento da população e de animais poderá ser retirada neste dia. Com isso, todos os projetos de irrigação e, sejam de pivôs ou de bombeamento direto da calha do rio ficam proibidos, o que, segundo a ANA, permitirá uma economia de 40 metros cúbicos por segundo de água.
Segundo informou a ANA, através de nota da Assessoria de Comunicação, a medida denominada ” Dia do Rio” vai ser aplicada para todos os usos, menos para consumo humano e dessedentação animal. Objetivo é preservar o estoque de água armazenado nos reservatórios e evitar que Sobradinho alcance o Volume Morto antes do início do período chuvoso, em dezembro.
Conforme nota emitida anteriormente, a própria agência trabalha com um possível cenário de que Sobradinho chegue ao Volume Morto, quando não é possível a geração de energia a partir do uso da barragem, ainda em agosto deste ano. A medida inclui retiradas para todos os usos, dos perímetros de irrigação, mesmo que sejam oriundas de volumes de água reservados previamente.
Alerta vermelho As restrições ao uso das águas do Rio São Francisco vão vigorar a partir da próxima quarta-feira e até 30 de novembro, quando se espera a chegada das chuvas ao longo da bacia. A regra vale para aquelas captações que ainda não estejam submetidas a regras mais restritivas de uso e caso não haja uma melhoria significativa nos níveis de reservatórios do São Francisco, as restrições serão prorrogadas.
Publicado em 12/06/2017 por Folha de S. Paulo Online
O maior crime ambiental registrado na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim (PA). Quase sete mil hectares reivindicados por uma só família. Um lote pertencente a prefeito flagrado na última quinta-feira (8) fazendo desmate ilegal.
Todos esses casos serão passíveis de regularização caso o presidente Michel Temer sancione a medida provisória (MP) 756. Aprovada com alterações pelo Congresso no mês passado, prevê a redução na proteção de 486 mil hectares da Flona do Jamanxim -37% do total.
Essa área, equivalente a três municípios de São Paulo, foi rebaixada a Área de Proteção Ambiental (APA), categoria que permite presença humana e desmate para atividades como pecuária e mineração.
Entre os beneficiados pelo processo de desafetação (exclusão da área da Flona) está Pedro Cordeiro, apontado como o maior desmatador da Flona. Com endereço em Curitiba, ele nunca foi localizado para receber duas multas de R$ 45 milhões aplicadas em 2015 por ter desmatado 4.575 hectares, o equivalente a 21 Parques Ibirapuera.
Para fiscais do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o mais provável é que Cordeiro seja um laranja para que o verdadeiro desmatador se livre das multas milionárias.
Também foram incluídas na APA quatro lotes contíguos reivindicados pela família de Jaime Zaminhan, numa área total de 6.958 hectares.
Representantes da AIBA. Abaixo, todos os empossados.
Com o objetivo de implementar a gestão e planejamento para a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio de Janeiro, tomou posse, nesta quarta-feira (07), o Conselho Gestor da Unidade de Conservação (UC) localizada entre os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia.
A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) elegeu seus representantes: a diretora de Meio Ambiente, Alessandra Chaves (Titular); e o analista Ambiental, Eneas Porto (Suplente).
Após a etapa de reuniões e inscrições, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), gestor desta UC, organizou a eleição direta que definiu os 30 membros que tratarão das questões ambientais, sociais, econômicas, culturais e políticas da área. O Conselho é constituído por representantes da sociedade civil, do poder público e do Inema, além de empreendedores locais.
Segundo Alessandra Chaves, a participação da Associação demonstra a preocupação do produtor rural em garantir a sustentabilidade da região.
“Com a formação do Conselho Gestor desta Unidade de Conservação, dispomos de uma Gestão Participativa onde o fomento ao ordenamento territorial e, a condução de ações voltadas a conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais, serão essenciais. Lembramos que nesta APA encontram-se as Cachoeiras do Acaba Vida e do Redondo, importantes atributos ambientais da região. Desta maneira, ganham todos, a coletividade e o meio ambiente. Destacando ainda que esta é a primeira Unidade de Conservação com Conselho Gestor na região oeste, e as ações para a consolidação do Plano de Manejo encontram-se em andamento”, ressaltou Alessandra.
A APA da Bacia do Rio de Janeiro ocupa uma área de aproximadamente 350 mil hectares e engloba toda a bacia hidrográfica do Rio de Janeiro. É uma área de importância ambiental, social e cultural para a região. O projeto tem a supervisão do governo do Estado, por meio do Inema, e conta com o apoio do Instituto Aiba, através do Centro Ambiental da Aiba, e é executado pela empresa Greentec. O Plano de Manejo e o Conselho Gestor são financiados pela Fundação Solidaridad e Idh – The Sustainable Trade Initiative.
O depósito de lixo de Luís Eduardo Magalhães, hoje praticamente dentro da cidade e ao lado de novos bairros criados nos último cinco anos, está incendiando desde o meio da tarde. Três caminhões de bombeiros tentam apagar o fogo com relativo sucesso. As ruas circundantes ao lixão estão fechadas ao trânsito e os moradores apavorados com a fumaça tóxica proveniente do incêndio.
As tentativas do ex-prefeito Humberto Santa Cruz de retirar o lixão da área e transformá-lo em um grande parque municipal, foram frustradas pela falta de financiamento federal para a obra, mesmo depois de assinar um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público para a extinção do lixão.
Por seu turno, Oziel Oliveira prometeu em campanha que em 90 dias retiraria do local o lixão. Até agora nenhuma escavadeira começou as obras do incerto aterro sanitário. E ainda vai passar um longo tempo antes que o Oziel cumpra o prometido, se continuar nessa cantiga de fazer licitações do tipo carta convite, no valor de até R$80 mil, com objetivos absolutamente desnecessários, como fazer imagens do Município ou instalar aparelhagem de som.
Barragem de Jucazinho no agreste pernambucano, quase seca.
Segundo leitura do ONS – Operador Nacional do Sistema de energia, o reservatório de Sobradinho estava, neste domingo, com apenas 13,4% de sua capacidade. Enquanto isso os inúmeros açudes do restante do Nordeste estão com apenas 17% de sua capacidade de armazenamento de água. Segundo cálculos das autoridades do setor, toda a reserva do Nordeste não seria capaz de encher o açude Castanhão, o maior da região, que tem apenas 5% de suas reservas.
O dado é do sistema Olho N’Água, do Insa (Instituto Nacional do Semiárido) e da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), que pela primeira vez fazem uma soma em tempo real do volume de todos os reservatórios em nove Estados.
Cerca de 24 milhões de pessoas, em 1.133 cidades do semiárido, são diretamente afetadas pelos sete últimos anos de seca.
No dia de ontem, técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico anunciaram que o reservatório de Sobradinho está com apenas 14,27% de sua capacidade. No mesmo Rio São Francisco, o reservatório de Três Marias está com 30,83% da sua capacidade e Itaparica com 19,19%. Fontes extraoficiais dizem que a Bahia tem 50% de sua energia gerada no sistema eólico, estando em funcionamento quase 100% das caríssimas termoelétricas.
Kênia Marcelino, presidente da Codevasf, expôs, hoje, aos participantes da Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que ocorre em Recife (PE) até amanhã, sexta-feira (19), o trabalho desenvolvido pela instituição para lidar com o cenário de agravamento da escassez hídrica e indicou as providências que estão sendo adotadas para suporte aos projetos públicos de irrigação mantidos pela empresa na bacia do São Francisco.
De acordo com a Presidente da Codevasf, mais de R$ 35 milhões foram investidos somente em 2015 na instalação de sistemas de bombeamento flutuante – que permitem a captação de água para os projetos de irrigação mesmo com a redução da vazão do rio São Francisco – e em ações de desassoreamento. “Os projetos públicos de irrigação da Codevasf estão sendo continuamente equipados com infraestrutura para captação nesse contexto de redução dos níveis da água ao longo do rio São Francisco e na barragem de Sobradinho”, afirma Kênia Marcelino.
Ela destaca que intervenções são necessárias não apenas para garantir irrigação e travessia, mas principalmente abastecimento humano.
Autoridades suspeitam que derramamento tenha ocorrido em alguma fábrica de azeite clandestina ou durante transporte.
A Prefeitura de Nazaré, na Bahia, investiga o derramamento de uma grande quantidade de azeite de dendê no Rio Jaguaripe, que corta a cidade. O caso foi descoberto na última quarta-feira (3), mas, até agora, não se sabe quem são os responsáveis.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) disse ao G1 nesta sexta-feira (5) que já solicitou à Secretaria de Meio Ambiente do município e ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) que sejam adotadas medidas de contenção e que os responsáveis sejam rapidamente identificados.
As autoridades suspeitam que o derramamento tenha sido feito por alguma fábrica de azeite clandestina ou durante o transporte do material, pois não foram encontrados problemas na única empresa autorizada a produzir o azeite de dendê no município.
Segundo o Ministério Público, a promotora Mirella Brito, que visitou o local afetado, aguarda o resultado da investigação para mensurar os danos ambientais e tomar as medidas judiciais cabíveis. Do site Notícias ao Minuto.
Investimento é de R$ 9 milhões e canteiro de obras já está sendo montado; equipes das duas instituições visitam ações na região para conhecer boas práticas
Uma parceria entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Exército Brasileiro, por meio de seu 4º Batalhão de Engenharia de Construção – sediado em Barreiras, no Oeste baiano –, vai promover a contenção de processos erosivos em um trecho de 2,8 quilômetros às margens do rio São Francisco na comunidade de Itacoatiara, município de Barra. O investimento na ação é de R$ 9 milhões viabilizados em um termo de execução descentralizada firmado entre as instituições.
A ação no município de Barra está em fase de montagem do canteiro de obras, enquanto é aguardada a descida do nível do rio para iniciar a execução dos serviços. Junto com uma equipe da 2ª Superintendência Regional da Codevasf, sediada em Bom Jesus da Lapa, representantes do Exército vêm visitando locais onde foram realizados trabalhos semelhantes pela Codevasf – Fazenda Grande, no município de Muquém do São Francisco, e Gameleira, no município de Sítio do Mato.
“É uma parceria extremamente importante, sobretudo pela qualidade e pela seriedade na execução de serviços, que são marcas do Exército”, disse o superintendente regional Harley Nascimento durante o encontro com a equipe do Exército encarregada da obra. “A revitalização do rio São Francisco é uma atividade nova para o 4º BEC do Exército. Então o compartilhamento de experiências é essencial”, afirmou o Capitão Machado, que liderou a equipe do Exército na visita à sede da Codevasf no Médio São Francisco da Bahia.
“Além de passar a experiência das ações anteriores da Codevasf, que enriquecerão o trabalho nesta intervenção em Itacoatiara, estamos aproveitando para conversar sobre a possibilidade de ampliarmos a parceria com o Exército. Além do controle de processos erosivos, existem outras iniciativas importantes que promovem o acesso da população à água e ajudam a preservar a bacia, como os sistemas de esgotamento sanitário, as estradas vicinais e os sistemas de abastecimento de água”, aponta Luiz Geraldo Bastos, técnico da Codevasf na 2ª Superintendência Regional responsável por fiscalizar a ação.
Métodos diversos
Os trabalhos de recuperação ambiental e de controle de processos erosivos às margens das bacias hidrográficas dispõem, em geral, de diferentes métodos: revegetação; cercamento e proteção de nascentes, matas ciliares e topos de morro; construção de “barraginhas” e terraços, readequação de estradas vicinais e estabilização de margens, entre outras.
Uma das principais finalidades dessas intervenções é captar e acumular águas pluviais, aumentando assim sua infiltração no solo e promovendo o abastecimento dos lençóis freáticos – os serviços também ajudam a reduzir o escoamento superficial de água, o que evita o arraste de sedimentos, o empobrecimento do solo e o assoreamento dos cursos d’água.
Entre as importantes ações de controle de processos erosivos já empreendidas pela Codevasf em parceria com o Exército Brasileiro está a recuperação de margens do rio São Francisco na região da Ilha da Tapera, próximo ao município de Barra, na Bahia, onde o investimento foi de mais de R$ 18 milhões.
O reservatório da Hidrelétrica de Sobradinho, mesmo com as chuvas dos últimos dias, estava, neste domingo, com um pouco menos de 16% de sua capacidade. Se governo, comunidades, municípios não cuidarem das margens do “Rio da Integração Nacional” e de seus inúmeros afluentes, em breve ele será apenas uma menção nos livros de história.
Dificilmente o rio estará com 30% de sua capacidade em Sobradinho no final de abril como em 2016. Isso prevê que no mês de novembro, auge da estação de estio, as coisas fiquem muito complicadas, pois milhões de pessoas dependem do rio para beber e trabalhar.
Grande formação de nuvens sobre os estados do Nordeste
A chuva deve continuar nos estados do Nordeste, durante esta semana. Com menos intensidade no Sertão e mais nas zonas de litoral. No entanto, 6 grandes açudes sangraram no interior do Ceará, com a certeza de que não faltará água para dessedentação humana e de animais durante o longo período de estiagem, que já alcança 5 anos.
Acaraú Mirim, com volume máximo, tem água o suficiente para abastecer uma cidade como Fortaleza durante um ano
O reservatório da hidrelétrica de Sobradinho continua com acumulação de apenas 15% da sua capacidade. É o motivo alegado pelo Governo, frente à redução da geração de energia barata das hidrelétricas, para aumentar a conta mensal ao consumidor, passando para a bandeira vermelha.
Na represa de Serra da Mesa, no rio Tocantins, a situação é ainda mais grave. O grande reservatório está apenas com 13% de sua capacidade. Fora disto, todos as hidrelétricas do centro-oeste/sudeste, Sul e Norte estão gerando a plena carga.
As últimas chuvas nas cabeceiras do rio São Francisco podem ajudar, de maneira significativa, a recuperação dos lençóis freáticos, mantendo a vazão do rio mais constante durante o estio.
Nesta quinta-feira (30), a chuva segue intensa sobre a Bahia e agora também chove forte em Sergipe e no interior de Pernambuco e da Paraíba. Nas demais áreas, a chuva é em forma de pancadas e vem com menor intensidade.
Hoje choveu na grande Irecê, com pouca intensidade, mas beneficiando cultivos irrigados.
No Oeste baiano, a cultura do algodão é a mais beneficiada, pois o ciclo completo da cultura ainda se estende por mais 2 meses. Chuvas esparsas em abril serão muito benéficas.
O reservatório de Sobradinho, que deveria estar no mínimo com 30% da capacidade ocupada no final da estação chuvosa, encontra-se pouco acima de 15%.
A situação é alarmante e se não chover muito forte nas cabeceiras do rio, o que parece improvável, teremos a barragem no volume morto antes de novembro, quando se inicia um novo período de chuvas.
Segun Oyeyiola, Estudante da Universidade de Obagemi Awolowo, converteu um fusca movido a gasolina em um veículo abastecido por energia solar e eólica — perfeito para o clima nigeriano.
O projeto contou com muitas doações da família e colegas e custou US$ 6 mil. Materiais que iriam para o lixo ou que, sozinhos, não tinham mais utilidade nenhuma para os donos foram utilizados pelo estudante. Isso prova que é possivel fazer a diferença com conhecimento e esforço!
O carro foi equipado com um sistema de suspensão especial, para garantir que o veículo aguente o peso de tanta tecnologia. Em entrevista ao site FastCoExist, o rapaz falou que quer “reduzir a emissão de dióxido de carbono que piora o aquecimento global e as mudanças climáticas”.
Hoje, a bateria do fusca sustentável leva aproximadamente cinco horas para carregar completamente, mas Segun está trabalhando no modelo e pretende realizar melhorias. O estudante demorou para juntar todo o material necessário para montar o fusquinha e ainda teve que lidar com os críticos que acreditavam que ele estava perdendo tempo.