Categoria: Opinião
Brasil já é o terceiro país do Mundo em número de casos críticos de COVID-19
Ave César, os que vão morrer te saúdam!
Por Carlos Alberto Reis Sampaio, em Opinião.
Apesar de ser apenas o décimo segundo em casos de contaminação, 36.925, o que deve ser debitado à baixa capacidade de testagem (apenas 296 por milhão de habitantes) e portanto da sub-notificação, o País é considerado o terceiro em casos graves, com 6.634.
Isso demonstra apenas a insanidade do maluco que assumiu o Ministério da Saúde que declarou ontem que comprar mais insufladores pulmonares pode ser um mau investimento. A atitude deixa transparecer de que o Governo Federal deseja um agravamento rápido da crise, com 70% de contaminados como previu Bolsonaro, para que a economia rapidamente volte aos eixos.
Como classificaram especialistas em psiquiatria, o Presidente da República revela forte sociopatia, sem a mínima empatia com os que vão morrer num curto espaço de tempo com o colapso do sistema médico-hospitalar.
Ao colapso esperado, com dezenas de milhares de mortes, sobrepor-se-á um colapso no sistema de abastecimento.
O desejo de todos é que Bolsonaro e seu séquito de imbecis não sejam desentronizados do poder, nesse ínterim, já com as cabeças separadas dos corpos, o que resultaria em fortes confrontos com as forças armadas e a morte de mais outro tanto de miseráveis enlouquecidos.
Um tempo de tensão e problemas muito graves se avizinha

Diz a neurociência que a nossa capacidade de raciocinar em abstrato é uma análise combinatória das palavras que conhecemos.
Homens com vocabulário restrito tendem a chegar a soluções simplistas, um problema muito grave num país grande, com problemas complexos, como o Brasil.
Neste País, a economia está dando um salto para trás há quatro anos, a inovação se encontra arrasada por terra e o círculo de proteção social rompe-se, o que significa também o esgarçamento do tênue tecido social da Nação.
As elites não podem acreditar que eliminarão as camadas mais vulneráveis da Nação como num lance de vídeogame. Não! Apenas acumulam carga negativa nas baterias do equilíbrio sócio-econômico, adiando e tensionando, com banalidades, essa equalização, ao máximo.
A reforma da previdência, as privatizações desordenadas, o aumento da desigualdade, os privilégios exagerados das elites – no último semestre de 2018 – apenas cinco bancos confiscaram do mercado R$17 bilhões de lucros, quando a base dos tomadores do crédito é cada vez menor e mais seletiva – são o prenúncio de mau agouro de uma turbação sem precedentes na frágil inalterabilidade do acordo social brasileiro.
Aqueles que acreditam em uma divindade que cuide dos destinos de uma nação devem, por temor ou virtude, rezar com contrição, de mãos postas, pelos tempos que se avizinham.
O espetáculo circense chega ao fim, cerram-se as cortinas e a prosaica bandinha toca um dobrado com desafino.
A notícia mais grave, no entanto, é que os palhaços desbocados estão perdendo o emprego, para enfado e desilusão daqueles cuja análise combinatória do vocabulário restrito apenas permite repetir: mito, mito, mito!
Almas dilaceradas. Um artigo sobre o futuro imediato do País

Por Carlos Roberto Winckler
A absolvição de Gleisi mostra que a Lava Jato encalhou. A exigência de provas não é uma questão de virtude restaurada. Trata-se simplesmente que deixou de ser funcional. Não pode se estender ao infinito, sob pena de atingir interesses mais altos dos liberais conservadores que revelam maior senso de proporção que Moro e a trupe de procuradores fundamentalistas. Já prestaram bons serviços.
Alguns rosnarão ,se sentindo traídos, como Dallagnol em algum obscuro templo, outros acharão confortável alguma recompensa como Moro. Seu desfile nos últimos tempos em convescotes empresariais além mar antecipou seu provável destino. Alguma sinecura na matriz a pretexto de estudos, que talvez camufle seus títulos de duvidosa origem. Passou a hora iracunda dos golpistas.
Agora trata-se de ajeitar as melancias na carroceria. Que o diga a hipócrita formação de um centro democrático sob auspícios do sempre presente FHC nas horas de luscofusco ,onde todos os gatos se confundem. Pelo menos gostariam que assim fosse. Todos irmãozinhos como nos tempos gloriosos da Nova República.
Mas o que fazer com o prisioneiro de Curitiba? Seus advogados insistem em apelações. Que decidirão os emplumados da turma do STF dia 26 de junho? Espreitam um desastre maior em mantê-lo trancafiado? Será que percebem na frieza de boa parte da torcida brasileira, em plena Copa, a calma que antecede a fúria?
Terá a ABIN sido eficiente em pesquisar os mais recônditos segredos da alma popular,alimentado suas almas angustiadas com informações privilegiadas que nem a a Globo dispõe? Ora, a Globo soçobra com Galvão agarrado como craca no casco e lamenta a absolvição de Gleisi.
Os liberais conservadores debatem-se em dúvidas atrozes: apoiar ou não o exagerado e subserviente ao Império,
Bolsonaro; retornar a utopia da Nova República (sem o PT) com um flamante centro; libertar Lula e articular um grande acordo sem maiores rupturas , mas como manter o estrago já realizado?
A malta está algo insubmissa. Apoiar Ciro e seus arroubos pseudo brizolistas ? E a alternativa Marina , a eterna vítima sofredora? Se ao menos sorrisse e abandonasse o ressentimento .
O povo não gosta disso. Mas porque não se tornar em definitivo um estado associado ao Império, tipo um Porto Rico com elefantíase? Como?
Açoitados pelas dúvida, aos liberais conservadores golpistas resta uma única certeza. A presença inoportuna da senzala que insiste em se emancipar apoiada em seu símbolo, o prisioneiro de Curitiba.
Não é BBB, não é televisão. É gente, de verdade, pedindo por um pouco de comida!

Diz uma leitora assídua de O Expresso:
“Gentem”, não é BBB, não. Não tem essa história de paredão, de eliminação, de um milhão de reais no final. Essa é a operação “me dá, me dá”, cata troquinho de pobre, da Rede Globo.
O que está se debatendo nas redes sociais são as próximas eleições, a redemocratização do País depois do golpe, a salvação de 40 milhões de pessoas vulneráveis e o reerguimento da economia para encontrar ocupação para mais de 25 milhões de pessoas.
Pense só um pouquinho no flagelo da fome, grassando nos sertões e nas periferias das pequenas e grandes cidade, onde os desgarrados vão dormir sem nada comer e um pai ou uma mãe não conseguem conciliar o sono para descobrir um jeitinho de descolar algum dinheiro para alimentar os filhos.
Os governos brasileiros criaram gulags, campos de concentração sem guardas e sem arame farpado, onde só aumenta a legião de brasileiros à margem de todo e qualquer recurso da sociedade.
Pensem bem: não é BBB, é a triste e cruenta realidade do Brasil.
O País mergulhado numa crise sem precedentes

Wanderley Guilherme, 82 anos, eleitor em 15 eleições presidenciais no Brasil, pensador e blogueiro em Segunda Opinião, em entrevista de Maria Cristina Fernandes, no Valor Econômico:
Nunca me deparei com uma circunstância de crise política igual à atual. Nunca vi nada igual a isso e não apenas no Brasil. Há uma desestruturação tão grande no sistema político, uma multiplicação de centros autônomos de decisão arbitrários que, todavia, não podem ser domesticados ou enquadrados. Também não quer dizer que suas decisões sejam cumpridas, mas torna-se um fato a própria decisão, e não o cumprimento dela.
A entrevista, reservada para assinantes, vale o valor da assinatura anual. De uma lucidez sem par, onde desfilam as alas mais radicais do PT, a direita assombrada com a perspectiva de nova derrota eleitoral, o judiciário comprometido e desmoralizado e a certeza de que os próximos meses serão um calvário para o eleitor e cidadão comum.
O Brasil certamente não é um país para ser estudado por principiantes. Desde 1963, ainda adolescente e me preparando para o vestibular de jornalismo, vi o Rio Grande do Sul sacudido pela “Campanha da Legalidade”, pela ascensão de Jango ao poder. Logo depois veio a “redentora” de 1964, os atos institucionais, o AI-5, quando já era jornalista. E depois dos anos de chumbo, a abertura, lenta e gradual.
Nestes anos todos também nunca vi o País mergulhado em crise institucional desta proporção, tendo como pano de fundo um povo inculto, de parcas capacidades de raciocínio e radical, para não dizer xucro, em seu conceito do que é gestão pública, democracia e princípios constitucionais.
O Estado e a ORCRIM abandonaram o Brasil em proveito do Sr. Mercado.

Por Carlos Alberto Reis Sampaio
No clássico do cinema “Casablanca”, o chefe da polícia, Renault, profere uma frase emblemática depois de cada atentado terrorista:
– Prendam os suspeitos de sempre.
Depois da pantomima do impeachment de Dilma Rousseff, em que os bandidos julgaram a mocinha, levando-a à forca, a organização criminosa está a serviço do Senhor Mercado, em especial dos fundos abutres que vêm à Colônia buscar rendimentos, que nos Estados Unidos estão beirando o zero.
A principal vítima são sempre os cofres públicos, que hoje pagam mais de meio trilhão de reais de juros da dívida. Sem prejuízo da ação de apanhar mais um trocado na privatização da previdência e da saúde.
O Governo das Temeridades apertou o agronegócio – veja o recente veto de Temer à redução das multas do FUNRURAL; acabou com indústria, que caiu sua participação no PIB de 35 para 12%; lançou às calendas a Ciência e a Tecnologia; abandonou a segurança e a Saúde; e está reduzindo violentamente a prestação de assistência social através do Programa Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Vida.
Ganharam os patos da avenida Paulista: quando o petróleo estava a US$120 dólares o barril, pagavam R$2,70 no litro da gasolina. Hoje, com o petróleo a US$50,00, pagam R$4,50 pelo mesmo litrinho.
A ORCRIM manobra perigosamente 24 horas por dia e tem em seu serviço juízes togados; o mesmo congresso, composto pelos mesmos palhaços, e a patuleia desvairada em debate, sem senso, com seu analfabetismo funcional, na condição de inocentes úteis.
Em tempos de vacina fracionada contra a febre amarela, dos espetaculares déficits do Governo da Temeridade, estamos à beira da convulsão social.
A nossa esperança reside apenas no fato macabro de que toda convulsão social é autofágica. Perecerão primeiro os líderes dessa grande avalanche de merda que assola o País. Enquanto isso, que se prendam os suspeitos de sempre, desde, claro, que pertençam à Oposição.
Os membros da ORCRIM permanecem insuspeitos, com suas “corridinhas” a bordo de malas de dinheiro e de afirmações tão incriminatórias como “temos que manter isso” e “tem que ser um que a gente mate antes de delatar”.
Censura: políticos fazem lei para se “proteger” da opinião de internautas

Por MauroAlbano, do BuzzfeedNews
Aprovada em silêncio aos 45 minutos do segundo tempo na discussão da reforma política, uma emenda estabelece a retirada sumária de conteúdo da internet considerado “ofensivo” por candidatos e partidos, sem a necessidade de ordem judicial, e exige a identificação do usuário que a publicou.
O risco de censura, sem ordem judicial, recai diretamente sobre publicações no Facebook, no Instagram ou postagens em plataformas do Google, como vídeos no YouTube.
Na prática, segundo a emenda do deputado Áureo (SDD-RJ), basta que alguém denuncie um conteúdo sob a acusação de ser “ofensivo” ou “falso” para estabelecer uma obrigação legal das empresas de removerem o conteúdo em 24 horas sob risco de multa em caso de descumprimento.
“A denúncia de discurso de ódio, disseminação de informações falsas ou ofensa em desfavor de partido, coligação, candidato ou de habilitado conforme o artigo 5oC, feita pelo usuário de aplicativo ou rede social, por meio de canal disponibilizado para esse fim no próprio, provedor, implicará em suspensão, em no máximo vinte e quatro horas, da publicação denunciada”, diz trecho da emenda de Áureo.
O texto deu entrada na Câmara no último dia 26 e foi aprovado na madrugada desta quinta (5). Igualmente a toque de caixa, Senado também aprovou a regulação. Agora o texto segue para a sanção presidencial.
“Esta emenda visa estabelecer uma internet totalmente chapa-branca, onde cada candidato vira um TRE em que ele próprio decide o que deve ou não constar na internet”, critica Carlos Affonso Souza, professor da Uerj (Universidade Estadual do Rio) e diretor do ITS-Rio (Instituto Tecnologia e Sociedade).
Segundo o especialista, a emenda contraria o Marco Civil da Internet, que exige uma decisão judicial (com a devida exposição dos argumentos das partes contrárias) antes da remoção de conteúdo na internet.
“EMENDA FACEBOOK”
Na nota técnica preparada para justificar a emenda, que ele próprio apelidou de “emenda Facebook”, o deputado Áureo afirma que “não se trata de censura, mas sim de dificultar uma prática que vemos em todas as eleições”.
De acordo com a justificativa do deputado, “no momento em que o provedor pedir os documentos do usuário [que publicar uma mensagem denunciada como difamante] e for confirmada a sua identidade, libera-se a publicação novamente”. Segundo Áureo, se o denunciante quiser tomar mais alguma medida, terá que fazê-lo judicialmente.
“Essa medida visa diminuir a guerra de conteúdos difamantes por usuários fictícios durante as eleições”, afirmou.
Artigo: alguém está avistando um homem probo e capaz para conduzir o Brasil?

Por Carlos Alberto Reis Sampaio*
É um número pouco surpreendente: já foram protocolados 20 pedidos de impeachment de Michel Temer na Câmara dos Deputados. Eles representam a repulsa do brasileiro – quase 95% – frente a uma administração mal havida e mal conduzida.
Temer parece atentar para um único escopo: atender as solicitações da grande banca, dos rentistas, aqueles que ganham sem trabalhar e sem correr riscos, quase na mesma medida de Lula e Temer.
Mais: entre os verdadeiros donos do País, que olham com bom grado a “estabilização” esfarrapada de Temer, estão a indústria pesada alienígena, os exploradores dos minérios e das terras raras, os olhos grandes de nossos enormes recursos minerais, os comercializadores de commodities do agronegócio e os grandes consumidores, sedentos de terras férteis, ensolaradas e de baixo preço.
Estão também, entre aqueles que fazem força para desestabilizar o País, as famosas sete irmãs petroleiras, Shell, Texaco, Exxon, Standard Oil, BP, Chevron, Gulf Oil, que já chegaram a ter 75% das reservas de petróleo do mundo e hoje tem em torno de 2%, mas comercializam grande parte dos derivados. E procuram desestabilizar ou controlar a saudita Aranco, a russa Gazprom, a chinesa CNPC, a iraniana NIOC, a venezuelana PDVSA, a brasileira Petrobrás e a malasiana Petronas, todas estatais com controle de mais de 90% das reservas mundiais de petróleo.
Temer quer eliminar parte do custo Brasil, as leis trabalhistas e previdenciárias, que não permitem custos competitivos para o capital que circula com a rapidez de um raio em países de terceiro mundo. Eles especulam, mandam na bolsa e controlam as economias frágeis como a brasileira, que tem pouca pesquisa, indústria incipiente e políticos corruptos.
Tem ainda o capital dos fundos abutres, menos seletivos. Eles adoram uma economia quebrada, os títulos podres, as dívidas impagáveis, as empresas em estado falimentar. A carniça do estado neo-liberal desestabilizado.
Talvez Temer alcance o seu ocaso só no final de 2018, haja vista a qualidade do parlamento e a tibieza do nosso arcabouço jurídico. A esperança é que encontremos, com urgência sem medidas, uma saída institucional para a substituição dos famosos 1.829 denunciados por Joesley Batista, além de um redentor, um homem apenas probo e capaz, que conduza esta nação morena neste alvorecer de Século XXI.
O problema é esse: ninguém o está enxergando, como eu, da sua respectiva janela.
*Não conseguimos identificar o autor da notável fotografia.
Coalizão de Temer é poderosa como a de Dilma (ou Lula) jamais foi
Leia com atenção este artigo de Celso Rocha de Barros, articulista da Folha, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford e analista do Banco Central.

Michel Temer deu a ordem, Gilmar Mendes a transmitiu, e o TSE obedeceu. Enquanto estávamos aqui discutindo a judicialização da política, a política colocou uma corte superior de joelhos.
Meus parabéns aos derrotados na votação, à ministra Rosa Weber, ao ministro Luiz Fux e, em especial, ao relator Herman Benjamin, por honrarem a toga, a corte e a lei que juraram respeitar. Foram derrotados, mas só porque a toga, a corte e a lei também o foram.
O relator Benjamin fez algo muito difícil: construiu uma bela peça jurídica só com citações de um jurista medíocre. Contrastando o que Gilmar Mendes dizia em 2015 com o que disse em 2017, deixou claro que o presidente do TSE virou a corte para um lado ou para o outro conforme os interesses da coalizão que apoia o governo Temer.
Esta é a maior indignidade. O tribunal foi usado como instrumento na briga política. Esta mesma corte teria derrubado Dilma (com razão), mas absolveu Temer.
Ao que parece, quando advertiu, em 2015, contra o risco de que o país se tornasse um sindicato de ladrões, Gilmar estava incomodado era com o fato dos ladrões serem sindicalizados.
Fortalece-se, portanto, a tese de que a Lava Jato só decolou porque começou em um governo fraco. O governo Dilma transcorreu em meio à tempestade perfeita da crise econômica e da batalha do impeachment. Em um dado momento, a presidente até alimentou esperanças de que a Lava Jato ferisse seus adversários (inclusive dentro do PT) mais do que ela. Não é fácil imaginar essa conjunção de ventos a favor da Lava Jato sob um governo forte.
Depois de ganhar impulso, entretanto, a operação adquiriu dinâmica própria, e não é fácil combatê-la. Ela continua sendo a única coisa popular no Brasil. A satisfação de ver corruptos sendo presos e julgados foi a única alegria que o público brasileiro teve desde o início da crise econômica.
Continue Lendo “Coalizão de Temer é poderosa como a de Dilma (ou Lula) jamais foi”
As profecias de Eric Nepomuceno estão se cumprindo. 2017, o ano da vergonha.
Como os caros leitores podem ver no vídeo, postado em janeiro deste ano, o jornalista Eric Nepomuceno fazia previsões sobre as vergonhas que todos os brasileiros iriam passar este ano. O vexame começa com a viagem do ministro Gilmar Mendes a Portugal, no avião presidencial, em companhia do ilegítimo Michel Temer, que ele julgou inocente nesta semana.
Não sei quanto da população brasileira é capaz de raciocínios lógicos sobre o que acontece no Brasil desde janeiro de 2015, quanto Dilma Rousseff assumiu o seu segundo mandato. O próprio Nepomuceno diz que todas as classes médias de qualquer país são burras e semi-alfabetizadas. Mas a do Brasil o é em especial.
No Brasil isso se agrava com uma classe média obscura, reacionária, interessada num incerto alpinismo social. Os patos do processo. Não estou falando desses escabrosos grupos de mídias sociais, como facebook e whatsapp, onde se prolifera uma classe de pessoas que mal sabe escrever mas não se nega a dar sua opinião sobre os assuntos mais complexos do quadro político nacional, criando hashtags e palavras de ordem como “cadeia já” e “fora isso ou aquilo”.
Que opinião terão esses internautas sobre pessoas como Temer, Aécio Neves da Cunha, Bolsonaro, Gilmar Mendes e sua orquestra de poltrões, Serra, Meirelles, Alexandre Moraes e pastores vendedores de milagres.
Vivemos sob essa lona de horrores, em um circo de feras e palhaços, agravados diariamente por uma classe média orientada por um jornalismo vil e maldoso, a serviço de patrões desconhecidos do grande público.
O Brasil precisa de educação de qualidade, para crianças, jovens, adultos e professores, que consigam, a médio prazo, entender o que acontece no Brasil e atingir a capacidade de um raciocínio. Mas isso já é a insípida e inatingível utopia de uma meia dúzia de brasileiros.
Como dizia Darcy Ribeiro, fundador da UNB, indigenista e criador dos CIEPS – Centros Integrados de Educação Pública:
“Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas.“
Que não desistamos das nossas utopias! Voltando a Darcy Ribeiro:
“Coragem! Mais vale errar, se arrebentando, do que poupar-se para nada.“
Quem está nas coxias da grande tragédia brasileira?
O processo é mesmo de desestabilização ampla, geral e irrestrita do País?
As forças que se movimentam no cenário político e judicial estão usando métodos de terreno arrasado para se construir uma nova democracia?
Quem está aplicando os métodos do processo de “quanto pior, melhor”?
Primeiro se joga a principal empresa do País, a Petrobras, e as imensas reservas do pré-sal na lata do lixo. E junto com ela vai a indústria da construção pesada, entre elas a florescente indústria naval.
Depois vem a Operação Carne Fraca e transforma toda a cadeia produtiva da proteína animal em escória. Em paralelo a isso, medidas de retrocesso nas relações trabalhistas, previdenciárias e na assistência social.
Mais: tenta-se entregar vastas porções de terras produtivas e de reservas ambientais nas mãos do capital estrangeiro e dos fundos abutres.
Aí, descontentes com o fantoche golpista, facilmente manipulável, entregam-no à sanha dos coiotes vorazes.
Está difícil entender o País. O Brasil não é a grande Venezuela. E também não é o foco de principiantes em desestabilização de uma economia.
O descredenciamento da política e dos políticos também é terreno fértil para aventureiros (Bolsonaro) e outsiders (Dória). O nazismo usou a linha de argumentação de que “todos os políticos são ladrões” para facilitar a ascensão do nacionalismo exarcebado.
Existem interesses muito grandes por trás dessa prosaica luta pelo poder, com atores de valor tão simplório. Aos quais o nosso parco entendimento não alcança. Mas eles estão vivos e atuantes, ora se estão!
A batalha entre Lula e Moro não é ética, mas estética.
Um artigo bem humorado de Gregório Duvivier, para a Folha, sobre a onda de ódio que separa os brasileiros neste momento muito grave.
“Não acho que a polarização do Brasil se dê no campo da ética. Ou entre esquerda e direita. Afinal, um lado torce pra um candidato a presidente que enriqueceu os mais pobres —mesmo que tenha enriquecido junto, e outro torce pra um juiz que luta contra o crime— mesmo que pra isso tenha cometido crimes —como grampear ilegalmente, vazar informações e frequentar shows do Capital Inicial. Os dois veem na lei um empecilho para que se consiga chegar ao bem maior, e importa pouco se esse bem é o fim da miséria ou da impunidade, e importa mais se essa batalha vai ser regada a Fogo Paulista ou Ciroc de Baunilha.
Já que os dois heróis atropelaram a ética, o debate virou um debate estético. Você prefere um cachaceiro pernambucano ou um men in black curitibano? Chinelo de dedo e regata ou o terno preto com camisa preta e gravata prata? Barzinho ou balada? O que no fundo remete à dicotomia nietzscheana: Dioniso ou Apolo? Poesia ou prosa? Carnaval ou bossa nova? Lennon ou McCartney? Pepê ou Nenem?
Queria muito torcer pro Moro, confesso. Afinal, ele tem até um bloco de carnaval liderado por Suzana Vieira, o MoroBloco. Seria meu sonho? Seria. Mas sempre tive um pé atrás por questões puramente estéticas: o look “all black” dá a impressão de que ele vai me vender um seguro de vida ao invés de me prender, e eu prefiro mil vezes que me prendam.

No entanto, no depoimento de Lula, entrou um ingrediente novo no campo da estética. Até então, os detratores da lava-jato viam Moro nele uma espécie de Darth Vader, imperador do lado negro da força, pior inimigo do Mestre Yoda, baixinho de orelhas pontudas que fala por metáforas e tem dificuldades com a norma culta. Já os fãs da lava-jato viam Moro como uma espécie de Batman, justiceiro que combate o crime na calada da noite com métodos pouco ortodoxos.
Em ambos os casos, tanto os fãs quanto os detratores do juiz midiático imaginavam o juiz como um sujeito de voz gutural, cavernosa. Eis que Moro abre a boca e todos se perguntam —ele tá sendo dublado pela Tetê Espíndola? Ele tá de zoeira com a gente? Ele cheirou um balão de gás hélio? Há quem acredite que ele tenha perdido a credibilidade.
Meu amigo Ricardo, por exemplo: pra ele, Moro se revelou o Anderson Silva dos juízes. Tem voz fina e decepciona em confrontos com muita audiência. Discordo. Acho que ganhou carisma e embolou a batalha no campo estético. Vamos ver o que as urnas tem a dizer.”
A perseguição à esquerda e as crenças dos imbecis convictos

Artigo de Bruno D’Almeida, publicado na página Aldeia Nago
Em 2016, Lula foi nomeado ministro no governo Dilma. Foi impedido pelo STF, sob alegação de ser investigado e que o foro privilegiado atrapalharia investigações. Esse foi o início do golpe que tirou Dilma do governo.
Hoje, quase um ano depois, Moreira Franco, que também é investigado pela Lava Jato, nomeado ministro do governo Temer, numa situação idêntica a de Lula, teve sua nomeação validada pelo mesmo STF.
Em primeiro lugar, é necessário estabelecer o ordenamento jurídico das coisas: investigado não é réu, não é julgado e sequer condenado ainda. Deve valer a presunção de inocência. Em tese, de acordo com as leis, nem Lula ou Moreira Franco deveriam ter suas nomeações questionadas. O Supremo Tribunal Federal mostra sua cara golpista ao rasgar a Constituição para Lula e defendê-la para Moreira Franco. Não vivemos tempos normais, há um estado de exceção instalado e esse conflito de nomeações é muito pedagógico para o momento atual.
O mais estarrecedor é a normalidade com que as pessoas que foram às ruas contra Lula e PT, agora silenciam com uma situação idêntica. É um silêncio que grita. Significa, ao fim e ao cabo, que não se trata de haver uma base fundamentada ou legal, é ódio escancarado mesmo, fomentado pela mídia e aceito passivamente por setores importantes da sociedade. Um ódio que extrapola o PT e atinge a esquerda como um todo.
Fico observando no dia a dia o discurso dessas pessoas que gritaram “fora PT”. Muitos deles familiares e colegas de trabalho. São pessoas que, no cotidiano, criticam a luta sindical, furam greves e admiram “empresários de sucesso”, mesmo que sejam explorados pelo patrão; são machistas e acham que mulher “precisa se dar o respeito” e serem submissas ao homem; são homofóbicos e acham que “viado é uma aberração” e que devem morrer; e são racistas, pois menosprezam o genocídio do povo negro com essa conversa de que “a raça é humana”. É muito comum essas pessoas inclusive incitarem a violência contra as minorias. Ora, o golpe caiu como um prato cheio para essas pessoas extravasarem seus preconceitos que foram historicamente construídos no Brasil.
Essas pessoas preconceituosas não são ignorantes ou burras. Elas têm consciência de suas crenças. Não sentem vergonha de suas intolerâncias e vomitam seu ódio confundindo liberdade de expressão com liberdade de opressão. Elas perceberam que havia um governo que, mesmo com todos os erros, estava melhorando a vida do povo pobre. Essas pessoas perceberam que minimamente pobres, pretos, mulheres, gays, que toda massa brasileira aos poucos começava a ocupar espaços de poder e ameaçar privilégios de quem tem. Há uma dupla disputa em curso, que é cultural, pois reflete nosso pensar e posicionamento diante do mundo, e ao mesmo tempo de buscar igualdade em todos espaços da sociedade. Triste, mas triste mesmo, é ver tanta gente pobre sendo massa de manobra das elites.
Logo, essa questão central, que é a disputa de poder, se tornou mais importante dos que os fatos. Na era da pós-verdade, a imagem que temos das coisas é mais importante do que as coisas. A imagem e as crenças imperam sobre a realidade concreta. Não importam os fatos, o que importam são as interpretações. O golpe é a metonímia de todos os nossos ódios cotidianos. Por isso não importa se um Alexandre Morais escreveu livros com plágios roubados de outros autores. Não importa se um indicado ao STF cometeu crime que compromete a reputação ilibada exigida. O que importa, para quem se reconhece na figura de Alexandre Morais, é que se trata de uma pessoa que está ao mesmo lado do preconceito e do ódio.
Por isso boa parte da população ignora que o STF hoje foi uma engrenagem do golpe. Estão se lichando se Moreira Franco é investigado da mesma forma que Lula. Essas pessoas pensam: dane-se, o que importa é que esses esquerdistas estão fora do poder. Não importa que o governo Temer seja formado por uma quadrilha de ladrões. Roubar não importa, corrupção nunca importou. Essas pessoas não querem saber da verdade. Eles sabem que há um governo que, no fim das contas, vai varrer os pobres dos espaços de poder
O quê Luís Eduardo comemora ao completar 17 anos?

O quê afinal o Município de Luís Eduardo Magalhães tem a comemorar na data em que completa 17 anos de emancipação?
Como em outras cidades do País, enfrenta dificuldades orçamentárias. O plano plurianal – 4 anos – que previa um orçamento de 425 milhões ao ano para 2017, hoje alcança meros 295 milhões, 54% deles gastos em pagamento de pessoal dentro de uma máquina pública inflada pelos compromissos políticos de campanha do prefeito eleito.
Luís Eduardo, que já foi o Eldorado dos migrantes, pelo trabalho no agronegócio, encontra-se hoje em situação social vulnerável. Desemprego, sub-emprego, tráfico de drogas, crimes contra o patrimônio e contra a vida.
A infraestrutura urbana também é deficiente: quase metade do perímetro urbano ainda conta com prosaicas ruas de chão batido e as ruas pavimentadas enfrentam um festival de buracos que a Municipalidade tenta, todo o ano, remendar com toda a qualidade técnica com as quais foram asfaltadas. Isto é, nenhuma.
Nem 30% das habitações são servidas de saneamento básico, á água é retirada com poços tubulares, eventualmente de lençóis freáticos contaminados por fossas negras comuns.
Os serviços públicos de Saúde são deficitários, como de resto em todo o País. O atendimento médico de média e alta complexidade não existe e qualquer fratura precisa ser encaminhada para o Hospital do Oeste, a 95 quilômetros. Uma exceção é o SAMU 192, atendimento médico de urgência que atende todo o Município e ainda foi encarregado de atender as rodovias federais que cortam a cidade.
A educação fundamental é medianamente assistida pelo Município, mas o ensino de 2º grau é mal assistido pelo Governo do Estado e a Universidade pública ainda vive o dilema de viver em prédios cedidos pela Prefeitura.
A Justiça ganhou um prédio próprio depois de quase uma década de aluguéis pagos pelo Município e ainda depende de 30 servidores pagos pela Prefeitura, sem contar a constante falta de magistrados.
A Segurança prescinde de recursos. De dois em dois anos o Governo do Estado entrega duas novas viaturas, mas recolhe as velhas, que, todos sabem, são locadas. E o policiamente ostensivo vira-se como pode com um efetivo em torno de 100 homens, que atendem ainda São Desidério e o distrito de Roda Velha. A CIPE-Cerrado tem um efetivo maior e mais recursos, mas atende um território maior que muitos países europeus.
É fácil concluir: a esperança de construção de uma nova e moderna cidade esvaiu-se aos poucos. Em 17 anos a cidade não conseguiu nem construir uma sede do Executivo, o Paço Municipal, vivendo do aluguel de galpões, a guisa de sede administrativa, onde chove tanto quanto nas ruas.
Luís Eduardo tem pouco a comemorar e alguns temem, que ao completar 18 anos, a situação da cidade seja bem pior.
Reinaldo Azevedo, o ídolo dos coxinhas, se revolta contra “Operação Carne Fraca”

Por Reinaldo Azevedo
É uma vergonha, um descalabro, um assombro mesmo!, o que se deu na “Operação Carne Fraca”. Dá para entender por que setores autocráticos da burocracia, com o apoio da direita xucra, tanto rejeitam um projeto que puna abuso de autoridade. Escrevi um texto bastante ponderado a respeito, com as “informações” fornecidas pela PF. Destaquei que a carne brasileira era considerada uma das melhores do mundo e que isso se conquistou com investimento e tecnologia. Mas como ficar imune àquela avalanche, que viria a se mostrar uma coleção formidável de sandices?
De todo modo, penitencio-me, sim, porque comentei com amigos, com a minha mulher e até com algumas autoridades que via um enorme exagero em tudo. E isso já na sexta. Mas não escrevi. Não que tenha me acovardado — nada a perder senão os grilhões com que tentam atar-nos os inimigos. É que a operação denunciava o quase nefando, o que não pode ser pronunciado: venda de carne podre, uso de produtos cancerígenos, emprego de papelão em embutidos, uso de carne proibida em linguiça… A dúvida não deixou de martelar.
Bem, já dá para saber. 1 – A cabeça de porco — há excelentes restaurantes que fazem uma bochecha que é de comer rezando… — pode ser usada no processamento de embutidos; 2 – o tal papelão misturado à carne era uma referência à troca de embalagens plásticas por embalagem de… papelão; 3 – os ácidos ascórbico (vitamina C) e sórbico (um conservante) não são produtos cancerígenos; 4 – “carne podre” é uma gíria para se referir à utilização de produto que não tenha sido inspecionado pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal); não é sinônimo de “carne putrefata”.
Mas isso ainda é pouco. Tratou-se da maior operação da história da Polícia Federal, envolvendo 1.100 homens. Há 4.800 estabelecimentos que processam carne no país. Sabem quantos estavam sob suspeita, e isso não ficou claro em nenhum momento? Apenas 21: ou 0,437%. É importante que você tenha a dimensão, leitor, do que isso significa. Se você pesar 70 kg, 0,437% do seu peso corresponde a 306 gramas, menos que seu almoço. Entendeu? Mas calma! Desses 21, três unidades foram interditadas: 0,0625% — ou 43,75 gramas, mais ou menos umas quatro folhas de alface.
Atenção! A Polícia Judiciária Federal armou um salseiro sem precedentes na história para punir eventuais práticas criminosas que, se aconteceram, são absolutamente marginais. As eventuais falhas de fiscalização parecem ser localizadas. E devem ser combatidas com dureza.
Não obstante, o que se viu? Queiram ou não, toda a carne consumida no país e também a exportada foi posta sob suspeição. Por quê? A meu ver, por irresponsabilidade, por açodamento, por gosto pelo espetáculo, por vedetismo mixuruca. As ações da BRF e da JBS despencaram. Quem vai arcar com esse prejuízo? Bem, se essas empresas decidirem acionar o estado, o que a Polícia Federal vai dizer à sociedade?
O Brasil disputa a liderança mundial na exportação de carne e é líder mesmo em alguns setores. Seu produto é considerado de alta qualidade, e não foi fácil ganhar esse reconhecimento.
No ano passado, a exportação de frango (US$ 6,849 bilhões), bovinos (US$ 5,5 bilhões) e suínos (US$ 1,483 bilhão) rendeu ao país US$ 12,349 bilhões. Não é segredo para ninguém que, seja nos anos falsamente dourados de Lula, seja agora, é o agronegócio que impede o país de ir para a pindaíba.
O espalhafato feito pela Polícia Federal certamente deixou chocados e temerosos os brasileiros, mas a repercussão maior se deu mundo afora, especialmente naqueles países que compram o produto brasileiro.
Quem vai impor a disciplina a essa gente? Não sei. Coisas nada corriqueiras estão em curso. E vou falar delas.
A propósito: e se a PF, na próxima, decidir dançar o “cancan”? Todos com as pernocas de fora e para o alto. Pode atrair até mais cobertura da “mídia”.
Artigo: uma nova crise na agricultura dos EUA se aproxima

Por Wall Street Journal
O cinturão agrícola americano se encaminha para um marco histórico: Em breve haverá menos de dois milhões de fazendas nos Estados Unidos, a primeira vez que isso acontece desde que os pioneiros se mudaram para o oeste depois da Compra da Louisiana, em 1803.
Em toda a região produtora do país, uma queda ao longo de anos nos preços do milho, trigo e outras commodities agrícolas provocada por um excesso de grãos em todo o mundo está levando muitos agricultores a se afundar em dívidas. Alguns estão desistindo do negócio, suscitando temores de que os próximos anos possam trazer a maior onda de falências agrícolas desde a década de 80.
A participação dos EUA no mercado global de grãos é hoje menos da metade do que era na década de 70. A renda dos agricultores americanos cairá 9% em 2017, estima o Departamento de Agricultura (USDA), prolongando o maior declínio registrado desde a Grande Depressão pelo quarto ano consecutivo.
Na atual safra, os agricultores dos EUA semearam a menor quantidade de hectares de trigo de inverno em mais de um século.
“Ninguém mais só cultiva cereais”, diz Deb Stout, cujos filhos, Mason e Spencer, cultivam os mais de 800 hectares da família em Sterling, no Estado do Kansas. Spencer também trabalha como mecânico e Mason, como carteiro. “Ter um trabalho paralelo parece o único jeito”, diz ela.
Deb e o marido já faliram antes. Os agricultores da região de Sterling perderam em média US$ 6.400 em 2015, ano com os dados mais recentes disponíveis, após terem tido um lucro médio de US$ 80.800 um ano antes, segundo a associação de gestores agrícolas do Kansas.
A agricultura sempre foi um empreendimento de altos e baixos. Hoje, as oscilações são mais nítidas e menos previsíveis, já que a economia agrícola se tornou mais internacional, com mais países cultivando alimentos para exportação e para suas próprias populações.
A participação dos agricultores americanos no comércio mundial de grãos caiu de 65% em meados da década de 70 para 30% hoje, o que lhes dá menos influência sobre os preços. A existência de mais produtores e mais compradores em todo o mundo também significa mais interrupções potenciais por causa do clima, fome ou crises políticas.
Os preços do milho costumavam variar entre um ano e outro em menos de US$ 1 por bushel. Desde 2006, eles dispararam e caíram mais de US$ 4 por bushel.
Uma década atrás, um boom de biocombustíveis nos EUA e a crescente classe média da China elevaram os preços de culturas como milho e soja. Muitos produtores americanos investiram os lucros inesperados comprando mais terra e equipamentos.
O boom também incentivou agricultores de outros países a acelerar a produção. Produtores de todo o mundo acrescentaram cerca de 73 milhões de hectares de cultivo nos últimos dez anos. Os custos de produção mais baixos, a proximidade com mercados de rápido crescimento e a melhoria da infraestrutura deram a produtores de alguns outros países uma vantagem.
A produção de milho e trigo nunca foi tão grande, e nunca tantos grãos foram armazenados antes.
Desde o início do século XIX até a Grande Depressão, o número de fazendas dos EUA cresceu de forma constante, à medida que os pioneiros conquistavam o oeste. As famílias produtoras geralmente criavam um pouco de gado e cultivavam algumas dezenas de hectares de terra, no máximo. Após a Segunda Guerra Mundial, os tratores e colheitadeiras de alta potência permitiram aos agricultores trabalhar com mais quantidade de terra. Há 20 anos, as sementes geneticamente modificadas passaram a ajudar os agricultores a produzir mais.
As fazendas cresceram e se especializaram. As operações em larga escala representam hoje metade da produção agrícola dos EUA. A maioria das fazendas, mesmo algumas das maiores, ainda é administrada por famílias.
Enquanto o tamanho das propriedades se multiplicou, seu número em unidades caiu, de seis milhões, em 1945, para pouco mais de dois milhões em 2015, aproximando-se de um limite visto pela última vez em meados do século XIX. O total de hectares cultivados nos EUA caiu 24%, para 370 milhões de hectares.
A Rússia, entretanto, passou ao longo dos últimos 25 anos do maior importador de trigo do mundo para o maior exportador, diz Dan Basse, presidente da empresa de pesquisa AgResource Co., com sede em Chicago. Os agricultores plantaram ainda mais trigo no ano passado para tirar vantagem do recente aumento do dólar em relação a muitas moedas. Isso incentiva os agricultores russos a exportar tanto trigo quanto for possível em dólar, que hoje rende cerca do dobro de rublos que rendia há três anos.
O dólar forte também permite que agricultores em alguns países reduzam seus preços.
“Como o dólar permanece forte, os agricultores americanos não têm nenhuma alavanca para puxar”, diz Basse. “É uma hemorragia lenta, não um corte na jugular.”
No ano passado, o governo de Barack Obama acusou a China de subsidiar injustamente a produção de trigo e limitar indevidamente as importações de grãos em detrimento dos agricultores dos EUA. Em outubro, o USDA informou que iria pagar mais de US$ 7 bilhões em assistência financeira no âmbito de programas existentes para ajudar os agricultores a sobreviver o momento atual de crise.
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As câmaras municipais custam o couro das costas dos contribuintes

As sessões legislativas municipais estão começando esta semana em toda a Bahia, como, por exemplo, em Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Dizem os entendidos em política que as câmaras são partes importantes do arcabouço público da Nação.
Antes mesmo que os insignes vereadores abrissem a boca para proferir suas importantes alocuções, as Câmaras já custaram, só no Estado da Bahia, algo como 90 milhões de reais só do repasse do duodécimo de janeiro ( em média 8,5% da arrecadação tributária direta dos municípios).
Ao final de um ano, esses repasses ultrapassarão um bilhão de reais, como custou, em 2016, R$1.091.935.283,95.
Transformado em recursos para educação, para a saúde, para a segurança ou para o saneamento básico, essa cifra astronômica de 10 dígitos poderia transformar o Estado. Por enquanto serve apenas para sustentar um número grande contingente pessoas que nem sempre são bem intencionadas e na maioria das vezes não se contentam com seus estipêndios e mordomias,enfrentando vorazmente os prefeitos em busca de cargos para apaniguados no Executivo e outras benesses.
Em um município onde a grande maioria das ruas é de barro e o asfalto uma sucessão de buracos; onde a Prefeitura aluga galpões para abrigar servidores e nem tem uma sede própria, as mordomias do Palácio Legislativo são um escárnio ao povo, ao eleitor e ao contribuinte. E isso vale tanto para Barreiras como para Luís Eduardo Magalhães.
Se existem Tribunais de Contas para fiscalizar os municípios, por que sustentar estes cidadãos que nada produzem e na realidade apenas estão em busca de dinheiro e privilégios, confortavelmente acomodados em seus palácios, cercados de chafarizes e jogos de luzes coloridas.
O alto nível do filósofo da direita raivosa do Brasil

Olavo de Carvalho é considerado uma das estrelas brilhantes do conservadorismo brasileiro. Filósofo, professor, escritor e jornalista. Hoje ele teve um momento diabólico no twitter. Rodou as sete saias da baiana. Leia os tweets da imagem na ordem inversa, do último para o primeiro e tire a temperatura do comportamento dessa joia da reação brasileira:

Como afirmava o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, “os canalhas também envelhecem”. Em 69 anos de idade, o quase septuagenário ainda não aprendeu como comportar-se em público.
Agosto de 2016, o mês do dragão voador

Por Célio Pezza
Os romanos deram ao oitavo mês do ano o nome de agosto, numa homenagem ao imperador Augustus, um dos mais sanguinários da antiguidade. Os romanos não gostavam deste mês e acreditavam que um enorme dragão passeava pelos céus nesta época.
Crendices à parte, o fato é que o mês de agosto tem sido marcado por tragédias contra a humanidade. No dia 24 de agosto de 1572, Catarina de Médici, por questões políticas e controle do trono, ordena a matança dos protestantes na França.
Esta matança que teve início em Paris ficou conhecida como o Massacre de São Bartolomeu, e acabou com mais de 100 mil huguenotes. Contam que o rio Sena tinha tantos cadáveres que ninguém comeu seus peixes durante meses. Continue Lendo “Agosto de 2016, o mês do dragão voador”
A carta aberta do intelectual Peter Koenig à presidente Dilma
Tenho um número reduzido de leitores esclarecidos. O grupo maior, com grande número, é de pessoas sedentas de notícias populares de sua cidade e região. E outro ainda, talvez mais reduzido, mas muito barulhento, de fundamentalistas, radicais, reacionários, que apenas repete frases ensandecidas nos comentários, em que as palavras mais comuns são corja, lixo, comunistas, etc. etc.
Ao primeiro grupo, recomendo a leitura da Carta Aberta de Peter Koenig à Presidente Dilma Rousseff. Os outros, por favor, não abram o link. Não atende os seus interesses.
“O que se vê desenrolar-se no Brasil é ato de delinquência de um tipo que praticamente jamais se viu acontecer no mundo. Os golpistas brasileiros, fantoches dos ‘mestres’ em Washington, não passam de escroques conhecidos, todos com processos por corrupção atados ao pescoço.
Pois mesmo assim continuam, claro que amparados no completo apoio político que lhes dão os escroques chefes que vivem dentro e em torno da Casa Branca em Washington. O mundo apenas assiste, em silêncio”, diz o economista Peter Koenig, que atua no Banco Mundial e escreve sobre geopolítica para a Global Research
A reforma agrária está paralisada no País depois de descobertas do TCU
Por Coriolano Xavier, Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.
A corrupção sistematizada pode ter atingido o agronegócio, e justo em um fundamento social de política para o campo. Por ordem do Tribunal de Contas da União a reforma agrária foi paralisada em todo o país, neste início de abril, depois da identificação de mais de 578.000 beneficiários irregulares no programa. A suspensão vale para assentamentos atuais ou futuros, desapropriações e concessões de crédito em andamento.
Coisas que se descobriu: 1.017 políticos receberam lotes do programa, fora das regras de renda que definem o acesso à terra – entre vereadores, deputados, vice-prefeitos, prefeitos e senador. Pela auditoria do TCU, aparentemente há entre eles gente de alto poder aquisitivo, até com carros de valor próximo ao meio milhão de reais. Concretamente, eles abocanharam um pedaço da esperança de vida melhor de muitas famílias da base social camponesa.
A auditagem também aponta para cerca de 27 mil beneficiários ganhando acima do teto exigido para acesso à terra – entre eles gente com renda superior a 20 salários mínimos, além de 38 mil mortos atendidos pelo instituto, sendo mais de mil falecidos antes da concessão. Segundo estimativa do Tribunal, o prejuízo histórico e acumulado dessas irregularidades, em todo o País, pode ser de R$ 159 bilhões, em valores revisados e atualizados com base em dados do IBGE. Sem contar o prejuízo social presente e futuro, pois havia uma previsão de 120 mil assentados de 2016 a 2019.
Coisas assim ainda assustam. Não só pelos valores envolvidos, mas também pela falta de cidadania, generosidade social, ética e responsabilidade que representam. É gente que não tem olhar de futuro; talvez nem mesmo pense na viabilidade da própria descendência, ao longo das gerações, pois ao fazerem esses malefícios estão socializando e projetando o impacto negativo da sua atitude.
Se alguém achar que isso é pouco, então que pense no ralo financeiro. Um dinheiro como esse dos prejuízos históricos estimados a valores atuais pelo TCU (R$ 159 bilhões), se confirmado, representaria o equivalente a 40 orçamentos do Programa Nacional de Alimentação Escolar, que foi de R$ 3,9 bilhões em 2015, para beneficiar 42 milhões de estudantes². Ou então teria dado para construir 28 mil quilômetros de estradas de ferro, a preços de 2014³.
São cinco milhões de propriedades rurais no Brasil, mais de 200 milhões de toneladas de grãos na safra, recorde sobre recorde ano a ano, evolução acelerada na produção animal, superávit de exportação sempre salvador. Gente que tem olhar de futuro e vai para o futuro. Enquanto isso, malfeitores agem, sorrateiramente.
Esse tipo de coisa precisa ser esmiuçado, saneado. Até para não contaminar a percepção pública do produtor, que está entre as profissões mais respeitadas pela sociedade, pois as pessoas percebem que ele assegura alimento e bioenergia de qualidade para todos. Sem lengalenga: é preciso passar a limpo muitos aspectos da vida brasileira. Buscar a sustentabilidade ética, também.
Não se iludam: dentro do ovo da serpente só tem serpentes.
O espetáculo tragicômico – melhor que disséssemos, patético – que vimos no domingo, em defesa “da minha família, do meu estado e do meu município” empanou o raciocínio daqueles 60% do eleitorado que odeiam o Governo do PT e não tem uma noção, ao menos aproximada, das mentiras que, repetidas à exaustão, nos últimos 18 meses, por uma oposição raivosa, tornaram-se quase verdade.
Esses mesmos brasileiros vendem a alma ao diabo com uma venalidade espantosa. Com base na ação de bandidos contumazes, como Eduardo Cunha, e aproveitadores como Michel Temer, não viram que o grupo político que está prestes a derrubar Dilma é feito de pessoas que há poucos dias estavam no Governo, frequentavam o Palácio do Planalto e transitavam pelas delícias do poder.
Então, se o PT é a fonte de todo o mal, o risível projeto de poder dos “comunistas”, o próprio ovo da serpente, não se pode esperar que os que acompanhavam o Partido dos Trabalhadores até poucos dias não sejam do mesmo perfil genético. Uma prova duradoura e desavergonhada disto foi filmada, gravada em vídeo, fotografada e permanecerá para sempre em nossa retina, pelo resto de nossos dias.
Nossa insanidade pode até ser perdoada, mas a nossa falta de tirocínio, nossa total incapacidade de analisar e entender um quadro político, o que já foi feito por toda a imprensa internacional, jamais será inocentada pela história e pelo tempo, este senhor da razão, no dizer de Marcel Proust.
Que ufanem-se peemedebistas, peessedebistas, pepistas, e outros deputados de partidos nanicos! Se a serpente espalhou seus ovos por todos os rincões desta pátria morena, eles já estão eclodidos. E vão, a cada, dia, reproduzir-se numa cornucópia de maldades e malfeitos.
Nesta panela, quanto mais se mexe pior fica.
Impressiona, pela irrelevância e pelo asco dos discursos, essa coisa nojenta, fedorenta e pouco fluída, chamada “má política” praticada por deputados no plenário da Câmara Federal.
Essa figurinha carimbada, Michel Miguel Elias Temer Lulia, que já distribui, à socapa, seu ministério entre os seguidores de sua seita golpista, vai governar por um tempo incerto e certamente este governo será a elegia dessa política viscosa que se pratica hoje no Legislativo.
Os franceses tem um ditado popular que serve para várias ocasiões:
Plus ça change, plus c’est la même chose”
É o que vai acontecer. É isso que vai acontecer de agora em diante. Mais do mesmo, piorando sempre. Quem conseguirá governar, sem legitimidade, depois do golpe do legislativo?
Um governo para os pobres é um mau exemplo?
Todos sabem que Luiz Fernando Veríssimo, além da honra de ser meu conterrâneo, escreve muito bem. Mas as vezes ele exagera no talento. Veja ele falando sobre a possibilidade do impeachment:
“Foi o fim da ilusão que qualquer governo com pretensões sociais poderia conviver, em qualquer lugar do mundo, com os donos do dinheiro e uma plutocracia conservadora, sem que cedo ou tarde houvesse um conflito, e uma tentativa de aniquilamento da discrepância.
Um governo para os pobres, mais do que um incômodo político para o conservadorismo dominante, era um mau exemplo, uma ameaça inadmissível para a fortaleza do poder real. Era preciso acabar com a ameaça e jogar sal em cima”
Golpistas no curral

Por Leandro Fortes
Como é formada, em sua imensa maioria, por analfabetos políticos com altíssimo déficit de leitura, a direita brasileira tende a se movimentar quase que exclusivamente como manada.
Então, assim como o “kkkkkkk”, que lhes serve de sustentação literária tanto para disfarçar preconceitos como para consagrar estultices, o clichê do momento entre a reaçada é o argumento barato do todos-os-corruptos-devem-ser-presos-não-interessa-o-partido.
É como se, de repente, os milhões de eleitores de Aécio Neves tivessem descoberto o Código Penal, mas somente depois de seu líder e salvador da pátria começar a aparecer nas delações como insistente – chato mesmo – receptador de propinas.
Esse movimento ganhou forma nas últimas manifestações de rua, quando a turba com camisas da CBF viralizou nas redes mensagens dando conta de que, ao contrário do PT, não tinha compromisso com “bandidos de estimação”.
Isso vindo de uma gente que marchou até Brasília para tirar foto com Eduardo Cunha.
Colocar-se, agora, a favor de prender todos os corruptos, não importa qual o partido, é, antes de tudo, uma maneira cafajeste de fingir que não está apoiando o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff – justo no momento em que as coisas começam a dar errado para os golpistas.
É mentira.
Essa gente abobalhada de verde-e-amarelo nunca foi a favor de prender corruptos, até porque votou sempre neles, movida pela catapora infantil do antipetismo.
Esses neoprobos formam as fileiras da classe média apavorada e iletrada do Brasil, alimentada de ódio pela mídia – esse lixo que depende do golpe para voltar a mamar nas tetas do Estado.
Então, não me venham com essa história, agora, que querem todos os corruptos presos.
Ninguém vai acreditar nessa moralidade tardia de quem, na verdade, está com vergonha de ser apontado como um golpista fracassado, daqui por diante.
Não depois de terem sido tocados pelos corruptos como gado, pelas ruas do País, mugindo palavras de ordem fascistas e ruminando o ódio que lhes foi servido como capim.
Leandro Fortes é jornalista – formado na UNB -, professor e escritor. Trabalhou para o Jornal do Brasil, O Globo, Correio Braziliense, Estadão, Revista Época e Carta Capital. Os grifos são desta editoria.
O Sal da Semana: corrupção eleitoral, agonia do País e jogo político.
A soberania do Caixa 2
O sistema eleitoral vigente no País é perverso e nefasto, mesmo com as alterações determinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Empresas não podem doar. E não vão doar? Não existirão mais interesses escusos entre os doadores de campanha? As denúncias da edição de hoje da revista Isto É, com base em suposta delação do senador Delcídio do Amaral, incriminando Palloci e Erenice Guerra, podem ser meias verdades, mas é o exemplo acabado do que de fato acontece nos Governos, nos três níveis federativos.
Grandes e pequenas empreiteiras financiam campanhas, esperando retorno rápido com licitações fraudulentas de obras e serviços.
Brasil, um país atrasadão
A economia brasileira já vinha perdendo terreno no cenário internacional antes de 2008. Falta pesquisa, falta tecnologia, falta educação e, principalmente, infraestrutura. Vamos assim nos sustentando do setor primário, agricultura e mineração, à cabresto dos importadores. Como disse, hoje, Vinícius Carrasco, da PUCRio, no jornal Valor Econômico, “precisamos de reformas que tornem economia mais produtiva”. Segundo o economista, corremos o risco de transitar entre a agonia e a mediocridade.
Está bonito o jogo
Enquanto Luís Eduardo Magalhães se prepara para comemorar seu 16º aniversário, o jogo político entre pré-candidatos e partidos está bonito de se ver. Como na escola criada pela “Laranja Mecânica”, a seleção holandesa de 1974, nenhum dos líderes políticos joga em funções definidas. Quem está na Situação hoje, amanhã pode estar na Oposição ou na terceira via. E vice-versa. A certeza é que entre mortos e feridos salvar-se-ão poucos.
O pior é não poder divulgar as versões de uns e outros, pois todos pedem, além de segredo da fonte, sigilo quantas às informações.
Os prazos finais e uma campanha agitada.
Em 2 de abril é o último prazo para o pré-candidato estar afiliado a um partido. E aí já teremos surpresas, que se confirmarão entre 20 de julho e 5 de agosto.
No dia 15 de agosto ainda teremos novas surpresas, com o registro das candidaturas.
Só aí os dados serão lançados.
Em 16 de agosto começa a campanha eleitoral, encerrando-se em 30 de setembro. Como são só 45 dias de campanha, deixa de existir o método “morno e esquentando”, como nas eleições anteriores. A campanha vai começar a toda velocidade, agitada desde o primeiro dia.
Ocupa Rede Globo
A Rede Globo de Televisão está batendo forte, em todos os jornais, em liberdade de imprensa e de expressão. Existe uma ameaça forte no ar de ocupação das emissoras da Rede durante a cobertura das manifestações de amanhã.
Se Lula é preso e Dilma cai, dólar cai junto
A agricultura está enfrentando a pior situação econômica possível: comprar insumos caros, com dólar nas alturas, e vender o produto com dólar baixo.
Esta semana conversava com um empresário do ramo sobre essa possibilidade, se Lula for preso e Dilma for impixada.
O empresário achou bom, dizendo que é um preço baixo para derrubar o Governo.
A cadeia produtiva não deveria reclamar dos 13 anos do Governo do PT. Foi o período em que mais cresceu.
Na verdade, no caso particular dos produtores do Matopiba, os quatro anos de estio estão atrapalhando muito mais que o PT.
Vamos ver se o Temer tem uma fórmula mágica para fazer chover no sertão.
Trocando os CPFs
Como disse um empresário rural a este Editor, há mais de um ano, com quatro anos de seca 50% dos CPFs do agronegócio serão trocados. Talvez por CNPJs de empresas estrangeiras.
Só numa imobiliária de Luís Eduardo Magalhães, existem 85 fazendas à venda. Ou para arrendar. Valha-nos Deus!
Um banqueiro alerta: o mundo vai murchar. Vamos aderir ou lutar?
Saltar para o vazio ou reconstruir as bases do desenvolvimento? O divisor de águas é a Petrobras: não capitalizar a estatal é enterrar a nação com ela.
por Saul Leblon, para Carta Capital
Foi preciso um banqueiro, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, dizer algumas coisas sonegadas pela mídia até agora, para, finalmente, a natureza demencial de um diagnóstico autodestrutivo ser deslocada do centro do debate e emergir aquilo que parte da esquerda tem ecoado solitariamente há algum tempo.
Não é o ‘lulopopulismo’ que está levando o Brasil ao desmanche.
O Brasil tem seus problemas –uma elite predadora e provinciana, um dos principais.
Mas é o mundo capitalista que tropeça de novo na própria lógica e conduz as nações a uma recidiva da crise global de 2008.
Os vetores desta vez são a freada chinesa e o mergulho sem termo das cotações do petróleo.
A embicada do barril –de US$130 para menos de US$30—tem razões de ordem geopolíticas e comerciais.
E escancara a brutal deflação de ativos, isto é, o mergulho conjunto de todas as bolhas especulativas –as novas e as suspensas mas não equacionadas desde 2008.
Todas elas agora murcham conjuntamente, perfuradas pela agulhada do último esteio de demanda agregada (consumo e investimento produtivo) do planeta: a China.
Segunda maior economia do globo, a China era responsável por 50% do consumo das principais matérias primas e alimentos negociados no mercado internacional.
O transatlântico chinês vive a indigestão de um superciclo de investimentos (por décadas o país investiu mais de 45% do seu PIB), catalisada pelas restrições que a crise de 2008 impôs às exportações da nova fábrica do mundo.
O conjunto impõe ao gigante asiático reordenar sua rota de longo curso.
A opção é a maior ênfase no consumo interno.
Significa investir menos e comprar um volume menor de matérias-primas –com exceção de alimentos, cujos produtores todavia serão atingidos de forma equivalente pela queda das cotações, agora no menor patamar dos últimos 16 anos, depois de caírem 19% em 2015, a quarta regressão anual sucessiva, segundo a FAO.
Uma cadeia de placas tectônicas enruga e retrai o assoalho econômico de todo o planeta.
Projetos, governos, empregos, riquezas estão sendo arrastados para o grande sumidouro de um capitalismo cuja viabilidade repousa na autodestruição cíclica.
Estamos a bordo de uma delas.
A farsa
O ralo sistêmico engolfa e borbulha enquanto o arguto sociólogo FHC, seu poleiro de tucanos adestrados em truques institucionais, a mídia que lhes dá manchetes e rodelas de banana, e seu colunismo de linces analíticos, distraem a opinião pública e dispersam a prontidão nacional, com truques e cortinas de fumaça que subordinam o principal ao secundário.
A farsa anunciada em manchetes faiscantes é essa que os Marinhos, os Frias e os Mesquitas repicam diuturnamente com seus chicotinhos de domadores do discernimento social: ‘Allons enfants, vamos abrir a janela de oportunidade para destruir o PT e restaurar a monarquia plutocrática neoliberal; aqui e quiçá em toda a América Latina bolivariana –Macri, mostre-lhes como se fazia nos anos 90’.
O planeta avança em rota de colisão histórica com geleiras recessivas, uma subsequente à outra. E eles distraindo a plateia, enquanto hienas dos mercados fazem o serviço final: devorar o fígado, o coração, a mente, desta geração e da próxima.
Não há luz no fim desse túnel, advertiu o banqueiro Trabuco, em Davos, uma voz sistêmica solitária a sacudir os jornalistas de banco pelos ombros.
O circo pode pegar fogo, avisa o presidente do Bradesco.
Em economês: ‘A estabilização (desta vez) será no fundo do poço’, sinaliza de forma educada para dizer aos petizes da mídia que a tergiversação sobre as determinações globais da crise pode ter consequências arrasadoras.
Gente como Trabuco quer preservar a riqueza financeira –antes de mais nada; mas sabe que até para isso será preciso enxergar além do ‘lulopopulismo’

Enquanto o colunismo fantasia bolivarianismos & outras tucanolices (tolices tucanas), massas de forças descomunais semeiam a desordem neoliberal.
O vórtice da incerteza escapou da jaula.
Ao acionar o retraimento do crédito bancário às empresas, ligou um poderoso difusor sistêmico de retração em cadeia.
Apertem os cintos –avisou Trabuco sobretudo aos seus pares, mas também à elite cega.
Como se temia, uma recidiva da crise mundial encontra Estados e bancos públicos exauridos, ainda não recuperados do esforço unilateral para mitigar os gargalos dos últimos anos.
É o caso do Brasil.
Em 2008 o país foi um dos que melhor respondeu à retração do crédito privado, estimulando o consumo e o investimento, com a expansão acelerada dos bancos estatais.
O crédito imobiliário crescia a 45% ao ano.
Além de expandir o volume, o sistema financeiro público passou a oferecer taxas de juros e spreads menores.
Enquanto o setor público avançou na oferta de liquidez, o setor privado recuou.
Hoje ainda os bancos públicos lideram a oferta de crédito (em mais de 50% até 2014), enquanto o BNDES – um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, maior que o Banco Mundial– mantém-se solitário na oferta de recursos indispensáveis aos grandes projetos de longa maturação.
A recidiva da crise, em meio à mais frágil convalescença de uma recessão capitalista desde 1929, pega esse aparato anticíclico duplamente vulnerável.
De um lado, pelo esgotamento da receita fiscal, precipitada por uma recessão ingenuamente oferecida pelo governo, em troca da indulgência do mercado –que nunca veio e nem virá.
O flanco mais deletério, porém, vem do cerco político demencial das milícias neoliberaloides, acantonadas na mídia e nas fileiras rentistas.
Ante a tempestade que se aproxima, requisitam todos os botes à salvação da riqueza financeira e à destruição do que denominam de ‘voluntarismo intervencionista’ .
‘Mais juros e mais recessão; à purga pelo mercado, –custe o que custar!’
A República do Paraná
O correlato político disso emergiu na República do Paraná.
Autonomeados senhores da vida e da morte da nação, procuradores ecoam hinos purificadores, ao pé da fogueira onde pretendem imolar os alicerces do petróleo brasileiro, da construção pesada, do presente e do futuro…
Cada elite tem o Rasputin que merece.
Essa é a borda do costão. Pedriscos escorregam sob os pés do país.
E os meninos do colunismo econômico dão duro para esgotar a capacidade de resistência do Estado , visualizando no despenhadeiro o ensejo de um repto demolidor.
A desforra do fracasso de 2002, 2005, 2006, 2010 e 2014 , quando tudo parecia apontar para o fim do ‘lulopopulismo’.
A correlação de forças desta vez tem tudo para esgarçar o fiapo de soberania diante do novo arranque da crise.
O PT é esse fiapo no Brasil.
‘Era’ — ouvimos diuturnamente das gargantas sôfregas à direita e das boas intenções trôpegas, à esquerda, nas vozes que acham indiferente um governo Dilma/Lula ou Aécio/FH; Cristina/ ‘La Cámpora’, ou Macri/fascistas.
A primeira atribui à heresia intervencionista a raiz da crise ‘endógena’ brasileira.
A segunda considera a denúncia do lulomercadismo –ou de Haddad, o barrabás do passe livre– a chave mestra para resolver pendências com o capitalismo global, que tem no Brasil a unha encravada mais incômoda da AL.
O que o banqueiro Luiz Carlos Trabuco veio dizer em linguagem mais ou menos explícita é que essa crosta ideológica –da qual é personagem— corre o risco de acuar a capacidade de reação do país, pondo a perder mais que o ‘lulopopulismo’.
Está em jogo a própria capacidade de o capitalismo brasileiro honrar a promessa de riqueza contida nas montanhas de ‘ativos’ financeiros em mãos do mercado nesse momento.
Esse é o ponto do desmonte em que nos encontramos.
O que se discute é se vamos para a terra arrasada, como pedem as narinas borboletantes do mercado-golpismo; ou se a nação resistirá ao botim em marcha, recusando-se a sacrificar o que se construiu nos últimos 12 anos, à revelia do mercado.
Inclua-se nessa transgressão:
– 60 milhões de novos consumidores,a cobrar cidadania plena;
– 20 milhões de novos empregados formais;
– um salário mínimo 70% maior em termos reais;
– um sistema de habitação popular ressuscitado;
– bancos públicos a se impor à banca privada;
– uma Petrobras e um BNDES fechando as lacunas da ausência de instrumentos estatais destruídos no ciclo tucano;
– políticas de conteúdo nacional a devolver um impulso industrializante ao desenvolvimento brasileiro;
É nessa hora que um pedaço da crítica progressista ao ciclo de governo do PT pode resvalar para a mesma avaliação conservadora do período.
O risco, repita-se, é subordinar a ação de governo a soluções de mercado para desequilíbrios macroeconômicos que só a luta política pode escrutinar.
De certa forma foi isso que Dilma tentou nos últimos 12 meses com as consequências devidamente estampadas em manchetes não propriamente indulgentes.
O mundo capitalista se contorce; um arrastão de energia devastadora afastou o mar da praia onde flutuava a embarcação do crescimento global.
O cenário internacional desandou para um novo tsunami.
A China resolveu cuidar da própria encruzilhada; a Europa que fingia respirar voltou ao balão de oxigênio; a deflação de ativos vai rebater na velocidade da retomada norte-americana.
Tudo a desaconselhar o arrocho pró-cíclico evocado pelos magos da peregrinação redentora às catacumbas e às bancarrotas.
Desde 2008 eles advertem: a resistência do Brasil à crise é um crime contra o mercado.
Nenhuma voz dentro ou fora de Brasília soube até agora salgar esse diagnóstico da crise ‘endógena’ com a salmoura pedagógica das evidências opostas.
É para isso que existe governo.
Para esclarecer a opinião pública quando o futuro da nação balança perigosamente no despenhadeiro das ameaças e das manipulações.
Não significa mistificar a cota doméstica de erros e responsabilidades.
Mas, sim, separa-la de interesses que não são os da nação.
Sim, escolhas estratégicas são mediadas pela correlação de forças.
Mas um pedaço importante da correlação de forças se define no diálogo com a sociedade.
Disputar as expectativas, em certos momentos, é tão decisivo quanto ajustar as linhas de passagem de um ciclo para outro.
Um governo que toma decisões ancorado em diálogo direto com suas bases, apoiado por elas, irradia uma capacidade de comando que desencoraja o assalto conservador.
Hugo Chávez? Não, Roosevelt, da ‘Conversa ao Pé da Lareira’, de 1933, o programa radiofônico com o qual o presidente venceu a Depressão de 29 disputando o imaginário social com o mercado e seus abutres.
Cada vez que falava à Nação, a voz de Roosevelt dizia coisas inteligíveis à angústia do pai de família que acordara empregado e fora dormir temendo ser demitido. Suas mensagens e políticas pavimentavam o futuro sem negligenciar a emergência. Traziam respostas para o presente.

O quadro hoje é outro, comparado à capacidade fiscal do Estado em 1929 ou 2008?
Sempre é outro.
De novo: é para isso que existe governo.
Se a história fosse estável e previsível, bastariam burocracias administrativas.
Há duas formas de descascar o abacaxi.
A escolha conservadora dispensa o penoso trabalho de coordenação defensiva da economia pelo Estado, ademais de elidir a intrincada mediação dos conflitos do desenvolvimento em um hiato de crescimento.
O que o jogral conservador reclama é um arrocho neoliberal com desmonte do que sobrou de ferramenta pública para o desenvolvimento –‘o entulho intervencionista que possibilitou Lula’.
Por isso o desmonte da Petrobras é um divisor de águas –econômico, político e simbólico.
Até quando o governo vai adiar a capitalização da empresa?
Será necessário oferecer-lhe o argumento do Proer – o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro, criado por FHC, em 1995, que custou ao país cerca de R$ 200 bi em dinheiro de hoje?
Salvar a banca era importante – fortalecer a Petrobrás não é? Por quê?

Não estamos falando apenas de um negócio de sucção de óleo a US$ 25/barril (ainda assim competitivo a um custo do pre-sal a 1/3 disso, desde que capitalizada a Petrobras).
Estamos falando justamente do oposto martelado pela fuzilaria conservadora nos dias que correm.
Qual seja, a natureza decisiva da presença do Estado na luta pelo desenvolvimento.
Transformar a história de sucesso da Petrobras em um desastre de proporções ferroviárias é um requisito para desautorizar essa evidência histórica que o pre-sal veio ratificar
Não por acaso, o martelete contra o ‘anacronismo intervencionista do PT’ interliga a ação dos procuradores de Moro à matilha dos coveiros da estatal.
Ao propiciar não apenas a autossuficiência, mas o potencial de um salto tecnológico, capaz de contribuir para o impulso industrializante de que carece o país, a Petrobrás reafirma a relevância insubstituível da presença estatal na ordenação do desenvolvimento econômico.
Há problemas?
Sim; a empresa arcou com sacrifícios equivalentes ao seu peso no país, vendendo combustível abaixo do custo de importação por quatro anos seguidos.
Ainda assim, até 2013 foi a petroleira que mais investiu no mundo: mais de US$ 40 bilhões/ano, o dobro da média mundial do setor.
E se tornou campeã mundial no decisivo quesito da prospecção de novas reservas. Com resultados que retrucam o jogral do ‘Brasil que não deu certo’.
O pré-sal já produz cerca de 1,1 milhão de barris de óleo equivalente por dia.
A equação posta pelo novo estirão da crise mundial não admite meio termo.
Capitalizar a Petrobras é dar um sinal de que a democracia brasileira não abdicou de reordenar seu desenvolvimento.
Não fazê-lo emitirá um bônus de reforço à prostração.
A mãe de todas as batalhas gira em torno dessa questão.
Há pouco tempo para escolhas.
Mas há muito a perder se elas não forem feitas em defesa do Brasil.
Por quem são os delatores da Lava-Jato?

A delação premiada do quase ex-senador do PT, Delcídio do Amaral, implica profundamente a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva, segundo vazamento (vazamento?) da Revista Isto É.
Os fatos são significativos e criam uma série de questionamentos:
- Os vazamentos de informações da Justiça Federal continuam altamente seletivos?
- A prisão é amarga e doída ao ponto de que os aprisionados delatem fatos específicos que possam ser de interesse da Justiça?
- Se existem interesses espúrios na manipulação dos depoimentos à Justiça, quem são os interessados?
- Continua a política rasteira do quanto pior melhor, já confessada inclusive por expoentes da Oposição, como o deputado Imbasshay?
- A Oposição no Brasil é a figura acabada do cachorro correndo atrás do fusca? Não sabe o que fazer quando o carro para?
- A Oposição e as tais forças ocultas, que derrubaram Getúlio Vargas, Jango Goulart, Jânio Quadros e frustraram a volta de JK, estão no momento cavando sob os próprios pés, jogando o País em confronto social de monta?
- Os porta-aviões e os navios-tanque já estão se aproximando da costa do Rio de Janeiro?
Arrependidos.

Por Luis Fernando Veríssimo
Não desespere. Se a humanidade lhe parece desprovida de caráter e autocrítica, movida pela ganância e a cupidez, odienta, suja, podre, nojenta e má, sem nada que a redima, confie em outra característica humana, que é o arrependimento. É preciso acreditar que, cedo ou tarde, as pessoas se arrependem do que eram ou fizeram e se retratam, e podemos voltar a confiar no ser humano.
Temos muitos exemplos disso à nossa volta. Sim, bem aqui, neste país que, a julgar pelo noticiário, chafurda num atoleiro moral sem precedentes. Na própria Operação Lava-Jato, que desnuda diariamente as mazelas brasileiras, temos tido casos de remorso que reacendem nossas esperanças. Grandes empresas, acusadas de comprar contratos e vantagens com propinas para políticos e partidos, arrependeram-se e pedem leniência para poderem, modestamente, continuar a trabalhar.
Em troca, prometem devolver o dinheiro desviado nos casos investigados – não, claro, o lucro produzido em muitos anos fazendo a mesma coisa sem chamar a atenção, o que já seria demais – e fazer penitência. Duas aves marias e três padres nossos e não se fala mais nisso. Que bonito.
Há outros exemplos edificantes. Um dos delatores da Operação Lava-Jato fez uma delação premiada, arrependeu-se dela e fez outra, desmentindo a primeira. A primeira não agradou aos investigadores, a segunda, sim. Porque, além de tudo, veio abençoada pela bela virtude do arrependimento. Que se saiba, o delator repetente continua delatando, em homenagem ao seu remorso exemplar.
Lula e o PT, segundo partido mais citado nas investigações sobre propinas (o primeiro é o PP, cujo envolvimento, estranhamente, não parece interessar muito aos investigadores e ao noticiário), têm dado mostras de arrependimento, ainda não explícito, mas bastante promissor. Talvez um remorso mais evidente pelos seus erros (cinzas sobre a cabeça etc.) ajude a salvar o PT.
E agora temos uma confissão de remorso surpreendente, partindo do PSDB, que, imaginava-se, não precisava fazer penitência porque nunca pecara. O deputado baiano Antônio Imbassahy, novo líder do partido, reconheceu que o PSDB optou por sabotar o ajuste fiscal e cometeu o que chamou de “outras extravagâncias” com a única intenção de atrapalhar o governo, mesmo prejudicando o país.
O Imbassahy não pede desculpa ao país, mas promete que a irresponsabilidade não se repetirá porque “não cabe à oposição fazer coisas malucas”. Ou seja, quando perdeu a eleição, o PSDB ficou maluco, mas já passou.
E o Imbassahy se arrependeu, gente. Há esperança.
O Globo abre o jogo: quer o desmonte da Petrobras
Chega um dia que tudo fica claro como cristal. O editorial de O Globo deste domingo expõe finalmente, de maneira transparente, a sua principal posição em relação à Petrobras, que desconfio, tem gerado a imensa crise política que sobreveio à reeleição de Dilma Rousseff: os interesses contrariados das poderosas 7 irmãs do petróleo. O Globo pede, sem meias palavras, que o patrimônio da Petrobras seja castrado e que as reservas do pré-sal sejam entregues para a iniciativa privada. Veja o editorial:
“Deve-se libertar a Petrobras do monopólio no pré-sal”
“O desmonte da Petrobras não é resultado apenas de um esquema amplo de assalto aos cofres da empresa, com a finalidade de perpetuar o projeto de poder lulopetista. O escândalo do petrolão — eleito há pouco na internet como o segundo maior caso de corrupção do mundo, numa enquete da Transparência Internacional, superado apenas pelo do ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich — foi uma da duas dinamites que implodiram a maior empresa brasileira.
A outra, o delirante projeto estatista de se usar o petróleo do pré-sal para reinstituir o monopólio da empresa na exploração desta área. Estabeleceu-se que a Petrobras seria operadora única no pré-sal e teria, também de forma compulsória, de controlar no mínimo 30% de cada consórcio que assinasse contratos de partilha com o Estado.
A ideia, inspirada de maneira visível no programa de substituição de importações do governo Geisel, na ditadura, era usar o enorme poder de compra da Petrobras para estimular a ampliação de estaleiros (para a montagem de navios e plataformas) e a instalação de uma indústria de componentes usados nas atividades petrolíferas. Tudo protegido da competição externa por uma política de “reserva de mercado”, como naqueles tempos. Agora, sob o lulopetismo, também não deu certo.
A descoberta do escândalo, pela Operação Lava-Jato, apanhou a estatal já bastante endividada — hoje, é a maior dívida empresarial do mundo, cerca de meio trilhão de reais. O petróleo começou a cair de preço e, com isso, desabou uma tempestade perfeita sobre a empresa.
A Petrobras precisa diminuir de tamanho — pela venda de ativos, como tenta fazer, para acumular caixa —, mas tem também de se libertar das obrigações de empresa monopolista no pré-sal, as quais ela não tem sequer condições financeiras de arcar. Mas o PT é contra.
O senador José Serra (PSDB-SP) tem um projeto com este objetivo no Congresso. Na ida da presidente Dilma à Casa, na abertura do ano legislativo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), discursou em defesa da tal “agenda Brasil”, de que consta este projeto.
A imperiosidade do fim desse monopólio anacrônico é de uma lógica solar. A Petrobras não tem caixa para bancar os investimentos, nem tampouco cadastro bancário para se endividar. Como também não faz sentido, em qualquer circunstância, a empresa ser obrigada, em nome de pura ideologia, a explorar áreas no pré-sal que seu corpo técnico não considere atraentes. Este projeto gastou tanto tempo para ser desenhado que o preço do petróleo caiu, e passou a haver suspeitas sobre a viabilidade de segmentos do pré-sal.
Sanear a Petrobras e desobrigá-la de estar à frente da exploração do pré-sal são movimentos evidentes para fazer a estatal sair da catalepsia empresarial. Outro passo é não forçá-la a arcar com o custo elevado de equipamentos protegidos por políticas de reserva de mercado, rota certeira para a ineficiência. O Congresso precisa agir.”

O resumo da ópera de toda a bagaceira.
O artigo completo de Fernando Limongi, professor titular de ciência política na Universidade de São Paulo e pesquisador do Cebrap, pode ser lido no Valor Econômico, sob o título “O método Eduardo Cunha”, na edição impressa para assinantes.
A oposição não vai sossegar enquanto não tirar o PT do poder. Se não for pelas “pedaladas”, será pela via das contas de campanha. Não importam o método e as razões. O fim justifica a caça aos meios. A oposição optou pela radicalização. É uma decisão estratégica, política e que tem consequências. O PSDB hesitou em subir no barco. Aderiu, ciente de que entrava em uma aventura, pois o impeachment só sai forçando a barra. Vale a pena? Quem ganha com o impeachment?
Uma coisa é certa: perdem os democratas. Perde a democracia brasileira. A estratégia põe em risco os muitos avanços feitos ao longo dos últimos anos. É uma reversão, uma volta ao passado. Parece que estamos de novo nos anos 1960.
De onde vem essa radicalização? Por que se livrar do PT se tornou um imperativo? O PT é assim tão terrível, tão perigoso? O que está em jogo? Valores? Não há dúvida de que o PT financiou suas atividades recorrendo a meios ilícitos. A corrupção na Petrobras é indefensável e injustificável. Por ter feito o que fez, o partido já está pagando, e a fatura continua aberta. A conta vai crescer. A Justiça e o eleitorado estão tratando disso.
Quem ganha com o impeachment? Uma coisa é certa: perdem os democratas. Perde a democracia brasileira. Dizer que o PT fez da corrupção uma política de Estado, que a elevou a um novo patamar, que a tornou sistêmica, parte de um “projeto de poder”, é um exagero. Vale no plano retórico. Mas não se sustenta em fatos. O PT não inventou esse esquema, como não havia inventado o modelo do mensalão, criado pelo PSDB mineiro.
Basta ler o recente voto do ministro Gilmar Mendes para obter a comprovação de que o petrolão não foi criação do PT. Como demonstra o ministro, o mesmo esquema financiou a eleição de Collor. São as mesmíssimas empreiteiras e o mesmo “modus operandi”. O ministro não se lembrou, ou deixou escapar, que, no início dos anos 1990, o esquema passou a operar sob a batuta de João Alves e os chamados “anões do orçamento”.
O esquema se mantém, muda a gerência. O PT se tornou o acionista majoritário da firma. Um empreendimento do qual o PSDB também se beneficia. A despeito dos esforços feitos para obscurecer os dados, o ministro Gilmar Mendes mostra que as doações de pessoas jurídicas foram centrais, tanto para a campanha de Dilma quanto para a de Aécio. Se abrisse os dados, veria que as duas campanhas foram irrigadas com recursos vindos das mesmas empresas, as mesmíssimas empreiteiras que controlam as obras do Estado brasileiro pelo menos desde o regime militar.
Corruptores são “democráticos”. É assim ao redor do mudo. Quem ganha acesso aos cofres públicos quer manter seu privilégio. Alia-se a todo e qualquer candidato que tiver chances de vencer. Apressam-se em se tornar amigos íntimos dos poderosos e dos que podem vir a sê-lo.
Não querem perder a boquinha. Financiaram Dilma e Aécio. Isso não exime o PT de ter culpa no cartório. O partido deve pagar pelos desvios que cometeu. Já pagou pelo mensalão, mas o PSDB mineiro ainda não. Paulo Maluf, é bom lembrar, ainda tem mandato e está solto. José Dirceu foi cassado e já foi parar na cadeia duas vezes.
A revolta moral contra a corrupção tem se mostrado altamente seletiva. O PT é alvo preferencial. Os resultados da LavaJato mostram que o PT não agia sozinho. PP e PMDB também obtiveram vantagens.
Rico tem medo da CPMF pelo imposto proporcional e pela sonegação
A equipe econômica do governo federal anunciou nesta segunda-feira (14) que vai propor o retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) com alíquota de 0,2%. A contribuição foi extinta em 2007, pelo Senado Federal, após vigorar por mais de uma década. Para que volte a valer, a proposta de retorno do imposto precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.
Segundo os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, o imposto servirá como alternativa para cobrir o déficit previsto da previdência. “A CPMF irá integralmente para o pagamento de aposentadorias e será destinada para a Previdência Social”, garantiu Levy.
O conjunto de medidas fiscais anunciadas pelo Executivo pode trazer para os cofres públicos R$ 64,9 bilhões. A volta da CPMF, segundo os cálculos divulgados pelo governo, vai ser responsável por metade desse valor, com arrecadação prevista em R$ 32 bilhões.
Segundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o objetivo é que a CPMF seja provisória e não dure mais do que quatro anos. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, declarou ser “muito pouco provável” a aprovação, no Congresso, do retorno da taxa.
Parece claro que o povo não aceita mais impostos. Mas o que deixa a classe dominante mais refratária ao imposto sobre movimentação financeira é que todos pagam, na proporção do volume de dinheiro movimentado, a mesma alíquota, com o valor absoluto proporcional. Além disso, no cruzamento da malha fina da Receita Federal, quem ganha muito e sonega Imposto de Renda vai sempre se dar mal.
Imposto no Brasil é pago por pobres, na boca do caixa de supermercados, postos de gasolina, farmácias e lojas de eletrodomésticos.
Rico só paga quando lhe dá na telha ou quando tem temor de cair na malha fina. Está aí a Operação Zelotes para provar.
Sem ódio, por favor!
A revolução CarnaCoxinha pediu a volta de Sarney, da Ditadura e da Monarquia. Só não foi mais além, pedindo a volta dos índios e dos dinossauros, porque não ia lucrar com isso. Até porque o pau-brasil está praticamente extinto no País.
Os comentários agressivos à cobertura de hoje demonstram que os coxinhas não são fáceis. Querem a extinção da democracia. A quem pode servir um regime autoritário? A um pequeno grupo de privilegiados?
Todos querem a extinção da corrupção. Seja no Governo (ninguém é contra a República de Curitiba quando ela se mantém dentro da legalidade), nos governos anteriores (escândalo do trensalão, helicoca, privataria) e na empresa privada (Operação Zelotes).
Precisamos corrigir distorções, ainda, no BNDES e nos fundos privados de pensão. Se a Operação Zelotes indicou R$500 milhões de sonegação, precisamos processar e julgar os empresários que sonegaram e das pessoas que ganharam propinas no CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, da Receita Federal.
Precisamos conduzir à prisão todos, expor ao sol os esqueletos do Brasil. No entanto isso deve ser feito dentro da legalidade e dos princípios democráticos.
Sem ódio e, principalmente, com base na lei e na ordem constitucional.
Deu nas mídias sociais: o dia de hoje no futuro
“Até parece! Será o dia nacional dos incautos leitores da Veja, da geração que conhece de política pelo Facebook, dos que acreditam que os partidos de oposição são de homens honrados! Dos que não conhecem a separação legal dos poderes e a responsabilidade dos níveis do poder executivo! Eu sei de que lado estarei quando contar isso aos meus netos.
Estarei do lado que mudou a vida de milhões de brasileiros pobres. Estarei do lado que deu condições de investigação para a polícia federal trabalhar mesmo que rasgue sua própria carne. Estarei do lado que pegou o país quebrado, somente com a política econômica estável, e soube usá-la corretamente em prol do seu povo, tanto empresários quanto cidadãos da zona rural.
Estarei do lado que utilizou os impostos para dar mais educação ao povo humilde, aumentou o número de universidades e também em mais de 250% os beneficiados por financiamentos estudantil. Estarei do lado que deu mais chances de mudança de classe social ao povo, tanto facilitando a abertura de novas empresas e dando mais crédito e facilidades à essas como criando novos postos de trabalho, fiscalização e punição às empresas que não respeitavam a CLT.
Estou do lado que mudou a vida do povo pobre, não do lado que reduziu a força do povo rico ou de classe média. Além disso, sou do lado que criou mais segurança jurídica ao país, mais infraestrutura, mais oportunidades, mais credibilidade. Estamos em um país bom de se viver? Não.
O País tem muitos problemas e estes devem ser resolvidos com empenho, mas sei diferenciar o que pode ser do que deve ser por conta de muitas variáveis. Muitos não conseguem administrar sua família, até mesmo um condomínio, cometem corrupções diárias, mas estes sempre são os arautos da justiça e honradez. Sem mais, sei de que lado vou ficar pois conheço a história e ando nesse país todo, e vejo a diferença do que é para o que já foi, e sei o que eu quero que seja. Abraços meu caro!”
“Não quero crer”
Por Fernando Machado, do ZDA
A oposição na Assembleia Legislativa acreditam ter encontrado o pote de ouro no arco- iris das querelas políticas no combate ao governo estadual. Líderes do DEM, antigo PFL, acusam o governador Rui Costa de gastar excessivamente com publicidade.
Esquecem os democratas que o patrimônio de Antonio Carlos Magalhães, chefe político do PFL, cresceu consideravelmente a partir do governo do presidente José Sarney (1985 a 1990). ACM foi ministro das Comunicações de Sarney e, durante o período, edificou um império midiático na Bahia.
Acusado de ter favorecido Roberto Marinho no episódio “Caso Nec”, Antonio Carlos recebeu, como retribuição, a concessão regional da TV Globo. Na época, Marinho encerrou o contrato de 18 anos com a TV Aratu, que era a repetidora da emissora no Estado.
Em 1991, ACM assume pela terceira vez o governo da Bahia, e com os recursos do Estado azeita economicamente suas 11 empresas de comunicação. Por 15 anos ininterruptos o conglomerado recebeu cerca de 90% dos recursos de publicidade do governo baiano.
Com a vitória de Jaques Wagner, em 2007, a política de investimento em comunicação social por parte de secretarias e empresas públicas da Bahia é invertida. Veículos da capital e do interior do Estado passam a receber cotas publicitárias mensalmente. Até portais na internet – então marginalizados – são reconhecidos e valorizados.
Atualmente cerca de 20 empresas de comunicação no Oeste da Bahia, entre jornais impressos, portais de notícias e blogs, sobrevivem, em parte, com os recursos das cotas de publicidade do governo estadual. O investimento, aproximadamente R$ 30 mil por mês, garante o emprego direto e indireto de pelo menos 40 profissionais.
Não quero crer, portanto, que a lenga-lenga oposicionista seja por conta do fortalecimento das mídias independentes através da socialização do dinheiro público com publicidade. Vale registrar ainda que aproximadamente 65% do que é gasto com propaganda passa pelas contas das emissoras de TV e rádio, inclusive as do falecido governador Antonio Carlos Magalhães.
2014: o ano que não acaba, tanto na Casa Grande, como na Senzala
Uma linha sutil, que une o Presídio da Papuda, localizado em um lindo vale no Planalto Central do Brasil, e o foro da Justiça Federal, na fria e culta Curitiba, nos dá plena certeza de que o ano de 2014 irá se adentrar por 2015, numa intromissão histórica e cronológica traduzida na expressão “o ano que não acabou”, como aquele longínquo 1968.
Os articulados movimentos de Situação e de Oposição no País em 2014 ainda tremulam entre aqueles que não querem perder o poder e os seus antagonistas, que desejam, restabelecer o poder que perderam em 2002. Doze anos fora do poder parece insuportável para os autênticos do PMDB, que fundaram o PSDB e dominam o Estado de São Paulo, por décadas.
Dominam 40% do PIB, dos eleitores, dos recursos públicos, mas querem, ora essa, 100%!
Nesta próxima segunda-feira, quando o País emerge das festas de final de ano, sentir-se-á, no cheiro das ruas, nas manchetes da imprensa, nas afirmações dos políticos, que tudo continua igual como dantes, uma luta surda e raivosa pelo poder, enquanto o povo, mais de 200 milhões de brasileiros, alheio a tudo, continua vilipendiado, usurpado, explorado e manietado pela ignorância posta e imposta por gerações de poderosos.
Na Casa Grande não se comemora o final do ano, apesar do espumante, dos fogos, dos iates, das mulheres cheirosas e da ostentação.
Na Senzala, entre goles de parati, o povo, alegre por sobreviver, mas amargo com as dificuldades que enfrenta, apenas quer que o ano acabe, para tentar alcançar um horizonte ainda invisível em que sejam destruídos os pelourinhos e se pratique uma diáfana democracia nesta invejável terra de Nosso Senhor Jesus Cristo, Oxalá, Jeová e Alá.
Bandeiras tarifárias: ataque ao bolso do consumidor
Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco
Mesmo com um sofrível serviço elétrico prestado aos consumidores brasileiros, segundo indicadores de desempenho da própria Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as companhias distribuidoras seguem recebendo as benesses de um capitalismo sem risco.
Nos últimos anos as empresas dependeram de repasses do Tesouro Nacional e de aumentos tarifários bem acima dos índices inflacionários, o que lhes garantiu lucros líquidos e dividendos excepcionais aos seus acionistas, quando comparados com a realidade do país. Tudo para garantir o malfadado equilíbrio econômico-financeiro das empresas – como rezam os “contratos de privatização”. Em nome deste artifício contratual, as empresas têm garantido até a possibilidade de reajustes tarifários extraordinários. E é exatamente isso, segundo a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE), que será solicitado a ANEEL pelas empresas no início de 2015, justificado pela “conjuntura do setor elétrico”.
O que se verifica na pratica é que, mesmo com a qualidade dos serviços prestados se deteriorando, os reajustes nas tarifas aumentam seus valores abusivos, beneficiando empresas ineficientes que deveriam ser cobradas e punidas, e não premiadas.
Mas a tragédia que se abate sobre o consumidor de energia elétrica não acaba ai. A partir de janeiro, haverá uma cobrança adicional nas tarifas, com a implantação das bandeiras tarifárias. Então, além dos reajustes tarifários anuais ordinários (na data da privatização das empresas), cujas estimativas para 2015 apontam percentuais que podem chegar a ser de 3 a 5 vezes superiores à inflação, e da possibilidade de um reajuste extraordinário, se somarão os acréscimos das bandeiras tarifárias.
Este mecanismo indicará como está a situação do parque gerador de energia elétrica do País, utilizando as cores verde, amarela e vermelha. A bandeira verde indicará condições favoráveis de geração, e a tarifa não sofrerá nenhum acréscimo. A bandeira amarela indicará que as condições de geração são menos favoráveis, e a tarifa sofrerá acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. A bandeira vermelha indicará as condições mais custosas de geração (uso das usinas térmicas), e a tarifa sofrerá acréscimo de R$ 3,00 para cada 100 kWh consumidos. A ANEEL divulgará mês a mês as bandeiras que estarão em vigor em cada um dos subsistemas que compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo médio brasileiro é de 163 kWh/ residência, e a tarifa média para o consumidor residencial é de R$ 400,00/ MWh. Assim, uma conta de R$ 65,20 na bandeira verde subiria para R$ 67,65, ao passar para a bandeira amarela; e para R$ 70,09, no caso da bandeira vermelha. Nestes cálculos não estão sendo levados em conta os encargos e impostos incidentes na tarifa elétrica. Continue Lendo “Bandeiras tarifárias: ataque ao bolso do consumidor”
Complexo de Suape: 36 anos de uma triste história
Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco
A ideia de construir um porto que impulsionasse o crescimento econômico de Pernambuco já tem mais de cinqüenta anos. Foi durante a década de 1960, durante o governo de Nilo Coelho (1967-1971), que se iniciaram as primeiras sondagens para a viabilização desse projeto.
No governo de Eraldo Gueiros, em 1974, foi lançada a Pedra Fundamental do Porto de Suape. No entanto, apenas em 1978, já durante o governo de Moura Cavalcanti (1975-1979), através da Lei no 7.763/78, foi criada a empresa Suape Complexo Industrial e Portuário (CIPS), para administrar o distrito industrial, o desenvolvimento das obras e a implantação e exploração das atividades portuárias. Portanto, em novembro de 2014, o CIPS completou 36 anos de uma triste história.
Não houve nenhuma comemoração ou lembrança específica desta data por parte do governo do Estado, cuja empresa pública de economia mista gerencia o Complexo de Suape, exceto por um informe publicitário ufanista em um dos jornais pernambucanos, enaltecendo as realizações e fazendo autoelogios, destacando os aspectos econômicos e o numero e diversidade de empresas que se agregaram à sua área industrial-portuária.
Com certeza este não é momento de se festejar. Por uma única razão, o empreendimento que foi mostrado como redentor da economia pernambucana, “a joia da coroa”, também chamado de “Eldorado”, está hoje presente nas páginas policiais da mídia nacional, pela corrupção comprovada na construção da Refinaria do Nordeste (RNEST), e pelos desdobramentos dos conflitos sociais e trabalhistas gerados com a desmobilização de mais de 40.000 trabalhadores, entre 2014 e 2016.
Para a implantação das empresas no Complexo houve a expulsão de comunidades inteiras de moradores que residiam naquele local há décadas, sem que uma alternativa adequada de moradia lhes fosse oferecida. Houve também uma devastação ambiental nunca vista no Estado em tão pouco tempo. Para as pessoas diretamente atingidas, invés do progresso tão propalado pela propaganda oficial, a empresa Suape só tem deixado ônus.
Não é de hoje as críticas a este modelo concentrador e predador de desenvolvimento, encampadas pelo Fórum Suape Espaço Socioambiental (www.forumsuape.ning.com) e pelas organizações e pessoas físicas que o compõem. Suape foi, desde o seu início, objeto de polêmicas delimitadoras de fronteiras políticas. Como exemplo, em abril de 1975, economistas, sociólogos, ecologistas, historiadores e geógrafos publicaram um manifesto contra o projeto do Porto de Suape, chamado pela imprensa como o “Manifesto dos Cientistas”, idealizado pelo economista-ecólogo Clovis Cavalcanti, também primeiro signatário do referido manifesto. Cabe destacar o caráter revolucionário e atual do manifesto, que tinha o objetivo de denunciar os impactos sociais e ambientais do empreendimento.
Expansão sem planejamento, crescimento econômico baseado em um “modelo predador”, não inclusivo, com devastação ambiental, com indústrias sujas, continua sendo a marca do complexo de Suape. A atração por indústrias altamente agressoras ao meio ambiente, aliado a perdas e injustiças cometidas (prejuízos, danos físicos e morais, expulsões, expropriações, privações, desgraças, destruições de vidas e de bens), muitas delas permanentes e irreversíveis, enseja uma ampla discussão sobre que tipo de desenvolvimento que queremos.
Afinal, por mais que a propaganda oficial tente esconder, nos 13.500 ha de área circunscrita do Complexo de Suape habitavam mais de 15.000 famílias nativas, que foram tratadas como “invasoras”, sendo a maioria expulsa com truculência dos seus lares, dos sítios onde viviam muito antes das indústrias chegarem por aquelas bandas.
Direitos foram negados. Promessas não foram cumpridas. Indenizações (quando pagas) foram desprezíveis diante da impressionante valorização das terras (atualmente, em média, um ha vale em torno de um milhão de reais).
Mas não foram atingidas somente as populações nativas (pescadores, agricultores familiares, trabalhadores). Os moradores das cidades do entorno do Complexo sofrem as conseqüências decorrentes da falta de planejamento daquele empreendimento. Problemas com transporte, saúde, aumento da violência e do uso das drogas, gravidez precoce de meninas e adolescentes, carência de saneamento e moradia são algumas das mazelas com as quais convivem os habitantes desses municípios. Enquanto isso, as prometidas melhorias das condições de vida ainda estão no campo das promessas, conforme atestam os indicadores locais de desenvolvimento humano. O crescimento dos indicadores econômicos ocorreu, mas foi insuficiente, e não se refletiu em desenvolvimento sustentável da região.
Já passou do tempo de utilizar a estratégia de somente contar vantagens sobre este empreendimento, e impedir a discussão crítica do modelo adotado, impondo esse modelo, pela força, como opção única.
É inadmissível fechar os olhos para a grande devastação ambiental causada com a derrubada de florestas, o soterramento de manguezais – necessários para manter a vida de muitas espécies – e a poluição de rios e riachos, que permitiam a manutenção do modo de vida de populações inteiras. Além dos trágicos e graves problemas sociais induzidos por uma estratégia que deve ser revista – faz tempo!
Todos soltos, todos soltos, até hoje
Artigo de Élio Gaspari, na Folha de São Paulo, em 19 de outubro
Nos debates medíocres da TV Bandeirantes e do SBT, em que Dilma Rousseff parecia disputar a Presidência com Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves parecia lutar por um novo mandato em Minas Gerais, houve um momento estimulante. Foram as saraivadas de cinco “todos soltos” desferida pela doutora.
Discutia-se a corrupção do aparelho petista e ela arrolou cinco escândalos tucanos: “Caso Sivam”, “Pasta Rosa”, “Compra de votos para a reeleição de FHC”, “Mensalão tucano mineiro” e “Compra de trens em São Paulo”. A cada um, ela perguntava onde estavam os responsáveis e respondia: “Todos soltos”. Faltou dizer: todos soltos, até hoje.
Não foi Dilma quem botou a bancada da Papuda na cadeia, foi a Justiça. Lula e o comissariado petista deram toda a solidariedade possível aos companheiros, inclusive aos que se declararam “presos políticos”. Aécio também nada tem a ver com o fato de os tucanos dos cinco escândalos estarem soltos. Eles receberam essa graça porque o Ministério Público e o Judiciário não conseguiram colocar-lhes as algemas. O tucanato deu-lhes graus variáveis de solidariedade e silêncio.
Pela linha de argumentação dos dois candidatos, é falta de educação falar dos males petistas para Dilma ou dos tucanos para Aécio. Triste conclusão: quando mencionam casos específicos, os dois têm razão. A boa notícia é que ambos prometem mudar essa escrita.
A doutora Dilma listou os cinco escândalos tucanos, todos do século passado, impunes até hoje. Vale relembrá-los.
CASO SIVAM
Em 1993 (governo Itamar Franco), escolheu-se a empresa americana Raytheon para montar um sistema de vigilância no espaço aéreo da Amazônia. Coisa de US$ 1,7 bilhão, sem concorrência. Dois anos depois (governo FHC), o “New York Times” publicou que, segundo os serviços de informações americanos, rolaram propinas no negócio. Diretores da Thomson, que perdera a disputa, diziam que a gorjeta ficara em US$ 30 milhões. Tudo poderia ser briga de concorrentes, até que um tucano grampeou um assessor de FHC e flagrou-o dizendo que o projeto precisava de uma “prensa” para andar. Relatando uma conversa com um senador, afirmou que ele sabia “quem levou dinheiro, quanto levou”.
O tucano grampeado voou para a Embaixada do Brasil no México, o grampeador migrou para o governo de São Paulo e o ministro da Aeronáutica perdeu o cargo. Só. FHC classificou o noticiário sobre o assunto como “espalhafatoso”.
PASTA ROSA
Em agosto de 1995, FHC fechou o banco Econômico. Estava quebrado e pertencia a Ângelo Calmon de Sá, um príncipe da banca e ex-ministro da Indústria e Comércio. Numa salinha do gabinete do doutor, a equipe do Banco Central que assumiu o Econômico encontrou quatro pastas, uma da quais era rosa. Nelas estava a documentação do ervanário que a banca aspergira nas eleições de 1986, 1990 e 1994. Tudo direitinho: 59 nomes de deputados, 15 de senadores e 10 de governadores, com notas fiscais, cópias de cheques e quantias. Serviço de banqueiro meticuloso. Havia um ranking com as cotações dos beneficiados e alguns ganharam breves verbetes. No caso de um deputado, registravam 43 transações, 12 com cheques.
Nos três pleitos, esse pedaço da banca deve ter queimado mais de US$ 10 milhões. A papelada tornara-se uma batata quente nas mãos da cúpula do Banco Central. De novo, foi usada numa briga de tucanos e deu-se um vazamento seletivo. Quando se percebeu que o conjunto da obra escapara ao controle, o assunto começou a ser esquecido. FHC informou que os responsáveis pela exposição pagariam na forma da lei: “Se for cargo de confiança, perdeu o cargo na hora; se for cargo administrativo, será punido administrativamente”. Para felicidade da banca, deu em nada.
COMPRA DE VOTOS PARA A REELEIÇÃO DE FHC
Em maio de 1997, os deputados Ronivon Santiago e João Maia revelaram que cada um deles recebera R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional que criou o instituto da reeleição dos presidentes e governadores. Ronivon e Maia elegiam-se pelo Acre e pertenciam ao PFL, hoje DEM. Foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Ronivon voltou à Câmara em 2002. De onde vinha o dinheiro, até hoje não se sabe.
MENSALÃO TUCANO MINEIRO
Em 1998, Eduardo Azeredo perdeu para o ex-presidente Itamar Franco a disputa em que tentava se reeleger governador de Minas Gerais. Quatro anos depois, elegeu-se senador e tornou-se presidente do PSDB. Em 2005, quando já estourara o caso do mensalão petista, o nome de Azeredo caiu na roda das mágicas de Marcos Valério. Quatro anos antes de operar para o comissariado, ele dava contratos firmados com o governo de Azeredo como garantia para empréstimos junto ao banco Rural (o mesmo que seria usado pelos comissários.) O dinheiro ia para candidatos da coligação de Azeredo. O PSDB blindou o senador, abraçou a tese do “caixa dois” e manteve-o na presidência do partido durante três meses.
Quando perdeu a solidariedade de FHC, Azeredo disse que, durante a disputa de 1998, ele “teve comitês bancados pela minha campanha”. Em fevereiro passado, o Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia do procurador-geral contra Azeredo e ele renunciou ao mandato de deputado federal (sempre pelo PSDB). Com isso, conseguiu que o processo recomeçasse na primeira instância, em Minas Gerais. Está lá.
COMPRA DE TRENS EM SP
Assim como o caso Sivam, o fio da meada da corrupção para a venda de equipamentos ao governo paulista foi puxado no exterior. O “Wall Street Journal” noticiou em 2008 que a empresa Alstom, francesa, molhara mãos de brasileiros em contratos fechados entre 1995 e 2003. Coisa de US$ 32 milhões, para começar. O Judiciário suíço investigava a Alstom e tinha listas com nomes e endereços de pessoas beneficiadas. Um diretor da filial brasileira foi preso e solto. Outro, na Suíça, também foi preso e colaborou com as autoridades.
Um aspecto interessante desse caso está no fato de que a investigação corria na Suíça, mas andava devagar em São Paulo. Outras maracutaias, envolvendo hierarcas da Indonésia e de Zâmbia, resultaram em punições. Há um ano a empresa alemã Siemens, que participava de consórcios com a Alstom, começou a colaborar com as autoridades brasileiras e expôs o cartel de fornecedores que azeitava contratos com propinas que chegavam a 8,5%.
Em 2008, surgiu o nome de Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo entre 1995 e 2001, nomeado ministro do Tribunal de Contas do Estado. Em março passado, os suíços bloquearam uma conta do doutor num banco local, com saldo de US$ 1,1 milhão. Ele nega ser o dono da arca, pela qual passaram US$ 2,7 milhões. (Marinho tem uma ilha em Paraty.) O Ministério Público de São Paulo já denunciou 30 pessoas e 12 empresas. Como diz a doutora, “todos soltos”.







Enquanto Luís Eduardo Magalhães se prepara para comemorar seu 16º aniversário, o jogo político entre pré-candidatos e partidos está bonito de se ver. Como na escola criada pela “Laranja Mecânica”, a seleção holandesa de 1974, nenhum dos líderes políticos joga em funções definidas. Quem está na Situação hoje, amanhã pode estar na Oposição ou na terceira via. E vice-versa. A certeza é que entre mortos e feridos salvar-se-ão poucos.
A Rede Globo de Televisão está batendo forte, em todos os jornais, em liberdade de imprensa e de expressão. Existe uma ameaça forte no ar de ocupação das emissoras da Rede durante a cobertura das manifestações de amanhã.
