100 anos de guerras e ódio. E você tem coragem de colocar a bandeira da França no Face?

Durante a primeira guerra mundial acontecia simultaneamente uma rebelião de independência que foi decisiva aos povos árabes contra o domínio turco na região. Consta em alguns relatos, que as tribos árabes, teriam sido assistidas por ingleses e franceses interessados na região. A história continua no pós Segunda Guerra, quando os ingleses resolveram “organizar” o Oriente Médio e colocaram no mesmo território, no que hoje é o Iraque, hititas, curdos, sunitas, xiitas e árabes de outras origens. No mesmo período, através do então representante brasileiro na ONU, reconheceram o Estado de Israel em território palestino. A guerra de judeus contra árabes começa em 1948.

Nas guerras que se sucederam, contra Egito e Líbano, os norte-americanos armaram fortemente o Estado de Israel.Em 1956, acontece a Guerra de Suez, quando Israel, com apoio de França e Inglaterra, declarou guerra ao Egito. A Russia ajuda o Egito.

Em 67 acontece a Guerra dos Seis Dias, Israel contra Egito, Jordânia e Síria, apoiados por Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão. Israel destrói a Força Aérea Egípcia no Sinai.

Em 1973, a Guerra do Yom Kippur também conhecida como Guerra Árabe-Israelense de 1973,  entre uma coalizão de estados árabes liderados por Egito e Síria contra Israel. O episódio começou com um ataque inesperado do Egito e Síria.

De 1979 a 1989 os russos invadem o Afeganistão e são combatidos por guerrilheiros mujahidins. . A maioria das facções de insurgentes da vertente sunita recebia apoio militar, na forma de armas e dinheiro, de nações vizinhas como o Paquistão, Arábia Saudita e a China, contudo o mais crucial suporte logístico veio de nações ocidentais como os Estados Unidos, o Reino Unido e outros. Os grupos xiitas receberam suporte de países como a República Islâmica do Irã.

No bojo da Guerra Fria, Russos e mujadins, apoiados pelos Estados Unidos se enfrentam no Afeganistão
No bojo da Guerra Fria, Russos e mujadins, apoiados pelos Estados Unidos se enfrentam no Afeganistão

Em 1980 inicia a guerra Irã-Iraque. Os Estados Unidos e a Rússia armam os iraquianos até os dentes. Até o Brasil vendeu aviões Tucano T-27 aos iraquianos, com os quais jogaram gás mostarda sobre curdos simpatizantes ao Irã.

Guerra do Golfo (2 de agosto de 1990 a 28 de fevereiro de 1991) foi um conflito militar travado entre o Iraque e forças da Coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos e patrocinada pela Nações Unidas. Durante sete meses, uma formidável força de meios humanos e uma imensa quantidade dos mais modernos equipamentos militares, foi formada e acumulada na zona do Golfo Pérsico, desencadeado de seguida uma campanha relâmpago que esmagou a oposição e consumou a libertação do território kuwaitiano com extrema e surpreendente facilidade.

Aviões norte-americanos, na Arábia Saudita, durante a Operação Tempestade do Deserto. Milhares de iraquianos pereceram.
Aviões norte-americanos, na Arábia Saudita, durante a Operação Tempestade do Deserto. Milhares de iraquianos pereceram.

Invasão do Iraque em 2003, que começou a 19 de março de 2003 e terminou em 1 de maio do mesmo ano, foi a primeira etapa do que se tornaria um longo conflito, a Guerra do Iraque. Os americanos receberam apoio militar do Reino Unido, da Austrália e da Polônia. O objetivo era derrubar o regime de Saddam Hussein.

O conflito na Síria

A República Árabe Síria enfrenta, desde março de 2011, uma guerra civil que já deixou pelo menos 130 mil mortos, destruiu a infraestrutura do país e gerou uma crise humanitária regional. Quase três anos depois, as partes envolvidas e a comunidade internacional tentam fazer estabelecer em conjunto os termos para paz.

Crianças mortas na Síria: quem são os terroristas?
Crianças mortas na Síria: quem são os terroristas?

Mais de 2 milhões deixaram o país em busca de refúgio em nações vizinhas, aumentando as tensões entre os países vizinhos. Outros 4,25 milhões de sírios tiveram que se deslocar dentro do país devido aos combates.

Exército Islâmico

Em 29 de agosto de 2014, o grupo terrorista sunita Estado Islâmico, conhecido também pela sigla EI, anunciou que seu líder, Abu A-Bagdhadi, havia se autoproclamado califa da região situada ao noroeste do Iraque e em parte da região central da Síria.

França, Estados Unidos, Rússia e outros países bombardeiam dia e noite vilas e bases do Exército Islâmico.

Então o caro leitor deve concordar: o ódio está sendo semeado há mais de 100 anos no Oriente Médio e nada surpreende as ações terroristas em Paris. Os ataques terroristas vão continuar, de forma intermitente e determinada, em todo o Ocidente. Não importa se são vítimas inocentes. O importante é destilar o ódio acumulado em mais de 100 anos. Talvez esse vórtice de violência tenha começado mesmo na idade média, quando aconteceram as cruzadas dos cristãos e os árabes ocuparam por mais de 400 anos a península Ibérica.

Não lamente quando um avião russo se desintegra no ar, no Sinai. Não coloque bandeirinhas no Face, nem diga bobagens do tipo “Je Suis Hedbo” ou “Je Suis Paris”. Deixe de ser coquete, estude a história e depois faça seu julgamento sobre os terroristas muçulmanos e os terroristas ocidentais da Europa e da América do Norte. Trata-se apenas de uma guerra secular, onde os únicos vencedores são os fabricantes de armas e os consumidores do maldito petróleo.